Capítulo Quatro: Confissão

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Levei-o para dentro do banheiro, abri a primeira porta da fileira de sanitários à minha frente, baixei a tampa do vaso e o coloquei sentado. Tranquei a porta para não ser incomodado por ninguém.

— Pronto, Wal, agora me diz o que você viu? — Cruzei os braços. Não tinha como ele fugir, estava encurralado.

— Foi horrível, cara… horrível.

— Desembucha logo.

— Vi uma abordagem estranha fora do colégio e, como você sabe o quanto sou curioso, saí para ver melhor. Eram quatro homens comuns, a conversa seguiu normalmente, apesar de não ter ouvido nada do que falavam, mas então repentinamente dois deles começaram a atacar seus companheiros em uma luta corporal. Foi rápido nocautear os dois caras devido à ação inesperada. Vi quando arrastaram os dois até o rio, desaparecendo em seguida. Corri até eles, chegando a tempo de ver um tipo de possessão demoníaca. Os dois caras nocauteados foram obrigados a engolir dois tipos de criaturas redondas e peludas vivas. Eram monstros horríveis, Shay.

— Você correu diretamente para o perigo? — disse chocado.

— Tapei minha boca para não denunciar minha presença, fiquei assistindo tudo. Logo depois, seus olhos brilharam como labaredas. Fiquei paralisado como um idiota até eles perceberem minha presença, apontaram para mim e começaram a correr em minha direção.

— Foi aí que você entrou correndo, alertando o pessoal de alienígenas invadindo Beverly Falls.

— Isso mesmo — disse com as mãos em sua cabeça. — Agora eles vão vir atrás de mim, Shay, serei caçado ou morto, sei lá o que eles podem fazer comigo. Estou com medo.

— Eiii… ninguém vai te machucar. — Inclinei-me até ele, segurando sua mandíbula para que pudesse olhar para mim. — Eu vou te proteger.

— Você acredita em mim?

— Por que não? Eu te conheço, Wal, assim como você me conhece. Tá certo que não vi o que você viu, mas se tem uma coisa que você não é, é mentiroso.

— Obrigado, amigo. — Wal se levantou para me abraçar.

Retribuí seu abraço e percebi que suas mãos tremiam. Nunca o vi daquele jeito.

Ouvi o sinal tocar, indicando o término da primeira aula.

— Agora fica calmo e vamos voltar para a sala. Há uma prova de matemática para estudarmos.

— Não sei se vou ter cabeça para isso. Ainda estou assustado com o que vi, terei sérios problemas psicológicos futuramente — disse, recostando no vaso.

— Meninos? — Ouvimos Violet nos chamar pelo lado de fora.

— Só um segundo — respondi de volta. — Vamos, eu vou ficar de olho em você, tá bom?

— Por favor, faça isso — implorou Wal, ficando de pé.

Abri a porta do cubículo e vi nossa amiga nos esperando enquanto segurava a porta entreaberta. Estava tão preocupada quanto uma mãe para com o filho.

— Ele tá bem?

Ia responder quando Wal disse primeiro:

— Shaylan me tranquilizou. Vou sobreviver. A crise já passou.

— Você me assustou, gatinho. — Ela o abraçou. — Depois me conta tudo direitinho.

— Tá bom.

— Só não liga para o que seus colegas vão dizer, sua cena vai ser lembrada por um bom tempo.

— Não me importo. — Wal deu de ombros. — Logo eles vão perceber que eu estou certo e esses cochichos vão desaparecer quando verem que serão os próximos alvos.

Eu e Violet trocamos olhares preocupados. Nenhum de nós quis comentar, andamos lado a lado de mãos dadas até a aula seguinte.

Fiquei muito incomodado com as últimas palavras de Wal, que ainda martelavam nitidamente em minha mente: “quando verem que serão os próximos alvos”.

Uma parte de mim queria muito acreditar que tudo aquilo não passava de delírio. Como eu estava enganado quanto a isso.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora