Capítulo Trinta e Seis

640 113 49
                                    

Max Fraield:

Entrei no escritório com um peso no peito e me deixei cair na cadeira. A tarefa de encontrar novos funcionários para essa situação caótica era mais uma prova de como tudo estava desmoronando. Mesmo assim, Mesala, Alice e Miguel pareciam viver numa bolha, como se o poder do ducado ainda estivesse firmemente em suas mãos. Era como se recusassem enxergar a realidade, que já não tinham mais nada.

Aquela cegueira era lamentável. Como podiam ser tão ingênuos? Até que ponto as pessoas podem se iludir achando que são intocáveis?

Decidi voltar para a mansão e resolver tudo de lá. Por mais que fosse o melhor em termos de logística, o lugar era um turbilhão de lembranças de Max. Cada objeto, cada canto, até mesmo o aroma do ambiente, tudo estava impregnado com a presença de sua mãe. Era como se cada detalhe o puxasse de volta para um passado doloroso, um labirinto de recordações das quais ele tentava desesperadamente escapar.

— Está sendo cansativo, essas memórias — Suspirei, e ouvi uma risadinha ao longe. Olhei ao redor. — Quem está aí?

Então, senti como se estivesse caindo, e vi um espírito diante de mim, com uma expressão raivosa. Notei que era Gabriel, ou pelo menos sua versão na história.

Sua mão se ergueu, e as correntes vieram em minha direção, atravessando meu corpo sem causar dano algum. Isso pareceu irritá-lo ainda mais. Ele continuava me atacando, mas então, estalei os dedos e ele se desfez.

Pare de ir contra o mundo — Uma voz disse através dos lábios de Gabriel, e minha espinha gelou.

— Eu vou sim contra essa maldita coisa — Respondi.

Os olhos de Gabriel brilharam com fúria enquanto ele se aproximava, uma aura de poder envolvendo-o.

— Você não pode lutar contra a inevitável marcha do destino! — A voz ecoou, cheia de autoridade.

Minha respiração ficou presa na garganta, sentindo algo me puxar. Com um gesto firme, concentrei minha energia, erguendo-me contra a ameaça diante de mim. Um grito ensurdecedor rasgou o ar enquanto a criatura era repelida para longe.

— Eu posso e eu vou lutar! Contra o destino, contra o mundo, contra tudo que me impede de ser livre! — Minha voz ressoou, ecoando determinação. A criatura desapareceu no vazio, derrotada pela minha vontade.

Senti a magia e a aura no ar ainda presentes, mas as dissipei com o meu poder. Seja lá o que fosse aquilo, era realmente poderoso. Decidi explorar o restante do lugar para acalmar minha mente. Saí do escritório e estava quase alcançando a escada quando segurei o corrimão com força. Alguém me empurrou, mas não teve força suficiente, e tropeçou escada abaixo. Mesala desabou os degraus, e apesar de tudo, deveria agradecê-la por tentar me empurrar escada abaixo, já que vários empregados e cavaleiros testemunharam o incidente.

Perdido em meus pensamentos, tentei manter uma expressão de choque enquanto várias pessoas corriam na minha direção e na direção de Mesala. Ela havia tentado me empurrar da escada, e o choque trouxe de volta memórias de algo que me deixou visivelmente intrigado. Eram lembranças de uma vida passada! É engraçado, pois são ao mesmo tempo minhas e não são.

Era algo relacionado à infância de um garotinho e sua mãe rindo enquanto ela mostrava uma foto para o seus filhos mais novos, dizendo que as pessoas ali eram a sua família materna e que, quando precisasse, eles viriam.

— Marcelo subiu as escadas em minha direção, alarmado.

— Alguém! Alguém ajude! Lady Mesala caiu das escadas ao tentar empurrar o senhor Max! — Ele gritou, puxando-me para examinar.

Cuidado com O Vilão! (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora