Capítulo Dez: Primeira Perda

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Cheguei exausto em casa, minha mente e corpo fatigados pelo dia todo que fiquei ativo. Fiquei nu pela casa me sentindo mais leve. Antes de ir para o chuveiro, assaltei a geladeira para comer um sanduíche. Logo após, subi para o meu quarto, indo direto para o banheiro.

Liguei o registro do chuveiro e esperei a água esquentar. Com a temperatura certa, entrei em seguida, deixando a água me purificar. Estava tão boa a sensação de frescor que, se fosse por mim, seria embaixo daquela água que dormiria, mas sabia que seria não só um desperdício, como a fatura da conta viria absurda. Por isso fui rápido no processo de lavagem.

Peguei uma nova cueca boxer na minha gaveta, assim que a vesti, pulei na cama, virando-me de barriga pra cima e logo me entreguei ao sono.

......

Não sei dizer para vocês o que aconteceu, mas posso dizer que, assim que eu peguei no sono profundo, minha mente desligou de mim. Sabia estar dormindo e tudo o mais, porém eu me via deitado à minha frente. Me sentia leve como uma pena, podia sentir o cheiro das coisas, a gravidade que sustentava meus pés (meu corpo não sentia frio nem calor). Assim como nos filmes onde os fantasmas podem transitar livremente em um determinado lugar, decidi fazer o mesmo.

Estendi minha mão para a parede do meu quarto e fui me aproximando sorrateiramente. Queria saber se atravessaria por ela. Caminhei até as pontas dos meus dedos tocarem a parede, parei para constatar que eu podia tocar nas coisas também. Recuei um pouco meus dedos para encaminhá-los novamente a ela. Desta vez eu fui com o intuito de passá-la. Deu certo. Meus dedos estavam do outro lado. Achei incrível essa habilidade, então passei todo o meu corpo. Foi uma sensação divertida, a parede que sabia ser dura e firme, para mim, naquela forma, parecia ser feita de energia.

Havia tantas coisas que eu queria fazer e uma delas eu pus em prática, andei pelos corredores e entrei no quarto de minha mãe. Ela estava dormindo de lado, os braços apoiados no travesseiro. Tão linda dormindo. Ri comigo mesmo ao poder fazer aquele passeio pela minha casa. Até que decidi ir para fora ver o que Walter estaria fazendo naquele horário. Ainda estava suspenso, então pensei que o encontraria vendo filmes ou séries pela madrugada toda.

Saí de casa andando pela rua deserta, mais à frente estava a casa de Violet e depois a de Wal (o legal era que nós três morávamos um ao lado do outro).

Caminhei até sua casa, rindo das travessuras que iria fazer com ele. Entrei pela porta de entrada, indo direto para o quarto dele. A porta estava aberta, coisa que ele não deixava quando estava dentro. Entrei sorrateiramente e descobri o quarto vazio. Achei estranho Wal não estar dormindo ou no computador (se bem que… nem eu mesmo sabia que horas eram).

Fui até o quarto da sra. Nellie e nem mesmo ela estava lá. Alguma coisa passou a me incomodar em seguida. Estava tudo muito estranho.

Saí da sua casa e andei pelo Campus em busca de qualquer pista que pudesse encontrar do seu paradeiro. Foi aí que pensei… acho que consigo flutuar até o telhado das casas, já que eu estava fora de meu corpo, onde a gravidade ou física não me impediam de praticar alguma coisa sobrenatural.

Olhei para o telhado da casa dos Mullen desejando estar lá, não foi difícil de me imaginar flutuando até ali. Assim como imaginei, aconteceu. Senti meus pés saírem do chão com meu corpo subindo até o telhado. Não sentia medo da altura, era como se o cenário ao meu redor fosse parte de mim.

Fiquei em pé olhando a vista da nossa rua como um todo. Então eu o encontrei saindo das árvores da rua Koch Dr E, correndo assustado para sua casa. Atrás dele, três pessoas com olhos brilhantes em seu encalço.

Essa não. Não com ele.

Saltei do telhado indo ao chão com maestria. Pelo visto, nenhum deles podia me ver, então usei isso ao meu favor. Corri até alcança-lo em uma velocidade impressionante, logo estava ao seu lado. A respiração de Wal estava ofegante, seu batimento cardíaco acelerado. Nem ele podia me ver.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora