|Rapunzel| Our Soul-Patronus

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Uma sensação nova tomou conta de Rapunzel ao ver pela primeira vez um homem.

Não apenas um. Mas dois.

Obviamente ela sempre soube o que esperar deles. Um rosto diferente, voz diferente, corpo diferente. Mas mesmo assim, seu coração batia forte como nunca havia batido antes.

A sensação era de que um balde de água fria fora derrubado nela e que flocos de neve estivessem acumulados em seu estômago. Ela queria sorrir, mas sentia que não podia. Ela estava com vergonha.

Seria por causa da presença deles?

Um garoto alto saía lentamente por trás das pedras imensas com um sorriso travesso no rosto. Rapunzel estava surpresa com que via. Seus olhos eram tempestuosos e claros. Algo bloqueava os sentimentos e emoções que deveriam estar presentes pela linguagem corporal ou mesmo na mais profunda delas: linguagem dos olhos.

Mas o que ela apenas via era um imenso azul dos olhos e mais nada. Era impossível descrever suas emoções.

Sua mãe havia persistido de manhã sobre ela sair. Óbvio, ela teria que achar seu Soul-Patronus, mas essa seria a única vez livre.

Rapunzel sempre se perguntara o motivo de sua mãe prendê-la dentro da casa como se ela fosse um objeto roubado. Rapunzel nunca havia visto o sol por outro ângulo se não fosse da janela de seu quarto.

Mas sua mãe aceitou. Ela acordou cedo e se arrumou exalando animação. O dia estava belo, ela pensara. Nada podia atrapalhar.

Sua mãe não disse nada durante o trajeto até a floresta. Havia dois caminhos. Pelo curto, deveriam percorrer entre a cidade. Mas sua mãe optou pelo comprido, entre os campos de macieira.

As maças exalavam um cheiro doce e suave que como uma boa garota da Legião da Terra amava. Seu cabelo loiro voava contra a brisa.

***

– Por que as princesinhas estão brigando, hein? Na maioria das vezes, eu sou o motivo de discussão entre as garotas, mas como ainda não tiveram o prazer de me conhecer... Estou confuso. – disse o garoto de cabelos pálidos que havia saído do esconderijo. Rapunzel havia percebido que estava delirando por um tempo. Voltou a se concentrar no presente.

A garota que ameaçara Rapunzel revirou os olhos, inconformada com a arrogância do garoto.

– Quem é você? – perguntou cuidadosamente a ruiva.

– Eu? Me chamo Jack. Jack Frost. – ele estava apoiando o braço esquerdo em uma das pedras, relaxado. – E você, cara? Se aproxime.

Soluço estava distante, parado como uma estátua e seus olhos se revezavam entre Merida e Jack. Tudo era estranho.

– Eu sou o Soluço. – respondeu ao se aproximar do grupo, inseguro e levemente alegre por lembrarem de sua presença. Ele por fim, estava relaxando, como se percebesse que não seria morto.

Jack fez um sim com a cabeça e virou-se na direção de Rapunzel.

– Hey, loirinha! Não precisa ter medo. Qual é seu nome? – questionou Jack, com uma única sobrancelha arqueada para cima (algo que Rapunzel sempre desejou poder fazer).

Rapunzel não conseguia achar a voz dentro dela. Parecia que toda sua força fora acumulada em seu estômago. O que conseguiu dizer saiu fraco e quase imperceptível.

– Rapunzel. – respondeu.

Os olhos azuis de Jack a encararam, como se pudesse ver debaixo da pele.

– Ótimo. Agora que todos se conhecem, que tal a gente pegar nossos Soul-Patronus e se mandar? - sugeriu a ruiva, impaciente.

Jack ficou ereto com a aparência brava e relaxou. Ele esticou a mão para tocar as mãos de Merida e disse:

– A bela dama não nos disse o belo nome nome que carrega.

Merida rápida como um leopardo, deu um tapa no rosto de Jack, fazendo com que instantaneamente as marcas de dedos ficassem estampadas.

Jack tocou seu rosto com os finos e compridos dedos e relaxou.

– Normalmente, eu não sou atacado pelas garotas nesse sentido.

Rapunzel estava assustada com tudo que via. Nunca havia visto ninguém apanhar. Ela tinha certeza que não era essa à reação que Jack deveria ter diante disso.

– Merida. Eu me chamo Merida. E não ouse me chamar de dama.

Jack sorriu e encarou os olhos de Merida.

– Érr... Pessoal? Sei querer interromper essa briga, mas, não sei... Acho que não deveríamos esperar tanto pra descobrir nossos Soul-Patronus. – disse Soluço.

Rapunzel concordou com a cabeça Merida olhou para ela, confiante e com postura dominante:

– É. Deveríamos fazer isso.

Cada um se aproximou de seu Soul-Patronus. Ainda não era possível dizer qual animal havia dentro de cada esfera flutuante. Rapunzel poderia enlouquecer de curiosidade.

– Nós poderíamos abrir juntos. No quatro. – propôs Soluço, enquanto virava-se para olhar Jack, o mais próximo dele.

– É, poderíamos. – respondeu Rapunzel para a sua surpresa.

Jack fez que sim com a cabeça e Soluço começou:

– Um

– Dois – disse Merida, que estava à esquerda de Soluço.

– Três – Responde Rapunzel.

– Quatro – terminou Jack.

Rapunzel envolveu suas pequenas mãos na esfera e um calor cresceu em seu coração.

Naquele momento, Rapunzel esqueceu quem era, de onde vinha ou qualquer coisa que não importasse. Sua única sensação era algo crescente e em paz dentro dela.

“Camaleão. Um animal pequeno e frágil mas com muita determinação. Capaz de mudar sua cor para proteger-se do mal. Quem tem o camaleão como Soul-Patronus tem um destino inesperado pela frente, com necessidade de rebelião.”

Um camaleão orgânico pulou em suas pernas, agindo adoravelmente.

Rapunzel se sentia zonza. Ela finalmente voltara ao normal e aqueles olhos gigantes a encarando a fazia com que ela se sentisse emocionada.

Ela se virou e viu Merida com uma espécie de urso de fogo. Merida olhava maravilhada. Provavelmente orgulhosa.

Jack estava com uma águia de água pendurada em seu ombro como um guardião. O bico parecia perigoso, pensou Rapunzel. Mas o olhar de devoção do animal ao dono era tanta que a ideia era absurda só de pensar.

A expressão de Jack mudara imediatamente, de felicidade à preocupação. De Merida também. Rapunzel seguiu os olhos de ambos e seus olhos se encontraram em Soluço. Suas mãos instantaneamente foram para o rosto, estupefata.


– Aquilo é um dragão? – perguntou Merida, absolutamente perplexa.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora