CAPÍTULO LXXXVI

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QUINTA-FEIRA, 15:46

EVA P.O.V

Bloqueio o celular e o jogo no sofá, me levantando e andando de um lado pro outro. O Chris não foi pro colégio hoje, porque foi a penúltima audiência do processo. Na próxima segunda-feira ele terá a resposta se ganhou ou não o caso, e eu não poderia estar mais nervosa.

O mesmo me mandou mensagem agora há pouco falando que acabou de sair do tribunal e está a caminho da minha casa, deve chegar em mais ou menos uns dez minutos.

Espero ansiosa no meu sofá e finalmente ouço a campainha tocar, correndo até a porta e a abrindo.

- E então?! - pergunto, esperançosa - Como foi?!

Chris não tem uma cara muito boa. Ele apenas olha pro chão e balança a cabeça negativamente. Ah, merda! Sinto um nó se instalar na minha garganta por vê-lo desse jeito de novo, e agora definitivamente não há mais o que fazer, só esperar que o resultado seja bom. Mas pela sua cara... não parece muito que isso vai acontecer.

- Chris. - coloco a mão no seu queixo e o faço olhar pra mim - O que foi?

Na mesma hora um sorriso largo se abre no seu rosto e eu vejo os seus olhos brilharem, completamente confusa. Chris me abraça forte e me gira no ar.

- Tá doido, garoto?! - pergunto, quando já estou no chão - Quer me matar de preocupação?!

- Tá tudo dando certo, ruivinha! - ele diz, animado - Vamos conseguir.

Solto um gritinho de alegria e o abraço de novo.

- Eu sabia.

- Obrigado, Eva. - ele sussurra, com a cabeça enfiada no espaço entre o meu pescoço e meu ombro - De verdade. Eu acho que nunca vou achar um jeito certo de te agradecer, porque o que você fez por mim foi... foi fantástico.

- Já te disse mil vezes que não precisa agradecer, bobo. - sorrio me afastando dele - Vem, entra aí.

Dou espaço pra ele passar e logo estamos os dois no meu quarto, jogados na minha cama.

- Você não tem noção do quanto foi engraçado ver a cara de cu do Markus. - ele conta, rindo - Nunca tinha o visto tão puto na vida. Foi impagável.

- Imagino. - rio também- Mas e a Chloe? Ela está aqui?

- Não, ela ainda está na Alemanha, com uma babá, claro. Se dependesse do Markus ela cresceria achando que a babá é a sua mãe, já que só ficaria com ela o dia todo.

- Ele é tão ruim assim? Quer dizer... já percebi que ele quer fazer da sua vida um inferno, então sim, ele é tão ruim. Mas como era antes de... - mordo o lábio, receosa - você sabe.

- Da morte da minha mãe? - Chris ri baixo e eu assinto - Não tem problema em falar disso, ruivinha. Tá tranquilo. Mas o Markus nunca foi o pai ideal. Ele sempre esteve muito focado no trabalho, quase nunca parava em casa e vivia brigando com a minha mãe. Mas ele a amava, disso eu tenho certeza, mesmo que do jeito complicado dele. Essa é a única coisa que não me deixa acreditar que não há mais nenhum pingo de humanidade naquele cara.

- Entendi... você não se lembra de nenhum momento bom com ele?

Chris parece pensar um pouco, fitando o teto.

- Bem, teve um. O dia em que a minha irmã nasceu. Foi a primeira vez que eu vi os seus olhos brilharem de verdade. Até vi uma lágrima escorrer, mas ele a limpou com rapidez. Depois ele se deixou levar pelo momento, e me abraçou forte. Fiquei feliz da vida, porque aquele cara só me abraçava quando era pra tirar foto de família.

Heartburn - Chris & EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora