Três meses depois, eu passei a frequentar nos finais de semana a casa de Adam. Sua mãe adorou a notícia de nosso relacionamento, ao contrário do pai, que ficou frio e apático (sabia que teria que engolir a sexualidade do filho querendo ou não).
Sempre jogávamos Banco Imobiliário antes de dormir, um jogo de tabuleiro com o qual eu aprendia a cada rodada como ter muito lucro e terrenos ao meu favor. Às vezes, eu mais perdia do que ganhava e isso me deixava bravo, mas Adam sabia como me acalmar. Quando ele percebia essa minha mudança de humor, ficava em meu colo, brincando com meus cabelos enquanto me beijava calorosamente. Meu mau humor mudava rapidamente. O resto você já sabe.
Sempre dormíamos juntos, abraçados como se pudéssemos ser um só. Foram os melhores meses da minha vida, até eu ter um pesadelo do que viria para Beverly Falls naquele ano.
A viagem astral me levou para fora da cidade, me via dentro de um bosque desconhecido e, no centro de uma clareira, estavam seis mulheres trajadas com mantos escuros, entoando orações em uma língua estranha. Andei por entre as árvores para poder enxergar melhor quem estava no centro, onde havia um pentagrama e, em cada ponta, uma vela acessa com as chamas dançando em meio ao vento.
Vi uma linda garota coberta por um manto vermelho, ela se parecia com a Chapeuzinho Vermelho dos contos de fadas.
No meio de suas orações, ouvi um nome conhecido, mesmo falado em outra língua: Lilith.
O vento se agitou, as chamas das velas se apagaram e o ar começou a ficar mais gelado. Apesar de sentir o frio, Adam me ensinou a como controlar minha temperatura corporal quando estava viajando no astral. Nisso, eu lembrei que poderia desejar entender a língua daquelas mulheres e assim aconteceu.
— O ritual está completo — disse a líder. — Agora, você poderá se infiltrar em Beverly Falls para encontrar o hospedeiro da nossa rainha.
— Misture-se com as pessoas — orientou outra. — Ganhe sua confiança para que nenhuma suspeita caia sobre você.
— Farei como vocês me mandarem — disse a menina em um tom leve e sereno.
— Só tome muito cuidado com o ascendente — uma terceira acrescentou. — Identifique-o e acabe com ele antes que ele possa entender mais ainda sobre seus dons e consiga olhar através de você seus verdadeiros motivos.
— Esse encantamento irá bloquear qualquer investida dentro de sua mente — concluiu a líder. — Mas lembre-se de que ele não irá durar muito tempo.
— Quanto tempo tenho?
— A magia dura por quatro meses. Você irá perceber os sinais quando ela estiver enfraquecendo. Até lá, terá que ser rápida e cautelosa.
— Obrigada pelas informações, mães. — A menina levantou seu rosto, revelando uma aparência angelical, vi alguns fios de cabelo caídos sobre seu rosto, o que me fez deduzir que ela tinha cabelos longos e lisos. Eram negros como a noite. Seu olhar era maduro e decidido.
— Antes — disse uma quarta. — Preste atenção no que vamos mostrar agora. Você irá aprender a como identificar um intruso que bisbilhota sua vida.
Meu corpo automaticamente paralisou, não pela minha vontade, mas pelo poder que vinha daquela bruxa.
— Irmãs, temos um convidado indesejado em nosso grupo.
— Prendeu ele, irmã?
— Ainda tenho o controle sobre ele, mas logo irei perdê-lo.
Uma das mulheres se dirigiu até mim com seus olhos brilhantes como fogo. Não sei como, mas ela pegou fortemente em meu pulso esquerdo, me dando uma queimação insuportável. Ela falou em sua língua estranha. Dessa vez eu entendi o encanto, era uma maldição.
— Você será o portal para Lilith entrar em nosso mundo, não adianta fugir ou se esconder, pois essa marca da maldição estará contigo aonde quer que vá e nem pense em apagá-la, agora ela faz parte de sua carne.
Tentei tirar minha mão à força, mas não conseguia me mexer. A queimação já começava a me incomodar quando eu gritei com todas as minhas forças.
— ME SOLTA.
Antes de despertar, vi todas as mulheres voarem para trás, juntos com as velas. As árvores se agitaram e o solo da terra tremeu, apagando o desenho do pentagrama.
Despertei em um pulo, minha testa estava suada e minha respiração, ofegante. Só percebi que apertava a mão de Adam quando ele se levantou para ficar ao meu lado.
— Ei, amor. Você está bem? — perguntou com um forte abraço.
— Tive um pesadelo horrível. — Abracei-o, colocando minha mão em seu peito forte.
Saber que ele estava ao meu lado me deixava mais tranquilo. Estava seguro novamente, ninguém poderia me machucar.
— Quer falar sobre?
— Agora não, amor. Quando levantarmos, eu conto com mais calma, tudo bem?
— Tudo bem.
Levantei-me para ir ao banheiro. Lá dentro, acendi a luz e rapidamente estendi meu braço direito em frente ao espelho, puxei a manga da camisa do pijama. Abaixo do punho, havia uma imagem de correntes entorno de um cérebro, tão recente que minha pele estava vermelha entorno dela.
Sabia que não era um sonho. Eu havia sido marcado de verdade para trazer para Beverly Falls uma das criaturas demoníacas mais antigas, da época da criação.
Lilith viria para o mundo dos homens e eu seria a chave para aquela conexão. Precisava retardar o processo. A todo custo.
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Night Hunters (Concluído)
AdventureBevery Falls não tinha nada de incomum - uma cidade monótona até. Tudo seguia seu rumo equilibrado para Shaylan que tinha preocupações mundanas - como passar nas provas de segunda-feira das quais não estudou - até que o chamado de seu amigo Walter s...