Jack sempre se perguntara por que momentos especiais começavam assim, sem avisar, e acabavam tão instantaneamente, sem deixar vestígios.
Sua maior vontade neste momento era reviver esse dia tão maravilhoso. O dia em que pôde ficar junto com Rapunzel a sós e conhece-la melhor.
Quando ele finalmente chegou na casa de seu tio Elijah (ou melhor, a ex-casa do tio Elijah), ele notou que em cima da mesa havia um bolo com um recadinho.
Jack pegou a folha e a leu:
“Estou com saudades, Jackie. Quando nos veremos novamente?
Saudades, Darcy.
Ps: Eu ainda sinto o sabor daquele último beijo que você me deu.”
Jack amassou a folha e arrancou um pedaço do bolo. Enquanto ela ainda trouxer bolo eu aturo esses recadinhos, ele pensou.
Por um momento, Jack sentiu a sua consciência pesada ao lembrar de tio Elijah. Ele nem se esforçara para procurar o seu único parente vivo e agora parecia mais que evidente que sua perda de memória tinha haver com a profecia.
Na hora da janta, Jack decidiu ir até a taberna para comer algo. Enquanto andava, ele observava a lua e Jamie voando ao seu lado. Tudo parecia tão calmo e normal que Jack tinha medo de que algo repentino destruísse toda essa calmaria.
Ele entrou na taberna e alguns de seus colegas o observaram com cuidado. Jack transmitiu a eles um olhar voraz e voltou sua atenção a atendente que esperava para anotar o pedido.
– Cerveja? – a atendente perguntou com indiferença.
– Pão com queijo, na verdade.
A atendente anotou o pedido e deu uma longa olhada nele.
– Talvez eu aceite uma cerveja... – começou Jack com aquele famoso sorriso malicioso.
A moça voltou a atenção nele e disse:
– Eu te aconselharia a ficar sóbrio, para ser sincera – ela começou, olhando o grupo atrás de Jack. – Pois tem um grupinho ali atrás te encarando.
Jack virou-se lentamente e viu os seus colegas rindo da cara dele. Jack se perguntava por que até que seu prato chegou.
Ele tirou o pão e começou a mastigar. Quando se olhou no reflexo do preto teve um susto. Parecia que ele acabara de tomar uma surra.
Seu cabelo estava todo imbramado e duro, provavelmente por causa do banho de cachoeira. Sua boca estava um pouco inchada no lábio inferior e suas roupas amarrotadas de terem secado ao ar livre após ficarem encharcadas. Jack nem tivera a preocupação de tomar banho.
Não que ele não gostasse de tomar banho – na realidade ele adorava – mas ele estava com tantos problemas para se preocupar que tomar banho não estava na lista de principais obrigações a fazer.
Ele passara o resto de sua tarde procurando evidência da profecia no quartinho de seu tio. Nada parecia comprovar sua repentina absorção da areia negra do mal.
– Não olhe muito não, Furacão. Você pode se apaixonar pela minha beleza excepcional.
Os amigos, ou melhor, capangas de Furacão emitiram um risinho que eles engoliram com o olhar raivoso de seu chefe.
– O que você está insinuando, Frost? Até este momento eu poderia jurar que você se interessava por meninas! – Furacão provocou.
Jack se levantou, dando uma última mordida em sua janta.
– Os seus dons para piadas não são tão bons quanto o meu, Furacão. Além de eu ser absolutamente charmoso eu sou extremamente superior a você por inteligência, meu caro. Estou dizendo que você pode se apaixonar por mim, porque afinal, não importa qual seja seu sexo para você não se surpreender com minha beleza arrebatadora.
Furacão fechou o punho para socar a cara branquela de Jack. Mas antes que pudesse, Jack desviou.
– Oh, que tragédia! Minhas sinceras desculpas por ter destruído sua visão com meu brilho arrebatador! Eu sei, eu sei, eu me controlo para não sair por aí cegando todos com minha ótima aparência, mas às vezes acontece, sabe? Eu não consigo me controlar.
Uma pequena plateia se juntara para assistir o espetáculo de Jack. Isso porque eu nem bebi, pensou Jack.
Um grito feminino entoou de fora da propriedade tirando todos do clima de descontração para preocupação.
Vários homens saíram correndo, inclusive Jack. Uma mulher chorava segurando uma criação de mais ou menos sete anos.
– Meu filho, meu filho... – ela repetia inconsolável.
– O que aconteceu com seu filho, senhora? – perguntou um dos homens que bebiam na taberna.
Um homem ao seu lado que a consolava – provavelmente seu marido – respondeu com amargura:
– Algum grupo de desgraçados deve estar trazendo a Epidemia de Breu de volta. Meu filho mais novo, meu único garoto foi atacado por esse mal que tanto matou no passado. Eu quero justiça!
Essa última palavra soou como um rugido, de tão aparente estava sua raiva. A pobre mãe chorava aos seus pés.
– O rei precisa saber disso agora! – gritou um homem ao lado de Jack.
– Isso só pode ser obra de algum feiticeiro contratado pela Legião do Fogo para nos destruir! – continuou um velho que assistir junto à cena.
– Rei Luft disse que a guerra aconteceria, mas acho que temos que começar imediatamente! – gritou outro homem que acompanhava o caso.
Jack olhou ao seu redor e percebeu que muitas pessoas observavam o caso revoltados. A profecia se cumpria.
Ele tinha que parar. Ele tinha que fazer algo para acalmar. Ele tinha que fazer alguma coisa.
Ele se lembrou de seu tio. Ele queria fazer algo para ajudar essa família, mas como ele, eles haviam perdido um ente por esse mal. No fundo ele queria vingança. Ele queria participar da guerra.
Mas lembrou-se de que Merida precisa de sua ajuda para eles concluírem a profecia e combater uma guerra que destruiria a Legião da ruiva não ajudaria em nada com isso.
Jack saiu do aglomerado de pessoas e voltou para a casa, fechando a porta atrás dele com rancor.
Uma poeira negra rastejava no chão, sumindo para a porta da sala de seu tio. Outra porção da mesma substância se corroía pelo teto e parede. A areia rastejava até o seus pés.
Jack piscou os olhos e nada mais havia. Ele abanou o pé por precaução e levou em consideração se ele estava louco.
Jack gritou. Não de dor nem de pavor, mas sim de frustação. Um grito no vazio, sem ninguém para perguntar o por quê, ou acalmá-lo.
Jack então decidiu pegar pouco de suas coisas e junto com Jamie e a lua caminhar até seu novo lar.
Ele não podia mais ficar um segundo sequer morando nessa casa solitária e assombrada pelo seu passado desconhecido. Ele precisava de companhia.
E Soluço foi a melhor opção que ele poderia ter. Um amigo tão solitário e problemático quanto ele.
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The Big Four - Guerra das Legiões
Hayran Kurgu"Há um lugar. Um lugar longe, mas tão perto. Um lugar pequeno, mas tão imenso.Um lugar cheio de magia..."Uma espécie especial vive nessa terra. Essa espécie com quatro raças: a raça do fogo, água, terra e ar.Mas uma se sentia mais importante que a o...