Saímos do Colégio Loudonville quando não vimos mais nenhum alienígena rondando pelas ruas do Campus, Perry e Vernon. A missão foi um sucesso. Agora começava a principal: vermos em nossas casas qualquer mantimento, novas armas e, no meu caso, se minha mãe estava a salvo.
Nos separamos assim que entramos na avenida Perry. O silêncio reinava na cidade de Beverly Falls, nenhuma alma viva para nossa sorte ou azar, era assustadora a sensação de podermos ser pegos a qualquer hora, precisávamos ser rápidos. Aquele cenário pós-apocalíptico era deprimente. Fiquei muito tentado a entrar em um daqueles carros abandonados e testá-los. Quem sabe poderíamos usá-lo ao nosso favor, ou possivelmente em uma fuga.
Passei a passos rápidos pelo quintal de casa, chegando até a porta dos fundos. Estava fechada. Precisei ir para a porta da frente e vi que estava aberta. Entrei, indo direto para a cozinha. Não havia indícios de que minha mãe deixara alguma mensagem sobre o que estava acontecendo, ou se ela estava segura.
— Mãe — chamei tentando não erguer muito minha voz.
Nada.
Subi as escadas para ir em seu quarto, as portas de todos os quartos estavam abertas, felizmente, não vi sinal de luta (o que me fez pensar que minha mãe poderia ter ido embora quando as pessoas começaram a gritar por suas vidas).
— Mãe — chamei novamente, na esperança de que em cima ela pudesse ouvir melhor.
— Shaylan? — ela respondeu.
Segui o som da sua pequena voz, assustada. Foi quando a vi atrás do armário.
— Graças a Deus você está bem.
Fui até ela ajudá-la a empurrar o grande armário. Não sei como conseguiu essa façanha, mas fiquei muito feliz por ter dado um jeito de se esconder. Abracei-a fortemente e ela retribuiu.
— Eu consegui me esconder, filho. Quando ouvi as pessoas de fora gritando, saí para ver o que era. A cidade havia virado de cabeça pra baixo, tinha pessoas com olhos brilhando perseguindo outras, parecia uma rebelião. Carros batendo em árvores, explosões. Foi horrível.
— Sinto muito por essas pessoas, mas eu fico feliz de você ter sido corajosa para se esconder. — Fiz minha mãe se sentar na cama enquanto eu ia para meu quarto pegar minha katana, a arma que usaria nessa guerra.
— Fiz isso quando vi um dos vizinhos que conheço vindo até mim com aqueles olhos brilhantes. — Sua voz ecoando pelo corredor. O silêncio dava a impressão de que ela falava alto demais. — Meu instinto me alertou para entrar e trancar a porta. Subi e me escondi embaixo da cama, mas quando ouvi a porta sendo arrombada e novas vozes entrando em minha casa, saí do esconderijo e fui para atrás do armário. Fiz um esforço enorme para empurrar um pouquinho ele para eu poder passar e me camuflar.
— A senhora me deixou orgulhoso — falei pelo meu quarto, alto o suficiente para ela ouvir. Achei o que queria, estava dentro do guarda-roupa no fundo dos casacos.
Uma katana verdadeira que meu primo me emprestara para eu usar como parte de um cosplay e até então não a devolvi. Será que aquele ataque estava acontecendo só ali ou no mundo todo? Rezei muito para que fosse somente ali. Retirei-a em seguida, colocando na cama. Dei mais uma olhada pelo quarto para constatar que não precisaria de mais nada.
Voltei para minha mãe, pronto para sair, mas não antes de contar sobre Wal.
— Mãe… preciso contar uma triste notícia.
— O que foi filho?
— Essas aberrações pegaram o Wal — disse choroso. — Nós o perdemos.
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Night Hunters (Concluído)
AventuraBevery Falls não tinha nada de incomum - uma cidade monótona até. Tudo seguia seu rumo equilibrado para Shaylan que tinha preocupações mundanas - como passar nas provas de segunda-feira das quais não estudou - até que o chamado de seu amigo Walter s...