|Hiccup| Ultimatum

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Dizem que a dor muda as pessoas.

Que, ao você tomar um choque de realidade e precisar a agir sozinho, não há mais volta: você muda. Um pouco de magia no mundo se perde e você começa a ver o mundo com mais racionalidade.

E para Soluço não foi diferente. Ele parara de agir como se tudo fosse uma grande brincadeira. Se fosse para terminar essa missão, que terminasse do melhor modo possível. Suas chances de sucesso? Mínimas. Mas se agarraria nelas e, se precisasse se sacrificar pelo bem das legiões, se sacrificaria.

E foi isso que aprendeu com seu maior herói, seu pai.

Jack e Soluço saíram da sala logo depois de seus amigos se transportarem. O olhar de Jack era selvagem e perigoso, o que assustava Soluço tanto quanto o sangue na sala. Jack nunca deixava suas emoções transparecerem e agora estavam tão... aparentes.

Soluço não queria confessar, mas teve medo do irmão quando o viu matando o falso tio. Eles duelaram e estranhamente Jack tinha tanta técnica de combate quanto o falso tio. Um golpe ali, defesa aqui, movimentos graciosos, não dava para saber quem estava em vantagem. Mas então, tão rápido como começou, rápido terminou. Jack conseguiu desarmar o tio, a espada voando ao lado. Jack não hesitou em enfiar a lâmina bem no fundo do estômago de Elijah.

E foi isso que assustou Soluço: ver Jack lutando tão naturalmente e matando sem nem ao menos hasitar ou ponderar que ali estava o homem que ele acreditou ser seu tio.

– Você sabe pra onde está indo? – perguntou Jack, tirando Soluço de devaneio.

– Hum, não. – Soluço respondeu com sinceridade. Estava absolutamente perdido.

– Você já pensou na probabilidade de Breu estar no banheiro? Ele saiu tão rápido que eu imaginei que ele poderia estar apertado.

Soluço não queria rir, então fez uma careta em resposta:

– Cara, ele é um deus.

– Está querendo me dizer que deus não caga?

Certo. Desta vez não deu para não rir.

– Droga, Jack. Hoje eu só vi mortes e desgraças e você me faz rir.

– Por isso mesmo. – Jack sorriu para Soluço, o que deu a ele certeza de que o velho Jack Frost estava ainda ali. – Chega de desgraças por hoje.

O corredor que eles andavam parecia não ter fim. O castelo de Breu era estranho, pois não era luxuoso. Era escuro, grande demais e vazio. Sem tapeçaria chique, quadros ou empregados lustrando janelas. Apenas breu.

– Nós nunca acharemos ele nesse castelo gigante. – Soluço disse, quebrando o silêncio depois de caminharem por três cômodos distintos.

– Só continue andando.

Soluço estava exausto. Suas pernas estavam duras e, se tentasse correr, ele achava que quebraria. Jack brincava com sua lâmina da espada quando perguntou:

– Elliot é doidinho pela sua garota. O que achou dele?

Soluço notou que Jack sorria de modo safado, com total interesse.

– Eu não sei.

– Como não sabe? Cara, ele viveu com ela e beijou ela antes de você. De verdade, o que achou de Elliot?

– Ele parece ser inteligente.

– “Ele parece ser inteligente.”. Você me dá sono, Soluço.

– Você quer que eu fale o que? Que ele é um moreno alto, bonito, inteligente e habilidoso? Por favor, Jack.

– Tudo isso, é? Bem, mas sinto que Merida não gosta dele.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora