Always You [Completa]

Chapter Forty

Eu passei essa semana pensando em todos os acontecimentos que tive nesses dezessete anos de vida, os que eu lembrava e queria lembrar também. Alguns ruins, outros bons e engraçados. Estava procurando motivo para aceitar ou desistir da coisinha que está dentro de mim. Quando eu tinha dez anos, minha mãe costumava me levar na igreja aos domingos, e certa vez, o pastor ministrou a palavra em cima de três perguntas:

Eu quero? Eu posso? Eu devo?

E são essas perguntas que estão rondando minha mente pelos últimos dias. Eu tenho 17 anos, faço 18 em algumas semanas. Pretendo ter uma boa carreira, não tenho condições físicas, mentais e financeiras para colocar uma criança no mundo. E sempre que penso ao contrário, as perguntas voltam para minha mente e a única que eu tenho resposta é a segunda.

Eu posso? Não!

As outras duas giram em torno de não sei, sei lá, não quero pensar nisso agora. Eu queria que o Charles me desse uma solução, mas ele está tão perdido quanto eu. Parecemos duas pessoas cegas no meio de um tiroteio. Já cansei de pensar em todas as justificativas que poderiam ter me levado a ficar grávida, afinal, sempre nos protegemos. Sempre! É pegadinha do destino.

— Como foi o voo? — Bea pergunta, abaixando o som do rádio.

Charles tem um jogo hoje à tarde, então eu vim para o Canadá primeiro e mais tarde ele virá para a minha casa. São poucas horas de voo, por isso decidimos que seria melhor eu vim na frente e aproveitar meu irmão. Bea me buscou no aeroporto, nos abraçamos tanto que os nossos braços ficaram doendo depois de um tempo. Estava sentido tanta falta da minha amiga, preciso dela pra desabafar todas as minhas tragédias de vida.

— Tranquilo! — Respondo depois de mastigar meu salgadinho. Comprei esse saco de cheetos com a consciência pesada em fazer algum mal para o bebê. Mas é só um salgadinho, estou ficando paranóica.

— Pensei que o gostosão fosse vir junto. — Questiona sobre o Charles.

— Ele tem um jogo em Ontario hoje, vai chegar mais tarde. — Sorrio. — Como estão as coisas?