|Merida| And now the things make sense

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Algumas pessoas pensam melhor enquanto leem livros. Outras quando veem o vento batendo nas folhas da copa alta de uma árvore.

Merida pensa melhor enquanto cavalga.

Merida saiu do quarto de Elliot e sentiu que estava na beira de um precipício. Sua mente se dividia em pensar no casamento, na profecia, na futura guerra e agora, em Elliot.

Era só o que faltava, pensou Merida, mais um problema para sua cabeça.

Sorrateiramente ela pegou Angus e fugiu para a floresta afim de relaxar em cima de seu fiel escudeiro cavalo.

O caminho que ela seguia lembrava os dias maravilhosos em que ela e Elliot caçavam para os pobres da vila. Não fazia exatamente muito tempo que a última vez ocorrera – nem fazia uma semana – mas parecia uma eternidade e ela sentia falta disso.

Durante seu trajeto ela encontrou uma flecha que estava perdida entre as folhas caídas no chão. Era uma de suas flechas. Foi nesse momento que ela notou que havia esquecido sua aljava e arco na cabana de Soluço e decidiu cavalgar até lá para buscar.

Foi daí que tudo aconteceu.

Até aquele momento ela nunca havia percebido o quanto precisava de pessoas. Ela sempre foi independente, corajosa e autônoma, mas neste momento de fragilidade tudo o que ela precisava era de um ombro amigo para consolo.

E Soluço servia perfeitamente para essa função.

Estar em seus braços era natural. Se havia uma pessoa que poderia entender o sufoco dos problemas, essa pessoa era Soluço. Sentir o coração do garoto pulsando próximo a ela deixava-a com a certeza de que não estava sozinha.

E esse foi o erro que ela cometeu.

Regra básica para não se aborrecer com quem você se importa: não criar laços.

Ela tentava. Tentava não se aproximar o suficiente das pessoas porque, como tudo, ela sabe que uma hora terá que perder esse contato. Merida não suportaria essa sensação.

E o pior foi que enquanto estava perto de Soluço ela se esqueceu desse detalhe. Esqueceu e se sentiu feliz. Se sentiu segura e confortável a ponto de nunca mais querer sair dos braços do garoto.

E agora que voltava cavalgando com as velhas flechas reformadas por Soluço ela não teve como não compará-lo com Elliot. Ambos haviam feito o mesmo presente.

A semelhança entre os dois voltavam a assustá-la: além de serem inteligentes e inseguros ambos eram artísticos.

E sua consciência pesou nesse momento ao lembrar-se que ela havia deixado de lado o belo arco de Elliot pelo arco dourado oferecido a ela pelos poderes da terra.

Quando chegou ao castelo, Merida notou que os preparativos para a grande festa de noivado já havia começado. Isso a deixou perplexa, pois ela fazia poucas horas que ela aceitara o pedido de casamento. Isso apenas fez com que ela desconfiasse que o casamento já estivesse sendo planejado em segredo dela semanas antes. Isso a irritou profundamente.

Enquanto subia as escadas rapidamente para ir em seu quarto afim de ler algum livro e passar o tempo que tornava-se insuportável, uma mão fria tocou seu pulso. Era Griflet.

– Princesa? – ele perguntou com sua voz aveludada e meticulosa. – Acho estranho pensar que em poucas semanas nos casaremos e nem mesmo tivemos a oportunidade de nos conhecer.

Merida soltou-se da mão dele e encarou o Soul-Patronus de Griflet. O gavião de fase quatro brilhava perigosamente ao lado dos joelhos do dono.

– Não sei se é necessário. É apenas um casamento arranjado, um título para os terceiros. Um voto de paz, que sinceramente, não vejo razão. Se não nos conhecermos será melhor, assim não haverá sentimentos que nos proibirão de sentir remorsos.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora