Capítulo Vinte e Seis: Onde Tudo Começou

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Chegamos ao ginásio como Thomas havia dito, agora era só passar por trás dele que ficaríamos de frente para o nosso ponto de encontro. Tudo ia bem até que vimos um homem sair de dentro da terra, provavelmente de um alçapão que nos levaria para dentro de um túnel onde Thomas nos aguardava. Nos escondemos a tempo, cada um de nós se questionando quem poderia ser aquele homem.

Era velho, aparentando ter uns sessenta e oito anos. Trajava um uniforme de médico sob um jaleco branco. Olhou ao redor como se quisesse constatar que não estava sendo vigiado. Esse era o doutor louco que Thomas havia me alertado. Ainda estava em sua forma humana - o que me fez questionar se ele sabia o que estava acontecendo na cidade de Beverly Falls. Minhas dúvidas foram saciadas quando o doutor se transformou em um ser reptiliano, seu uniforme rasgou no processo da transformação, o cara ficou alto e tremendamente assustador com suas garras e cauda mexendo para os lados. Seus olhos eram cruéis e seu corpo era feito de escamas verdes, lembrando um crocodilo.

Vimos ele cavar o solo estéril até puxar algo que parecia com uma raiz, o doutor continuou puxando e puxando até aquela raiz vir à superfície em forma de um portal mágico.

- Eu... - começou Violet. - Eu... lembro desse tipo de portal.

- Como? - inquiri, curioso.

- Foi um desses portais que minha raça usou para vir até este planeta. Claro que foi em circunstâncias diferentes e em um lugar diferente, mas com o mesmo tipo de portal.

- Quer dizer que vamos ver alguém sair de lá? - Adam perguntou.

- Provavelmente.

Zeus, como se pressentisse o perigo, rosnou ao estar perto daquele reptiliano.

- Ei, garotão, fica calmo, não vai denunciar nossa posição.

Zeus me obedeceu rapidamente, como se ele fosse meu cachorro há anos. Fiquei feliz por termos nos identificado logo de cara. Já o doutor reptiliano aguardou pacientemente algo vir, por fim, vimos outra espécie diferente, era semelhante a um dragão humanoide. Trajava uma armadura de guerra, suas assas altas eram semelhantes às de uma gárgula. Ambos conversavam em uma língua desconhecida para mim e Adam. Violet, por sua vez, nos traduzia em detalhes.

- Eles estão dizendo que está quase tudo pronto para a chegada dos meus pais, falam sobre as criaturas que estão presas embaixo da terra, fortemente preparadas para serem usadas na conquista do próximo estado. O doutor acabou de falar que há humanos rebeldes protegendo a escola fortemente, mas o draco acabou de zombar da gente dizendo que é uma rebelião inútil assim que meus pais chegarem.

Enquanto narrava a conversa, o draco entrou novamente no portal e voltou trazendo uma criatura de seu mundo presa por correntes nos pés, garras e pescoço. Era um crustáceo semelhante a um caranguejo, seu tamanho chegava ao de um ser humano normal. O crânio continha duas placas de exoesqueleto, com uma faixa verde com listras pretas na parte inferior do corpo.

Ambos se despediram, o portal desapareceu em seguida, enquanto o doutor levava o crustáceo para dentro da caverna. Quando nos vimos sozinhos, decidimos correr até a entrada, ela estava trancada por dentro, mais uma vez não foi difícil para Adam abrir.

- Só um momento - disse intrigado.

- Sim? - perguntaram meus amigos ao mesmo tempo.

- Vamos entrar assim? Sem mais nem menos? Sem bolar um plano e tal?

- O plano é entrarmos aí dentro e observar o que está acontecendo, quantas criaturas daquelas têm e como matamos aquele doutor lá - Adam explicou naturalmente o que faríamos.

- Improvisou tudo isso agora?

Adam acenou com sua cabeça.

- E você concorda com isso, Violet? - Me dirigi a ela em busca de alguma resposta que pudesse ir contra aquela ideia louca do Adam.

- Você precisa ver como Adam luta extraordinariamente, Shaylan, termos ele nessa guerra vai ajudar muito.

- Não sei se vocês sabem, mas... eu sou humano. Não tenho poderes e nem mesmo sou alguém que veio do sobrenatural, posso morrer rapidamente aí dentro. - Estava inconformado em como meus amigos agiam tranquilamente em relação a invadir um covil cheio de monstros violentos, prontos para nos matar.

Estava ficando bravo, procurando discutir, que nem notei quando um dos draconídeos voltou do portal, dando de cara comigo. As asas de seu corpo desenharam uma sombra atrás de mim, me fazendo parecer ser um anjo.

Olhei para trás bem quando a criatura bufou em meu rosto, ele ia atacar, vi sua espada saindo da bainha, eu iria morrer ali como previ. O que fiz usando meu instinto foi me abaixar, me encolhendo como uma bola no intuito de ter uma barreira entre nós dois.

Ouvi um latido. Era Zeus. Rapidamente abri meus olhos pensando em salvá-lo, esquecendo de minha própria vida. O que vi me deixou petrificado, aquele cachorro salsicha e fofo havia se transformado em um cão semelhante a um cão do inferno. Agora Zeus tinha uma estatura média, pelagem preta com olhos vermelhos, terrível e feroz, nada de sua fofura e inocência havia mais nele. Saltou para cima do draconídeo que estava tão chocado quanto eu. Ele não conseguiu desferir um golpe por já estar no chão. Seu capacete caiu e Zeus rosnou na cara dele, pronto para abocanhá-lo. Fechei meus olhos para não ver o que ia acontecer.

Logo a rápida luta terminou. Olhei novamente para Zeus, nossos olhos se encontraram por um momento e, por incrível que pareça, não senti medo, não me senti ameaçado, como se aquele cachorrinho estivesse lá dentro esse tempo todo.

Vou te contar viu... depois dos Winchesters, o mundo não é mais o mesmo. E eu estou morando em uma cidade cheia de criaturas sobrenaturais.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora