|Jack| Help me to be helped.

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O sentimento que Jack semeou em sua águia fora tão forte como um amor paternal.

Ele sentia que precisava protegê-lo. Não o contrário, que é o certo.

As marcas dos dedos de Merida estavam desaparecendo quase por completo. Por sua pele ser extremamente pálida, isso dificultava as coisas.

Longe de sua Legião, Jack olhava ao redor as árvores. Tudo parecia mais perigoso e traiçoeiro. Uma poeira negra enquadrava toda a beleza das folhas esverdeadas. Jack balançou a cabeça tentando afastar isso de sua cabeça. Estava delirando.

Ele não estava com fome. Nem estava com pressa de chegar em casa. Seu tio nunca ligava pra ele. Se Jack tinha algum problema e precisasse desabafar, era melhor manter para si mesmo.

Jack chutava as pedras de seu caminho quando chegou à fronteira, sentou-se no tronco de uma árvore com mais de dois metros. Era incrível como uma árvore pode ser acolhedora.

Ele pensava quando veria todos de novo. Quer dizer, se veria. Ele sentia que sim.

Os olhos verdes da loira maluca não saíam de sua cabeça. Ele não perdia seu tempo pensando nas meninas. Na verdade, se uma gostasse dele e ela fosse “boa”, eles poderiam ter algo rápido.

Mas parecia que nenhuma tinha o que ele necessitava.

A maioria das garotas eram muito assanhadas. Elas não tinham algo interessante dentro de si. Algo que a diferenciassem das outras.

E os olhos curiosos e vivazes de Rapunzel deixara o intrigado.

Seu Soul-Patronus voava baixo perto de seu ombro. Jack assoviou e sua águia pousou em sua mãe direita.

– Você é um animalzinho muito interessante, hein? – Jack acariciava a cabecinha da águia, que fechava os olhos de prazer.

Jack já se sentira solitário, mas com seu Soul-Patronus ele se sentia seguro.

“Águia. Um animal de coragem e força. Animal de soberania e poder.

Seu dono tende a ser um líder nato, nobreza, agilidade e liberdade.”

Jack se sentira feliz ao ouvir sobre seu Soul-Patronus. Raramente alguém recebia um animal tão poderoso.

Mas isso o preocupava. O irmão do Rei Gorlois, da lenda, era um poderoso homem que desbravava reinos com toda a coragem em símbolo de seu Soul-Patronus, uma águia.

Jack balançou a cabeça. Essa lenda havia mexido com todos por motivos inúteis. Não existe isso.

Seu Soul-Patronus picava sua manga da roupa e olhava em direção às arvores. Ele queria voar?

Os Soul-Patronus não podem ficar mais que um metro de distância de seus donos. É impossível. Jack olhou ao seu redor e avistou um monte a pouco mais de 100 metros deles.

Jack correu com a corrente de ar, seu Soul-Patronus voava em cima de sua cabeça, emitindo sons de felicidade. Jack não podia deixar de sorrir.

A escalada era fácil. Jack decidira que subiria pouco, apenas o suficiente para ver perfeitamente o pôr do sol.

O céu tingia-se de vermelho gradualmente. Os olhos de Jack brilhavam como uma criança ao ver um bolo saindo do forno.

Em uma pedra segura o suficiente, Jack levantou-se e concentrou o olhar ao seu redor.

As copas altas das árvores da floresta tampavam a visão das outras Legiões. Jack sabia que havia outras pessoas de sua espécie proibidas de se verem.

Isso o enojava.

Mas nada faria ele ficar triste. Enquanto respirava forte para recuperar seu fôlego, a poderosa águia pousou em seu ombro e emitiu um som que ele fez ele se sentir absolutamente seguro.

Jack sorriu devagar e o acariciou.

– Quando a noite se põe, não significa que o sol está nos abandonando. Ela nunca nos abandona.

Ela coloca uma grande bola pra nos guiar em sua ausência.

A lua sempre irá nos acompanhar, não importa aonde vamos.

Se você reparar bem, há dias que ela está cheia. Outros, que ela está sorrindo.

Mas dependendo do modo que você vê, pode parecer que ela está triste.

É o modo que vemos o mundo, entende?

Sua águia piou em resposta e voou o máximo que pode tentando alcançar a lua.

Jack riu e tirou umas mechas de seus olhos, observando o perfil glorioso de sua águia como uma sombra negra sob a lua.

– Jamie. – sussurrou Jack. Esse era o nome que daria. Jamie.

Enquanto desciam, Jamie o orientou. Ele não sentia medo com Jamie. Ele estava com Jamie e a lua. Não precisava temer.

Mas chegar a sua casa fora uma decepção.

Seu tio estava preso em sua sala. Jack estranhava os barulhos que vinham de lá. Algo dizia a ele que nada estava bem.

– É uma águia, chefe. Não há dúvidas, é ele.

Uma voz perversa soou satisfeita das paredes. Jack não podia entender o certo.

Ele se aproximou da porta e um barulho ensurdecedor fez com que ele se afastasse. Poeira negra embaçava sua visão.

Jack tentou abrir a porta do tio, mas estava trancada. Ele queria salva-lo. Queria entender o que acontecia.

Por fim, todos os sons foram tomados por um silencio insuportável e a porta se abriu espontaneamente.

Jack puxou a porta e viu o estado da sala de seu tio.

Jack nunca havia entrado na sala antes (não que se lembrasse) e tudo o surpreendeu. Era pequena e bagunçada. Um mapa estranho estava em cima da mesa e livros pesados espalhados pelo chão. Parecia que uma bolha negra havia explodido e destruído tudo dentro do lugar. Jack caminhou dentro da sala, observando todos os detalhes de destruição.

Uma palavra com a areia negra se formou no ar para Jack, deixando Jack com calafrios: “Ajude-me que serás ajudado”.

Jack não entendia o que significava.

A palavra por fim, formou-se em pedras negras e se dissolveu em forma de folhas.

Seu tio estava nas pedras da fronteira das Legiões.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora