Capítulo Trinta e Dois: Fim da Resistência

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— Alguém faça alguma coisa — Violet exigiu aflita.

Quando me acalmei para ajudá-la, o piso foi atirado com violência para cima de nós, o corredor passou a ficar cheio de aliens tentando nos agarrar para levarem até aquela prisão.

Apesar de todos estarem armados, apenas alguns atiravam, evitando os pontos vitais. Os aliens subiam aos montes, um em cima do outro como zumbis.

Passamos a lutar por nossas vidas. Wal lutava com um alien masculino trocando socos enquanto rolavam no chão. Retirei minha espada pronto para agir, Zeus ao meu lado me dando cobertura. Fui até meu melhor amigo matando qualquer alien que vinha em minha direção. O sangue que sujava o corredor e minha roupa não importava para mim.

— O que você tá fazendo, Shaylan? — Willian censurou-me. — São nossos colegas, mano.

— Não, não são — rebati irritado quando finalmente alcancei o alien que estava enforcando Wal.

Trespassei sua garganta com minha catana, espirrando sangue no rosto de Wal. Ele murmurou de desgosto com o líquido em seu rosto, tentou limpá-lo com o dorso da mão, sujando mais ainda.

Tirei o corpo morto do alien de cima de meu melhor amigo, o sangue que escorrera de seu pescoço sujara a roupa de Wal pela metade.

— Obrigado, cara.

— De nada, maninho. — Peguei sua mão, levantando-o.

Limpei seu rosto com parte de minha camisa. Logo peguei sua espada, entregando-lhe para poder se defender do caos atrás de nós.

Não tinha percebido que Willian lutava contra os aliens junto de Zeus, nos dando cobertura, meu foco estava em Wal. Queria ver com meus próprios olhos se ele não estava machucado.

Peguei sua mão, levando-o até o final do corredor onde pudéssemos ficar a sós, mas, ainda assim, atentos às investidas de alguns que se atreviam a se aproximar.

— Como está sua perna?

— Dolorida, mas vou sobreviver.

— Pode me explicar o que está acontecendo. — Willian chegou até mim. Segurou meu ombro para que eu não fugisse.

Agora estava calmo em relação a ele, mas não com paciência para explicar o que acontecia ao nosso redor.

— Desde quando Adam tem garras, dentes afiados e olhos vermelhos? E que armadura é essa? E esse cachorro feroz que parece ser outro alienígena?

— Ele é um lobo — eu e Wal dissemos ao mesmo tempo.

— E essa armadura tirei de um draconídeo que meu cachorro Zeus, um cão do inferno, matou para me proteger — disse tudo de uma vez tão natural que pensei que Willian poderia até ter entendido.

— Como?

Previsível.

— Te explico assim que matar esse alien! — Wal falou ao manejar sua espada. Tomou a nossa dianteira, acertando o coração de um dos aliens que vinha até nós.

Meu melhor amigo era muito bom.

O segundo foi detido por Willian, que atirou um dardo estimulante em sua testa e o terceiro eu dei cabo cortando sua cabeça em um único golpe.

— Acabamos de saber que esses aliens não estão usando os corpos de nossos amigos. São apenas aparências temporárias das pessoas que eles possuíram para poderem andar livremente por Beverly Falls. Os verdadeiros estão abaixo de nós, hibernando em um casulo gosmento — Wal explicou calmamente.

Willian coçou a cabeça com tanta informação chegando. A reação dele seria provavelmente a reação dos demais.

— Isso é loucura, cara.

— Bem-vindo a Beverly Falls — disse sarcasticamente.

Quando os aliens perceberam que iriam perder, decidiram mostrar sua verdadeira aparência. Cada um se transformou em um reptiliano alto e forte. Deu a entender que eles forçaram sua verdadeira aparência para se livrarem daquela forma limitada e fraca de seus hospedeiros.

— Separem-se — alguém gritou.

Cada um obedeceu como uma deixa para sair dos corredores. Vi Adam, Violet e Thomas subirem as escadas procurando outro terreno do qual pudessem lutar melhor. Já para mim, Wal e Willian, dois reptilianos passaram a correr em nossa direção. Zeus queria lutar, mas eu o impedi, pedindo para que nos seguisse. Demos no pé rapidamente. Incrível como o corredor parecia longo quando estávamos sendo perseguidos.

Nem se quer paramos parar trancar a porta, saímos para a quadra de esportes. Vi ao olhar para trás que os portões estavam fortificados com estacas de madeira (provavelmente feitas com as mesas do colégio), eram bem-feitas e perigosas ao ponto de os demais aliens que ficaram do lado de fora não conseguirem entrar. O estranho era o fato deles não se transformarem em suas formas verdadeiras como os outros. O que me fez pensar se eles não podiam, como se aquela aparência fosse a única que eles podiam usar no momento, deixando-os bem vulneráveis.

Isso era um bom sinal para nós.

Zeus a nossa frente se transformou em um reptiliano igual aos nossos inimigos. Aquilo me chamou a atenção. Não só não esperava por isso, como achava que ele fosse um cão do inferno. Quem era Zeus de fato?

— Seu cachorro é um deles? — Willian falou vacilante. Percebei que ele não admitiria, mas seu medo estava nítido para mim.

— Um animal transmorfo talvez? — Wal chutou. — Como o Mutano dos Jovens Titãs.

— Pode ser — disse em posição de ataque. Procurando uma brecha dos reptilianos para poder ir até lá e ajudar Zeus que lutava por igual, mesmo em desvantagem. — Estou impressionado com como vocês conseguiram construir uma barreira tão útil em poucos dias — disse com um leve sorriso, apesar de ter dois reptilianos a nossa frente, prontos para atacar. Precisava diminuir a tensão entre nós três, pelo menos tentar.

— Obrigado. Fiquei em cima de todos os meus colegas, fazendo com que trabalhassem por um dia inteiro sem descanso. Taí o resultado.

— Vamos precisar trabalhar em equipe para derrotarmos esses aliens — Wal falou seriamente. — Willian, procura mirar em seus olhos quando tiver oportunidade, eu e Shaylan vamos tentar distraí-los para ficarem longe de você, Zeus vai nos dar cobertura.

— Podemos vencer se luta…

Fui interrompido por um dos aliens que gritou acima de nós. Olhei na direção do som e vi o alien com a aparência do meu melhor amigo com uma adaga presa ao pescoço de Violet. Eles estavam no telhado para que todos pudessem vê-los.

Não resisti e olhei para meu melhor amigo, ele estava de boca aberta de uma forma que seria engraçada se não fosse tão sério. Não o culpo, ver um sósia de si mesmo ameaçando sua melhor amiga não devia ser nada fácil. Logo veio Adam e Thomas, imobilizados pelos reptilianos. Percebi que, quando se debatiam, os aliens apertavam seus pescoços, ameaçando.

Parecia que aquele era o fim da linha para nossa resistência. A defesa absoluta acabara de desmoronar.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora