Orion: Prince of Water

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Tenho nojo de mim ao dizer que odeio meu destino.

Sou um príncipe, e me chamo Orion e tenho uma vida de luxos, eu sei. Mas a pressão de ter que um dia comandar minha amada legião faz com que, de verdade, eu tenha medo.

Ainda menino, meu pai, o grande rei Akvo (que, para ser sincero, ele pode mostrar poder entre todos, mas não admiro ele) desejou que eu treinasse ardorosamente. Eu aceitei essa escolha, porque sempre manejei bem uma espada e ainda menino era muito impiedoso. Não tenho orgulho de dizer isso, mas se alguém fizer algo errado eu vou desejar que ela não tenha uma segunda chance.

Mas foi aos onze anos que percebi que eu não era bem assim.

Junto com meus quatro primos – Gawaine, Percival e os gêmeos Balam e Balim -, fomos treinar no limite da floresta. Percival, como o mais velho e único já com o Soul-Patronus ficou responsável por cuidar de nós.

Era divertido. Nós fazíamos duelos e treinávamos com espadas, punhais, arcos e lanças. Eu sempre lutava com Gawaine, que tinha minha idade.

Mas foi quando voltávamos que vimos uma mulher sendo julgada por roubar maçãs que pela primeira vez senti-me impotente. Eu era o príncipe, eu deveria fazer alguma coisa. Então fiz.

- O que está acontecendo aqui? – perguntei naquela época.

- Essa mulher roubou seis maçãs de um vendedor. Creio que teremos que julgá-la. – um cavaleiro me informou.

- Não! – ela implorou, toda esfarrapada e lágrimas nos olhos. – Meus filhos, tenho seis filhos famintos…

- Cale-se! – o cavaleiro ordenou a mulher no chão. – O príncipe deve compreender nossa decisão.

Eu pensei muito naquele momento. Analisando-a, parecia dizer a verdade. Não parecia uma ladra; seu orgulho estava claramente ferido, decepcionada em ter que roubar. Eu posso ter sido fraco, mas tive piedade.

- Dê a ela as maçãs. – ordenei ao cavaleiro. – Que eu mesmo pagarei por elas.

- Abençoado seja, príncipe. – a mulher clamava.

- E nunca mais ouse roubar. – eu disse lentamente, para que ela entendesse bem.

- Vossa majestade deve saber que ela roubou e isso tem penas…

- Darei a ela um emprego também. Como lavadeira no castelo e assim não precisará mais roubar.

- Majestade tem onze anos, não sabe o que está dizendo.

- Ele sabe, Golohov. – disse Gawaine confiante. – É um grande garoto.

E então cresci mais um pouco. Aos treze anos comecei a ler muito, e isso fez com que muitas perguntas nunca respondidas entrassem em minha cabeça. Uma vez, a que mais me perguntava eu perguntei ao meu pai, porque naquela época eu concordava com todos e achava que ele era de fato brilhante.

- Pai, por que não podemos fazer um acordo de paz com as outras legiões como antigamente?

Apenas de ver o olhar que meu pai me transmitiu fez com que eu arrependesse de ter falado alguma coisa.

- Diga isso quando encontrar um legionário de Fogo, que ele te achará um fraco. Somos superiores, Orion, não podemos nos misturar com aqueles arrogantes.

Que sarcástico meu pai dizer isso.

E então, nunca mais perguntei nada a ele.

Aos quinze fui com meu pai em uma grande reunião com os quatro reis. Ele fez questão de me levar, junto com minha mãe. Ele me prometeu que me mostraria todos os podres das outras legiões, e assim eu me arrependeria de um dia ter tido tais pensamentos.

A reunião fora marcada no castelo da legião da Terra, o rei e a rainha simpáticos e pacíficos, por mais que eu vesse nos olhos tristes deles a saudade.

- Veja esses reis. O rei é um fracassado, olhe essa cara! Não tem postura, não tem nobreza alguma.

Eu apenas assentia, por mais que por dentro sentisse que o espírito quieto e observador daquela legião algo muito reconfortante.

Então chegou a hora da dança. A música não era melancólica como de minha legião; era alegre e transmitia paz. No canto vi uma garotinha ruiva de doze anos emburrada. Sabia que era arriscado, mas queria conhece-la.

- É a princesa Merida, certo?

- Sou, qual é o problema?

Ui, que menina rebelde.

- Nenhum… – fiquei meio sem graça. – Como é?

- O quê?

- Estar aqui. Como é estar entre legionários rivais?

- Eu não sou rival deles, eles não fizeram mal a mim.

- Eu também penso assim. – sorri. Ela tinha uma personalidade forte.

- Como você é branquinho. – ela tocou em minha pele com hesitação. – E seu cabelo é meio azul.

- Qual é o problema? O seu é vermelho!

Uma mulher que estava de pé colocou as mãos na cintura de grávida e gritou irritada:

- Merida! Cas-ti-go.

- Qual é, mãe!

- Poderá conversar depois que aprender a não fazer tantas perguntas indecentes ao rei.

Merida suspirou e pediu para eu ir embora com um aceno de mão.

- Não somos rivais, ok? Podemos ser amigos.

- Ok. – eu respondi então me virei para ir embora.

- Ei. – ela me chamou depois de um tempo. – Meu amigo Elliot não vai acreditar em mim quando eu disser que seu cabelo é azul. Pode me dar um fio de cabelo?

Eu ri e arranquei um fio, dando a ela, que pareceu satisfeita.

Então saí, pensando que mesmo que fossemos de legiões diferentes, éramos ainda assim muito parecidos.

Uma grande festa de dezesseis anos foi feita para mim, a qual odiei cada segundo. O pior foi o discurso idiota do meu pai, e como ele não me conhecia de fato.

Achar meu Soul-Patronus foi desafiador, mas o prazer de abri-lo e ver um leão majestoso me encheu de orgulho. Quando voltei a minha legião todos gritaram de excitação, alguns exclamando um “bravo”.

Um mês depois meu Soul-Patronus cresceu pela primeira vez, um record, preciso revelar.

Mas preferia que isso não tenha acontecido.

Era uma noite linda e estava chovendo. Eu sempre amei chuva, talvez porque eu seja da legião da Água. Mas minha noite foi destruída quando minha mãe começou a ficar muito doente e febril.

E naquela noite eu perdi ela, aos dezesseis anos e tive que aceitar deixa-la  e ficar com meu pai, apenas com ele.

E foi aí que começou o inferno.

Comecei a me dedicar mais e mais aos treinos, meus primos me ajudando em todos os momentos. Eles foram meu suporte.

E quem diria que eu, Orion o príncipe, deixaria seu pai ser soterrado com o castelo.

Mas era só o corpo. A alma dele continua comigo. E olhar para o corpo inanimado do homem que mais exigiu de mim fazia com que meu coração apertasse.

Gawaine olhou para mim e imediatamente entendeu minha decisão. Gawaine sempre entendia. Com um adeus silencioso a ele, saí do castelo.

E vê-lo sendo destruído foi uma perfeita metáfora para eu saber que a partir de agora eu poderia reconstruir minha legião e pregar minha própria filosofia.

É agora, Orion, mesmo que seja um covarde, vocês está fazendo o que seu coração manda.

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⏰ Última atualização: Jan 03, 2015 ⏰

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