|Hiccup| Lonely

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Soluço cerrou os olhos fortemente, tentando apagar o que acabara de ver, tentando acreditar que isso não passava de um pesadelo.

Mas as lágrimas que caíam em sua camisa eram a prova de que o que acabara de acontecer era real.

Jack se aproximou de Soluço lentamente após ajudar Merida a sair da beira do precipício. Soluço virou a cabeça bruscamente, não querendo olhar Jack.

Ele não entendia e nem sabia por que, mas estava com raiva dele.

Não só de Jack como dele mesmo. Ele nem ao menos pôde se despedir, nem pôde falar com o pai. Por que ele teve que ir assim tão bruscamente?

Ele queria ter ouvido o pai, entendido o que ele gostaria de dizer, porque é claro que o pai dele gostaria de dizer algo. Mas agora estava sozinho. Sem pai e sem mãe.

– Me desculpe. – sussurrou Jack. Ele parecia abatido, mas diferente de Soluço, ele estava duro, seco. Soluço chorava, seu rosto todo grudento de lágrimas.

– Cale a boca. – Soluço balbuciou, não conseguindo parar de chorar. – Você não conhecia ele.

– Ele também era meu pai.

– ELE NÃO ERA SEU PAI! DROGA, JACK, ELE É MEU PAI, SEMPRE SERÁ SÓ MEU! CACETE, VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE NÓS DOIS.

Jack parecia pela primeira vez sem palavras. Merida pegou a corda da mão de Soluço e afagou seu ombro.

– Me dê isso, Soluço, não precisa mais segurar os prisioneiros.

Soluço soltou a mão lentamente, olhando para o nada. Claramente estava traumatizado e... perdido.

Rapunzel fitava os dois de longe. Ela estava sozinha em um canto, tentando ignorar Gothel. Seus olhos estavam avermelhados, pois reprimia um choro.

Depois de um tempo, quando o choro de Soluço se estabilizou, ele disse:

– Sabe o que me dá mais raiva? – ele levantou o olhar, encarando Jack. – Ele não se despediu de mim. Ele falou por último com você, não comigo. É injusto; eu sou o filho dele.

– Ele tem orgulho de você. Faça isso por ele a partir de agora.

Soluço deu um soluço baixinho, reprimindo outra onda de choros.

– De que adianta fazer isso por ele se no final não estaremos juntos de novo?

***

Merida tentou insistir que Soluço descansasse, mas ele não aceitou. Todos saíram rapidamente após ouvir mais sons de desabamento. Era óbvio que já haviam notado que eles haviam fugido.

Elliot, o amigo de Merida, andava a todo o momento ao lado dela perto demais como fosse perdê-la. Soluço andava na frente sozinho, ignorando os prisioneiros. Rapunzel andava um pouco a frente de Merida, não olhando para trás de modo algum, pois Gothel estava lá. Jack ficava atrás de todos, como guarda. Soluço achou estranho o fato de estarem todos juntos novamente, mas ele continuar se sentindo sozinho. Era um vazio dentro dele irreparável.

Soluço mesmo que não vesse, sentia o olhar de seus amigos queimando sua costa. Não havia choro. Pelo menos não mais. Provavelmente não havia caído ainda a ficha de que seu pai nunca mais voltaria para ele, que nunca mais o veria, a não ser em seus sonhos.

Cruelmente as memórias o atingiram. Seu pai o levando para sua primeira aula, seu pai sorrindo e tocando em seu ombro para confortá-lo, seu pai ajudando-o a superar cada aniversário sem a mãe.

Uma mão suave tocou seu ombro e, por mais que o ato fosse o mesmo, o peso da mão era diferente da de pai. Merida estava com os olhos marejados e em um impulso envolveu Soluço em um abraço. Ela sussurrou em seu ouvido, tremula:

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora