|Hiccup| You'll be alright.

254 23 0
                                    

Calor. Era isso que Soluço sentia.

Muito, mas muito calor.

A temperatura normal de um legionário do Ar é fresca. Mas o coração de Soluço batia fortemente em sua caixa torácica.

O sol já havia nascido por completo e não tinha mais vestígios sequer dos outros três. Apenas Soluço e seu dragão. Seu dragão...

– Banguela? Sério mesmo? Você é o animais mais temido de todos e é banguela? Você não é tão assustador sem dentes. – disse Soluço para seu dragão que voava ao seu lado.

E então ficou. Soluço decidiu que esse seria o nome de seu Soul-Patronus: Banguela.

Sua casa ficava no centro da vila. Não teria como Soluço não passar pela multidão sem ser encarado.

Soluço deu um longo suspiro e com o pé direito, decidiu entrar na movimentada vila.

E de fato ela estava movimentada. Tão movimentada quanto em dias de festivais.

Mas quando Soluço pisou na vila, todos se calaram. Todos os olhos estavam encarados para ele. Alguns surpresos, outros transbordando de ódio. Uns com pena.

Pena. Soluço odiava que as pessoas sentissem pena dele. Por toda sua vida as pessoas sentiam pena e o ajudavam com tarefas braçais ou algo que poderia abalar seus sentidos.

Ele não era tão incapaz para as pessoas sentirem pena dele.

Mas não foi isso que deixou Soluço mais surpreso. O que mais deixou foram os olhos que o encaravam com medo.

– Eu sabia que ele era problema.

– Ele nunca foi normal.

– Quem diria que ele é filho de Stoico! Uma desonra.

Esses sussurros perturbavam Soluço. Ele não conseguia sair do lugar. Ele não sabia o que fazer.

Mas uma voz o tirou de seus pensamentos.

– Filho, Corra! - rugiu seu pai, claramente com dor em sua voz.

Seu pai gritava desesperado preso em um tronco na praça central. Seus cabelos estavam presos ao rosto, suado.

Seu rosto estava vermelho e suas expressões desesperadas.

Suas costas sangravam.

Soluço não podia suportar ver seu pai, a única pessoa de sua família ferida.

Ele correu.

Mas não para longe.

Ele correu para seu pai.

Dois guardas reais seguravam seu pai, que debatia para se libertar. Cada ver que ele se tentava se livrar do tronco, mais ele gritava.

Soluço não conseguia pensar na dor que seu pai deveria estar sentindo.

Menos de meio metro de seu pai, os guardas o seguraram. Soluço gritava de pânico, tentando se soltar, mas cada vez mais os guardas o levavam para longe de seu pai.

Soluço esticava o braço tentando alcançar Stoico debilmente. Lágrimas brotavam de seus olhos.

E a única coisa que Soluço conseguiu compreender lendo os lábios de seu pai foi:

“Vai ficar tudo bem.”

E ele foi levado para longe.

***

Soluço calou-se enquanto caminhava.

Ele estava cansado demais para contrariar. Cansado demais para fugir.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora