Capítulo Dezessete: Canalização e Projeção Astral

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Fomos em direção ao Black Fork Mohican River, aonde Adam queria nos levar, ele nos mostrou que podíamos usar a água do rio como bebedouro por ser doce e limpa. Mergulhei minhas mãos em concha e procurei beber de sua fonte para ter certeza, o gosto era bom, repeti o processo até me satisfazer. Olhei mais à frente e vi os três mijando em um canto de uma das árvores perto do rio. Ver aquilo me deixou com o estômago embrulhado, quase escolhi não usar mais aquela água como fonte potável.

— Sério isso? — disse com desgosto para que me escutassem. — Sabiam que eu estou bebendo dessa água?

— Qual é, Shaylan — respondeu Adam, após se aliviar. — Estamos mijando metros de distância de você — falou conforme lavava sua mão. — Não nos considere tão anti-higiênicos assim.

— Além do mais, — respondeu Willian se jogando no rio com roupa e tudo. Como ele podia fazer aquilo estando tão exposto como estávamos? — A correnteza está descendo para o lado oposto ao qual você bebeu.

Logo o nosso colega também se jogou no rio. Pensei em dar uma bronca nos dois e pedir para Adam me ajudar com ela, mas ele seguiu a vibe dos meninos e se atirou também. Os três então passaram a jogar água uns nos outros como se tudo que estivéssemos passando não fosse real, como se nossas vidas não estivessem em risco.

Olhei muito apreensivo ao meu redor, atento a qualquer investida que pudéssemos ter naquele momento, meu consciente já me dizia para ficar alerta para quando esse momento chegasse e, se chegasse, eu daria no pé deixando todos para trás, a culpa não seria minha por eles estarem vacilando àquela hora. Tudo me assustava e vê-los calmos e descontraído me deixava mais em pânico.

Estava tão inquieto que nem percebi a aproximação de Adam em minha direção, e o fato de estar perto do rio facilitou para ele me pegar de surpresa, usou sua massa muscular forte para me abraçar, levando-me para dentro do rio.

Mergulhamos alguns centímetros abaixo, ficando totalmente submersos. Demorei para processar o que estava acontecendo, então deixei que ele fizesse o que queria comigo. Sabia não poder gritar. Seria a deixa para denunciar nossa posição. Prendi a respiração e me deixei levar pela correnteza e pelos braços de Adam. Quando emergimos ele ainda me segurava, nossos corpos unidos como se fossemos um só.

— Você precisa relaxar, cara — disse, inocentemente.

Relaxar? Não tem nada demais afinal, foi só meu melhor amigo e minha mãe que foram transformados em aliens, além de estarmos a um passo de sermos transformados também. Nada demais. Esse cara não se importa com seus pais, não?

Procurei debater aquela irresponsabilidade, mas seu rosto calmo, sereno e gentil, derrubou meu mau humor e qualquer má intenção que tinha por ele naquele momento. Seu sorriso era encantador, ajudou para desmanchar meu semblante irado.

— Tudo bem! — disse com um leve sorriso. — Apesar de ter sido uma irresponsabilidade da sua parte, de você acabar estragando meu celular que poderia usar para ligar para Violet pedindo informações cruciais e de eu quase querer te matar por ter feito isso…

— Desculpe por essa parte do celular. Fui irresponsável. A Violet vai me matar.

Acenei com a cabeça com meu humor irônico.

— Você tem razão em uma parte.

— Qual?

— Eu preciso relaxar um pouco, mesmo a maior parte de mim não querendo. — Pisquei para ele. — Nós vamos dar um jeito de conseguir outro celular para mim. Podemos usar o seu nesse caso.

— Acabei deixando lá no colégio — Adam se desculpou.

— Tudo bem! Usaremos do Willian.

— Concordo.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora