Nossa resistência foi forçada a abrir os portões do colégio para os demais entrarem, agora não havia mais como reagir sem ter uma consequência dolorosa. Fomos conquistados facilmente. Só o que podíamos fazer para continuarmos vivos seria nos rendermos. Era uma atitude inteligente.
Fomos levados para baixo do Colégio Loudonville, de volta ao salão onde todas as pessoas hibernavam. Nos fizeram ficar em círculo, bem na frente de uma enorme parede extensa em largura e altura. O espaço era totalmente vazio. Temi pelo que tramavam, pois os adultos estavam diante de nós preparados para receberem alguém. Zeus havia fugido como eu ordenei ao sermos capturados, não queria que ele fosse morto.
Foi então que uma explosão de energia feita de raios se fez no centro da enorme parede. Um imenso portal se abria, ficamos ali olhando para ele enquanto ficava cada vez mais forte e intenso, como se ele puxasse para dentro de si o metal do qual a parede era feita. O lugar todo tremia e eu temia que tudo desabasse em nossas cabeças. Olhei para Vi que me encarou nos olhos.
— Meu amigo, se for o que eu estou pensando, é o portal para Allatra — disse minha melhor amiga, procurando não se abalar com os tremores que se intensificavam.
— O que é Allatra? — eu perguntei, bem confuso.
— Violet, fale para ele — disse Adam, olhando-me como se procurasse compartilhar mais uma informação comigo.
— Allatra é nosso planeta, Shaylan — disse Thomas no lugar da irmã. — E se o portal está prestes a se abrir, significa que o rei e a rainha estão prestes a chegar, ou seja… nossos pais.
— Meus pais podem mudar a decisão final desse ataque se eu falar com eles, caso não dê certo, eles podem ficar bem furiosos e não terá perdão para nenhum humano — disse Vi, enquanto eu arregalava meus olhos.
Procurei olhar para Wal, mas ele nem mesmo olhava para mim. Sua atenção estava sobre o alien com sua imagem. Willian ao meu lado ficou quieto demais, supus que ele tivesse um plano B.
Imediatamente, o silêncio reinou sobre o ambiente, o portal para Allatra se abriu por completo ao se expandir em um grande círculo de chamas violetas misturadas a verdes. Vi um ser alto com calda e armadura transpassando o portal, atrás dele, três soldados ficaram em posição de sentido, um ao lado do outro. Firmadas em seus punhos, uma espécie de arma biológica futurística.
Nossos olhos se arregalaram quando, de repente, dois seres atravessaram o portal: eles eram brancos, vestidos em roupas sintéticas douradas, com algumas partes modificadas em armaduras como suas ombreiras e joelheiras. A do lado esquerdo possuía um longo cabelo branco, orelhas pontudas e largos olhos azuis, era tão alta que poderia bem medir dois metros de altura. Trajava um longo vestido dourado de camurça, seu olhar era sério e penetrante.
Ao seu lado, um outro ser de sua mesma estatura vestindo uma linda armadura de ouro com alguns tons prateados e uma longa capa vermelha. Seus cabelos chegavam aos ombros e eram acinzentados, a mesma cor de sua pele. Seus olhos eram verdes e cruéis, demonstravam autoridade e poder. Em suas cabeças, coroas feitas de cristal.
Os soldados reverenciaram seu rei e sua rainha, eles tinham o olhar frio e calculista como se sentissem sede de sangue.
— Pai… mãe… — sussurrou Thomas.
— Vi — sussurrei o mais baixo possível. Não queria chamar atenção para mim. — O que vamos fazer agora? Eu não sei se acho eles magníficos ou se eu tô me cagando de medo. — Meu coração acelerado. — Esses são realmente seus pais?
— Sim, amigo — disse chorosa.
— O que foi, Vi — perguntei por constatar que ela sempre ficava assim quando algo grave acontecia.
— Os olhos de meus pais são a prova de que ambos caíram em trevas. No meu planeta, aqueles que possuem esse olhar são de grupos tiranos, traidores e defensores do Ministério dos Sete.
— O que quer dizer? — Wal falou pela primeira vez.
— Quer dizer que eles estão aqui para matar os humanos e tudo o que importa para eles agora é o poder — disse Violet, encarando os dois de longe.
Thomas segurou as mãos da irmã com o olhar temeroso, pude sentir a dor dos dois ao saber que seus pais se tornaram tiranos nesses anos todos em que acharam que seus filhos estivessem mortos, e agora éramos odiados por conta de mentiras contadas por sua própria espécie.
Comecei a ficar impaciente ao ponto de nem perceber que minhas mãos procuravam por algo, até tocar nas mãos de Adam. Ele a segurou com firmeza e não a soltou.
— Fique calmo, Shaylan — disse ele, chegando mais perto de mim, sentindo talvez o meu medo. — Eu estarei aqui por você, tente se acalmar.
— Eu juro que estou tentando ficar calmo — disse, encarando Adam nos olhos. — A que ponto chegamos? Estamos prestes a ter que lidar com um rei e rainha alienígenas e eu realmente não sei o que fazer.
— Beverly Falls precisa ser salva — disse Adam, tocando meu rosto e enxugando minhas lágrimas. — Eu estarei com você, ajudaremos uns aos outros e iremos tirar as pessoas daqui.
Suas palavras me davam coragem, mesmo que não aparentasse tê-la.
Logo o portal se fechou com um longo estrondo e explosão de luz, e uma voz ecoou pelo ambiente.
— Bem-vindos, Allatrianos. — Começou o pai de Violet falando em nossa língua. — Que a extinção dos humanos comece hoje e nossa raça se erga.
— Nada e ninguém ficará em nosso caminho — bradou a rainha, segurando em suas mãos uma lâmina Hamura de cristal lilás que brilhava.
Violet encarou a lâmina com o olhar curioso, como se a resposta estivesse bem em sua frente, nas mãos da rainha de Allatria.
— Eu sei o que fazer — sussurrou Violet. Todos a olhamos, curiosos. — Se preparem.
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Night Hunters (Concluído)
MaceraBevery Falls não tinha nada de incomum - uma cidade monótona até. Tudo seguia seu rumo equilibrado para Shaylan que tinha preocupações mundanas - como passar nas provas de segunda-feira das quais não estudou - até que o chamado de seu amigo Walter s...