|Merida| Griflet Potestatem

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Os olhos de Fergus estavam tempestuosos. Suas mãos estavam em formato de punho e seus caninos estranhamente estavam a mostra. Era como se ele estivesse pronto para atacar.

Mas ao ver sua família, seu olhar amoleceu imediatamente. Ele não podia deixar sua família preocupada.

– Minha rainha. – disse Fergus afetuosamente enquanto Elinor se aproximava para um beijo.

Merida sempre odiara que seus pais se beijassem na frente de tanta gente. E a sala estava repleta de cavaleiros.

Durante toda janta, Merida concentrava-se no olhar do pai. Ver se com a linguagem corporal ela entendia algo.

Ele estava bem desconfortável, isso ela notara. Ele usava poucas palavras e pensava muito antes de dizer, como se procurasse as certas. Ele não encarava as pessoas, optando simplesmente em concentrar seu olhar na perna de porco que mastigava. Isso bastava para Merida perceber que ele fizera algo errado.

No final da ceia, todos seus cavaleiros estavam bêbados de tanto vinho, aplaudindo por nada e conversando alto coisas filosóficas que fariam algum sentido se eles estivessem sãs.

Eles ficavam insistindo que Elinor tocasse arpa. Ela fazia sinais com a mão em recusa, mas no fim cedeu. Era uma música melancólica e folclórica, que representava o poder dos cavaleiros do fogo e a saudade de suas amadas.

Vá, bravo cavaleiro. Lute pelas suas escolhas.

Lute pela sua Legião. Lute com toda honra.

A saudade que sinto não se compara ao orgulho.

Lute meu amado e querido. Lute com toda força.

Os homens estavam todos atentos a ela, concordando com a cabeça e quietos. Sempre era assim: o único momento que se calavam era para ouvir a música.

Seja o fogo, o mais poderoso.

Que arrasa e destrói todos,

Como o coração se uma donzela.

Mas no final, é caridoso,

Aquecendo sempre a mais bela.

Merida amava ouvir sua mãe cantando. Sua voz era suave como de rouxinóis e seus dedos longos eram graciosíssimos ao tocar a harpa. Merida apreciava o dom, mas não tocava e nem cantava com o mesmo esmero.

Caius, o governante dos empregados entrou na sala e fez uma reverencia diante do rei e aproximou-se, cochichando: “Tem um jovem que deseja entrar na cavalaria.”.

Fergus fez que sim com a cabeça, claramente embriagado e gritou para seus cavaleiros:

– Todos, para os estábulos! Peguemos os cavalos e suas lanças, pois hoje improvisaremos um torneio!

Todos os homens gritaram de prazer e levantaram-se simultaneamente a caminho dos estábulos.

O campo era imenso e a noite brilhava com as estrelas. Todos os homens com o auxílio de criados estavam se vestindo com as armaduras brilhantes. As damas da rainha cochichavam e apostavam entre si qual levaria a melhor. Quando eles passavam diante delas, elas soltavam risadinhas abafadas por um paninho.

– Fergus, está de noite e todos vocês acabaram de beber! Não acha que isso não é necessário?

Fergus envolveu Elinor nos braços e disse:

– Se não arriscássemos nunca faríamos nada, Elinor. Deixe-me ser feliz.

E ele beijou a testa dela com um beijo molhado. Quando ele se virou, Elinor limpou a testa escondida. Ele estava com bafo de bêbado.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora