Capítulo Trinta e Um: Entre a Saída e o Desespero

6 1 0
                                    

Eu e Wal conversamos muito sobre o que aconteceu depois que ele foi sequestrado. Quando se acalmou, percebi como meu amigo ficava excitado com tudo o que ouvia, seu rosto se misturava a muitas expressões, parecia um bipolar. Zeus, pelo visto, gostou muito do meu melhor amigo logo de cara, pois ficava em cima de seu colo lambendo-o toda hora, tive que tirá-lo à força, mesmo que Wal não demonstrasse incômodo com tanto carinho.

— É muita coisa para processar — Wal falou seriamente. Nem mesmo parecia se incomodar com parte da gosma em sua roupa. Ajudei a limpá-lo com minha camisa, já estava suja afinal de contas. — Ainda mais sabendo que tem um clone meu andando por aí. Vou procurar me virar aqui com essas informações, enquanto achamos uma saída. Queria muito saber em que parte de Beverly Falls estamos.

— Opa, nisso eu posso ser útil. — Thomas nos deixou aliviado. — Colhi bastante informação sobre esta cidade enquanto estava sob o controle do doutor louco. Conheço este subterrâneo como a palma da minha mão. E sim... há uma saída que leva diretamente ao Colégio Loudonville.

Cada um de nós ficou impressionado, Wal tinha razão quando dissera que era muita informação para processar.

— Esse lance de projeção astral me interessou e muito — Wal falou empolgado. — No final disso tudo, vou querer falar com vocês dois — dirigiu-se a Adam e Violet.

— Justo — disseram ao mesmo tempo.

— Vamos nessa então — Thomas comandou.

— Só um momento — disse Violet. — Wal, acho que você vai gostar dessa espada. — Logo, ela lhe entregou a espada reptiliana, deixando meu melhor amigo estupefato. Sabia que ele era fã de espadas.

— Obrigado, Vi — Wal respondeu, dando-lhe um forte abraço. — Nunca vi você manejar algo assim.

— Essa espada era de um draconídeo que Zeus conseguiu matar — explicou. — Fácil de manejá-la.

Wal testou uns ataques básicos, sentindo-se muito confortável com ela em suas mãos, assim como eu me senti.

— Maravilha, agora posso lutar.

Seguimos em frente até voltarmos ao salão principal, ignoramos o cadáver do doutor reptiliano, e nos dirigimos à porta à esquerda, entrando em mais um corredor. Seguimos em frente com a pouca iluminação que as lâmpadas nos proporcionavam até Thomas parar repentinamente no meio do corredor.

— Ops — disse inocentemente. — Esqueci algo muito importante lá na sala de controle. Já volto.

Nem deixou espaço para fazermos perguntas, correu rapidamente, sumindo na escuridão. Logo voltou com um controle nas mãos.

— Agora teremos uma carta na manga para caso estivermos sem saída. — Riu travesso.

— O que seria isso? — Adam falou por todos.

— Este controle, meu caro lobo, irá libertar todas as criaturas que estão aqui presas.

— Só tem um empecilho nesse seu plano, amigo — Wal falou educadamente para não magoar Thomas.

— Qual?

— Pelo que sei, essas criaturas são selvagens, você pode me dizer se elas não vão nos atacar?

Boa pergunta. Esse é o meu garoto.

— Já pensei em tudo, garotão — Thomas disse convicto. — Posso falar com cada uma dessas criaturas telepaticamente em sua própria língua. Esse é um dos meus dons e habilidades. Fora que elas sabiam desde o começo que estavam sendo usadas pelo doutor louco. Eles já estão mais calmos agora que terão sua liberdade, só pedi para que eles ficassem prontos para quando a hora chegar.

Incrível como estávamos tendo vantagem estratégica naquela guerra. Queria muito poder comemorar, mas não queria ter expectativas assim tão fortes.

Depois disso, seguimos pelo corredor virando à esquerda e à direita, passando por um duto de ventilação e até mesmo perto do rio Black Fork Mohican. Podia ouvir o som das águas seguindo seu rumo acima de nós.

— Finalmente chegamos ao corredor que nos levará diretamente ao colegial — Thomas falou tão animado que nós gritamos de prazer.

Nossa alegria durou pouco, atrás de nós, sussurros e ameaças ecoavam pelos corredores. Provavelmente eram os outros alienígenas que não tínhamos visto aquele tempo todo e, pelas várias vozes, diria se tratar de um grande grupo.

— Puta merda. — Adam soltou um palavrão.

Ia falar “olha a boca, mocinho”, mas Wal já havia dito antes de mim.

— Desculpe.

— Vamos correr agora — Violet orientou, pegando Zeus no colo.

Pensei em fazer meu cachorro lutar por nós, mas aí lembrei do curto espaço que tínhamos ao nosso redor. Até mesmo havia me esquecido do quão claustrofóbico era.

Corremos sem olhar para trás, os corredores se enchiam de ruídos de passos longos e apressados. Os outros aliens nos ameaçando logo atrás.

Deparamo-nos com uma escada longa cercada por barras de ferro, teríamos que passar de um em um às pressas. Felizmente, fizemos isso em ordem, apesar da adrenalina ser grande. Thomas foi o primeiro a subir e Violet, a última, ela era boa em combate e ágil em escalar. Eu fui o terceiro a subir, ficando à frente de Adam e Wal atrás de mim.

Vi que a escuridão do corredor sumia conforme Thomas abria passagem para cima, tirando um piso do colégio com facilidade.

— Mas o quê? — Ouvi a voz de Willian acima de nós. Pelo seu tom, diria que ele estava incrédulo com o que via.

Quando subi, encontrei-o no chão com seus olhos arregalados, absorvendo aquelas pessoas que saíam do fundo da terra para o corredor do colégio. Me passou uma sensação nostálgica assim que visualizei o corredor como um todo.

— Afastem-se — Willian ordenou furioso, levantando-se rapidamente com sua arma já pronta, seu dedo no gatilho. Ele mirava… essa não.

Não podia falar, apenas agir, seu alvo era meu melhor amigo. O ódio em seus olhos denunciava sua intenção homicida. Consegui empurrar Wal com meu ombro, desviando do primeiro dardo estimulante que foi disparado em direção a sua testa.

Caímos no chão e rapidamente fiquei em cima de Wal como um escudo humano. Sua espada caíra para o lado oposto, afastada por centímetros. Meu melhor amigo não conseguia entender o que estava acontecendo, mas viu pela minha expressão que ele era o alvo de Willian.

— Rápido, fechem o piso. — Ouvi Violet dizer atrás de mim. — Eles estão vindo.

Maldição, teria que deixar meus amigos resolverem aquilo por mim.

— Espera, cara, Wal não é um deles. — Adam tentou tirar a arma de airsoft das mãos de Willian, mas não a tempo de impedi-lo de disparar mais um dardo que acertou a perna do meu melhor amigo.

Vi Wal gritar de dor de uma forma agoniante que mexeu com meu subconsciente. Aquilo foi a gota d’água. Estava tão furioso que fiquei fora de mim. Saí de cima de Walter e me atraquei com Willian como um animal, como Zeus havia feito com o draconídeo. Desferi socos e chutes enquanto rosnava de ódio.

Adam tentou me tirar de cima de Willian em vão, pois eu o empurrei automaticamente. Meu foco era Willian, queria machucá-lo.

— Vai ser assim, seu filho da mãe — Adam resmungou, mas não estava nem aí.

— Parem com isso vocês dois — Thomas gritou ao lado de Violet.

Provavelmente sobrou para os dois fecharem o piso. Pelos resmungos, diria que estavam tendo dificuldade.

O corredor se tornou um caos total, os aliens gritando abaixo de nós. Eu gritando de ódio em cima de Willian que gritava para eu parar enquanto se defendia e me batia ao mesmo tempo. Zeus latindo perto de mim, ameaçando avançar em nós dois.

Só sei que fui tirado à força de cima de Willian por Adam que agora me levantava como um boneco. Ele conseguiu me domar na força bruta ao prender minhas duas mãos entre seus braços.

Nem tinha percebido que o corredor havia enchido com os demais colegas do colégio, olhando aterrorizados para meu grupo. Explicar o que aconteceu ia ser um saco.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora