Max Fraield:
Continuei a ler o livro, e devo dizer que os assuntos abordados são horripilantes.
— Agh, isso me dá até calafrios — comentei, esfregando o braço ao sentir os arrepios se espalhando pela pele.
Tomei rapidamente um gole do chá que Billos havia trazido e, com relutância, voltei a olhar para o livro, apenas para sentir os calafrios novamente. O conteúdo era perturbador, detalhando rituais obscuros e ingredientes bizarros para poções que eu esperava nunca precisar usar.
Ouvi um baque no chão e levantei a cabeça para ver Lancelot caído, esfregando a bunda e resmungando. Ele se movia com uma velocidade sobre-humana para conseguir fazer o que pedi e voltar rapidamente, parecendo ter corrido uma grande distância em tempo recorde. Suas roupas estavam uma bagunça, obviamente resultado tanto da sua prisão no frasco de Jéssica quanto da correria desenfreada. De longe, ele parecia mais um animal selvagem completamente exausto do que um príncipe.
Jéssica levantou os olhos do livro que estava analisando.
— Você está horrível, Lancelot — disse ela, estalando a língua. — O que descobriu?
— Bem, ela estava vendendo alguns manuscritos para um homem incrivelmente ameaçador — Lancelot disse, ainda ofegante. — Deu até pena dela, já que o sujeito ameaçou o futuro filho que ela está esperando. O marido a abandonou alguns dias atrás.
Olhei para ele mais atentamente enquanto ele se levantava. Jéssica e eu fizemos a única coisa que podíamos fazer com essa informação: cuspimos o chá no rosto de Lancelot.
Como estávamos sozinhos no andar, o som da cadeira sendo empurrada ecoou alto quando me levantei. Sem rodeios, desci as escadas puxando Lancelot atrás de mim e informei a Billos, que estava no balcão:
— Voltarei em breve. Não limpe o meu lugar e atenda a tudo que a moça que está comigo pedir — falei.
— Certo, senhor. Estarei no aguardo de seu retorno — disse Billos, com um sorriso no rosto rechonchudo, que ignorei enquanto saía da loja.
Ouvi alguém dizer que eu era mais deslumbrante pessoalmente do que nos boatos, mas não me importei. Estava mais concentrado nas palavras de Lancelot.
— Onde ela está? — perguntei.
— Está um pouco longe para que você corra — ele disse.
— Me teletransporte junto com você — falei e vi ele abrindo a boca para protestar. — Sei que você consegue.
Com um olhar de fúria no rosto, Lancelot me puxou para seus braços, e o chão desapareceu sob meus pés.
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Um turbilhão de sons invadiu meus ouvidos e cores bagunçavam minha visão. O caminho que os espíritos percorriam era totalmente silencioso e intensamente colorido. Não podia ver nem ouvir nada. Se não fosse pelos braços de Lancelot ao meu redor, pela sensação sólida de seu corpo, poderia ter pensado que havia perdido o contato com o mundo físico para sempre, que havia me perdido ou sido levado a um terrível vazio inexpressivo.
A sensação de alívio quando o mundo se abriu novamente foi imensa. Um solo sólido atingiu meus pés; tropecei e fui sustentado pelos braços ao meu redor. Pisquei e a tontura dos olhos desapareceu, me fazendo olhar em volta.
Primeiro, vi Lancelot. Ele me abraçava, mas a expressão em seus olhos estava absolutamente preocupada.
— Você nunca fez uma viagem de transporte com um humano antes, não é? — perguntei.
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Cuidado com O Vilão! (MPreg)
FantasíaUm protagonista, que é um garoto apaixonado que jogará completamente fora a história principal! Por quê? Porque é um desperdício para um garoto cheio de potencial estar cercada por pessoas realmente babacas. Max Fraield fugiu de casa assim que seu p...