Capítulo Trinta: Juntos Novamente

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Wal dormia serenamente dentro daquele casulo, só esperando o momento em que seria usado como escravo pelos alienígenas e despertaria para viver em um mundo cruel e sem esperança. Eu não iria deixar isso acontecer. Não enquanto eu ainda estivesse vivo.

O lado ruim seria explicar para uma multidão quando despertassem o que acontecera com sua cidade quando a virem destruída. Iria precisar de uma habilidade mágica para fazê-los esquecer tudo que vivenciaram naqueles dias. Quem dera um de nós tivesse essa habilidade, facilitaria muito em evitar futuras explicações cansativas e repetitivas.

Pelo menos, estar ao lado do meu melhor amigo seria mais suportável de continuar lutando. Precisávamos muito da sua companhia e sabedoria para vencermos aquela guerra. Em relação a minha mãe, melhor deixá-la a salvo, por enquanto, ficar hibernando ali era o mais inteligente e seguro a se fazer.

Minha mãe nunca gostou de lutas, mesmo que fosse para defesa própria, ela era o tipo de pessoa que gostava de resolver os problemas no diálogo. Nunca a vi entrar em um combate físico com ninguém, nem mesmo quando estava exaltada. Despertá-la em meio à guerra seria muito cruel.

— Me ajudem a tirá-lo de lá — gritei através do corredor.

Meus amigos ouviram meu chamado, correndo logo em seguida ao meu encontro. Violet e Adam ficaram intrigados e impressionados com o salão cheio de pessoas incubadas. Thomas agia naturalmente, provavelmente por conviver com aquele cenário mais do que gostaria. Já o meu cachorro Zeus cheirava os casulos a sua frente, curioso.

— Shaylan. — Violet me segurou pelos ombros. Queria que eu a olhasse bem nos olhos para o que iria me dizer. — Quer mesmo soltá-lo no meio de tudo isso?

— O que quer dizer? — Fingi ignorância.

— Não minta pra mim, eu te conheço. — Ela me pressionou.

Realmente eu era como um livro aberto perto dela, ela me conhecia mais do que eu mesmo poderia.

— Tudo bem. — Suspirei. — Preciso que meu melhor amigo fique ao meu lado nessa batalha final. Eu o conheço assim como você me conhece. Sabemos como Wal é muito inteligente e malandro. Vimos o que ele pode fazer por nós antes de tudo isso começar. Ele é essencial nessa batalha.

— Shaylan tem razão nesse ponto, Violet. — Adam veio ao meu auxílio. — Tanto que eu mesmo ia falar com ele sobre o que viu, mas descobri ser tarde demais. Ter Walter no nosso time vai ser muito bom.

— Se querem acordá-lo, aconselho deixar o restante como está — interveio Thomas com preocupação. — Nosso objetivo é salvá-los e não jogá-los aos leões. Teríamos muito trabalho em ensiná-los a se defender assim de repente. Ainda mais em explicar a situação em que estamos. O resto terá que ser concluído somente por nós.

Ele tinha razão, ainda tínhamos que descobrir onde o restante dos alienígenas estavam. Lidamos somente com nossos colegas e professores até o momento, os demais não deram as caras, estavam muito quietos e isso não era bom.

— Deixem comigo então. — Adam repousou sua mão em meu ombro. Olhou para o obstáculo à sua frente, estudando como chegar até meu melhor amigo.

Logo deu um salto, equilibrando nas barras que sustentavam os demais casulos até chegar ao de Wal.

Fiquei olhando a facilidade com que ele subia, parte de mim queria fazer aquilo um dia, sempre quis praticar algo relacionado a parkour, só nunca tive um ânimo para colocar em prática.

— Este casulo é gosmento e nojento — Adam murmurou quando tocou nele.

— Tava adivinhando — disse baixinho. — Enfia a mão e puxe meu amigo com calma — comandei, falando mais alto agora.

Adam fechou a cara quando assim o fez. Aos poucos trazia Wal para fora do casulo, até tirá-lo por completo, todo melado.

— Isso. — Comemorei batendo duas palmas.

Adam colocou meu melhor amigo em suas costas e saltou lindamente até nós. Já percebi que medo de altura não era nada para ele. Deitou-o no chão, afastando-se em seguida. Wal respirava pausadamente, usava a mesma roupa do dia em que fora sequestrado. A barra de sua calça, onde ele havia quebrado a perna, agora estava com uma mancha. Felizmente, seu machucado havia se curado, uma coisa boa que os aliens fizeram por ele depois de o machucarem daquele jeito. Logo, logo vou poder revidar toda dor que eles o fizeram sentir.

— E agora? — Adam perguntou.

— O acordamos — disse conforme me inclinava até ele. Comecei com uns leves tapinhas em seu rosto indo em seguida aos seus ombros, sacudindo-os devagar. Zeus me ajudou puxando sua calça com os dentes, balançava-o de uma forma que pudesse acordá-lo.

Wal passou a recobrar a consciência aos poucos, começou mexendo suas pálpebras, em seguida, seus dedos das mãos ganharam movimentos em pequenos choques até ele abrir seus olhos lentamente. Percebi ao ver sua expressão assustada, que logo entraria em pânico. Sua respiração estava acelerada e a boca, aberta, mas nenhum som saía dela. Precisava agir logo.

— Ei, calma, garotão. — Peguei firmemente em suas mãos trêmulas, massageando-as em um sinal de confiança. — Não sou um deles, confia em mim.

Aos poucos, meu melhor amigo diminuía sua tensão, até ver por si mesmo que estava entre amigos.

— Sh... Shaylan.— Sim, amigo, sou eu.

Wal chorou na minha frente, coisa que nunca havia feito todos aqueles anos. Pela primeira vez eu via Wal como um bebê que precisava ser protegido.

Abracei-o fortemente e assim fiquei por um tempo até que comecei a chorar junto. Ficamos um grudado no outro depois de alguns dias pensando que havíamos perdido um ao outro.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora