Capítulo Cinquenta e Nove

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Max Fraield:

Os guardas me seguraram firmemente e me posicionaram para que todos pudessem me ver. Damian se virou para mim, erguendo o celular na mão.

— Como sabem, precisamos de algo da nova âncora, e que tal usarmos este aparelho? — disse Damian, cortando minha palma direita com um objeto afiado. — Hoje também usaremos a união elementar, um evento que conecta as três dimensões, e junto, utilizaremos o sangue da reencarnação.

As cinquenta pessoas abriram seus grimórios conforme Damian falava, e meu coração acelerou rapidamente.

— Deem início ao ritual de transferência — gritou Damian. — Uniremos nossas vozes.

As vozes das pessoas se tornaram uma só quando o sol começou a se pôr, e uma luz intensa nos atingiu.

— Im A Pran Khos Suptia Jhem Ai Pada Khe Rassatam. Im A Pran Khos Suptia Jhem Ai Pada Khe Rassatam. Im A Pran Khos Suptia Jhem Ai Pada Khe Rassatam. Ai Pada Se Rassatam. Ai Pada Se Rassatam. Ai Pada Se Rassatam. Ai Pada Se Rassatam. — Conforme as pessoas recitavam, o vento começou a ficar mais forte, parecendo se unir ao cântico.

Meus joelhos fraquejaram, e gritei, sentindo como se alguma coisa estivesse invadindo minha pele. Olhei para minhas mãos e reparei que as veias estavam ficando pretas.

Ouvi vozes vindo de todos os lugares, tudo se unindo dentro do meu crânio. Na minha mente, vi um lugar enorme, como um reino, e pude viajar por ele como em um país. Seus corredores eram quase como labirintos, que se atravessados sem um guia, pareciam mudar constantemente. Não tinha um layout consistente, portanto, parecia mudar com frequência. Embora não tolerasse ser inspecionado, nenhum mapa da terra seria capaz de ser produzido.

As imagens na minha mente eram caóticas e avassaladoras. Cada corredor e sala mudavam de forma, como se estivessem vivos. Senti uma pressão esmagadora dentro da minha cabeça, como se estivesse sendo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. As palavras do cântico ecoavam, misturando-se com as vozes na minha mente, criando uma cacofonia que me deixava à beira da loucura.

— Não... vou... ceder... — murmurei, lutando para manter minha consciência.

Mas a força do ritual era implacável. Senti meu corpo sendo tomado por uma energia escura e poderosa, que se infiltrava em cada célula, corroendo minha resistência. O mundo ao meu redor começou a girar, e a última coisa que vi antes de perder a consciência foi o rosto satisfeito de Damian, sua expressão triunfante, enquanto o ritual atingia seu clímax.

Tudo ficou preto.

Eu me vi em um território vasto e dividido, repleto de zonas distintas que não conseguia quantificar. Entre essas divisões, havia um espaço neutro chamado Terras Esquecidas, que não fazia parte daquele mundo caído e desfeito da luz.

Informações começaram a surgir na minha cabeça, revelando que o tempo fluía de maneira diferente ali, às vezes mais lento, outras vezes mais rápido. As estações podiam mudar num piscar de olhos, montanhas e cavernas apareciam onde antes não existiam, e os rios alteravam seus cursos ao capricho de alguma força desconhecida.

Os alimentos e bebidas dessa terra possuíam propriedades alucinógenas e eufóricas, especialmente os narcóticos e bebidas alcoólicas altamente modificadas.

Senti-me dividido entre o mundo mortal e o demoníaco. Ao longe, vi vários demônios em cores brancas, azuis, verdes, vermelhas, laranjas, cinzas, cobres, e alguns tipos de golens.

Havia cobras demoníacas: gigantes com vários olhos e uma pele gosmenta e roxa, e lagartas demoníacas, semelhantes às cobras, mas com pele fina entre escamas e escudos.

Cuidado com O Vilão! (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora