Capítulo Quatorze: Hora de Agir

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No final, Willian e mais um garoto quiseram nos acompanhar nessa missão de reconhecimento, não me considerava um bom líder para guiá-los, mas não adiantava discutir, seria perda de tempo - perda essa que poderia custar a vida de minha mãe. Por fim, precisávamos primeiro subir ao telhado do colégio para ter uma visão ampla de aonde poderíamos ir e onde os alienígenas estariam (isso facilitaria nossa inspeção, pois ser pego no meio dela não seria nada divertido). Felizmente, estávamos no último andar, nos facilitando a chegada até lá. Bem que o colégio poderia investir em um terraço.

Entramos pela porta restrita onde a placa dizia: Somente funcionários. Nela só havia uma única escada grande o suficiente (mais do que eu imaginara) para podermos alcançar o teto acima de nós. Abrimos a escada e logo me dispus a subir. Passaram-se alguns segundos até que os outros me seguissem, e logo todos estavam atrás de mim.

— Ai! — resmunguei. Ouvi alguns grunhidos e gemidos abaixo de mim ao perceber que os outros acabaram se amontoando uns contra os outros até conseguirem parar.

— Você está bem? — indagou Adam.

— Bati minha cabeça na porta sem querer.

— Cuidado, cara.

— Pode deixar.

Forcei minhas mãos a empurrar a porta para cima, ainda bem que estava aberta e não trancada como costumava ficar para alguns alunos não usarem o lugar para matar aula ou causar confusão. A luz do lado de fora invadia aquelas paredes escuras, cerrei meus olhos para que eles se acostumassem com a claridade. Eu subi no telhado após me firmar nas telhas para pegar impulso. Ajudei um a um a subir, logo nós quatro estávamos em pé de frente para uma vista completa do colégio e da cidade onde morávamos.

A minha casa estava logo ali, mais ao lado, a casa de Violet e Wal. As ruas do Campus, Perry e Vernon estavam vazias, nenhum alienígena à vista. Nenhum sobrevivente pedindo por socorro. Estar no telhado tinha um lado bom, poder sentir a brisa era confortante. Queria abrir meus braços e me entregar praquela sensação, se não fosse pelo cenário pós-apocalíptico à minha frente.

— Abaixem-se — disse um dos meninos.

Não sei o que ele viu, mas obedeci, voltando à realidade.

— O que você viu? — perguntei.

— Tem movimento ali. — Apontou atrás de mim. Tive que mudar minha posição para poder enxergar melhor.

Vimos Wal, Danton e muitos outros em um grupo perto do campo de futebol. Agradeci por nenhum deles terem nos vistos. Os alienígenas conversavam, a meu ver, assuntos de guerra, como quais seriam os próximos passos que dariam a seguir.

— Precisamos tirá-los daqui — Willian falou. — Já pensaram em atraí-los para fora e tomarmos o colégio como nossa base?

— É um plano ousado e poderia nos dar uma vantagem, na teoria — respondeu Adam. — Só temos um grande problema...

— Acho que já captei sua mensagem — disse o garoto. — Para dar certo, teríamos que usar alguém como isca.

— Não diria usar — falei. — Precisamos de um voluntário para essa missão suicida. Só queria saber quem gostaria de ter esse peso nas costas.

Ninguém falou mais nada, pois sabiam que poderia ser qualquer um se quisesse que o plano desse certo, sabia que nenhum deles queria ser o voluntário. A vontade de viver e lutar era muito maior do que se voluntariar para ser possivelmente capturado.

Eu não queria ser essa pessoa. Querer ir para fora e procurar pela minha mãe, não me fazia ser a cobaia perfeita, não quando seria perseguido até poder me livrar deles, o que me levaria para muito longe da minha casa se quisesse despistá-los com sucesso. Definitivamente, eu não seria o voluntário, afinal, estavam comigo mais três homens. Ao seguirmos em frente com o plano, um de nós acabaria sendo a cobaia de um jeito ou de outro.

— Qual é o plano, Shay? — Adam ficou ao meu lado, nossos ombros se encostando. Quem dera tivéssemos esse tipo de contato antes de tudo isso acontecer. O lado bom de tudo isso é o fato de ter-nos aproximado de uma forma natural para lutarmos por uma causa

— Vamos descer pelo outro lado, tem um segundo telhado abaixo de nós. Pensei em fazermos uma escadinha humana para não fazer muito barulho.

— Boa ideia. Mas não vou seguir caminho sem, pelo menos, levarmos uma arma comigo.

— Você sabe que elas não são de verdade, né?

— Violet me contou tudo enquanto estávamos no esconderijo. Mesmo não sendo de verdade, Wal deixou tudo pronto com dardos estimulantes que simulam ferimentos a bala. Seu amigo é um gênio, sinto muito mesmo por termos o perdido nessa guerra. Ele saberia como revidar.

— Nós também sabemos, Adam. Temos que saber nos virar sozinho. — Levantei-me para entrar de volta. — Você tem razão em nos prepararmos com algum armamento. Lá em casa tem uma arma que é muito importante para mim. Com ela em mãos, posso me virar sozinho.

— Onde você vai? — questionou Willian.

— Vou me preparar para sair, agora que estudei o perímetro, melhor agir o quanto antes deles decidirem sair pelas ruas e nos pegar no flagra.

Os demais me seguiram e, quando voltamos para a sala, Violet veio até mim querendo saber sobre o que fizemos lá em cima. Contei para ela o que vimos e que já estávamos prontos para partir, só precisávamos de armas.

Willian abriu o baú e foi o primeiro a escolher a sua. Era um rifle AEG M4A1 CM16, Adam escolheu uma pistola Desert Eagle Slide Metal CM121, o outro menino (cujo nome ainda não perguntei) escolheu um soco inglês com lâminas e, da minha parte, escolhi um revólver a gás M-19.

Agora estávamos prontos. A hora de agir chegou e eu estava pronto para descobrir se minha mãe era um deles ou não.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora