Capítulo Seis: Plano Ousado e Perigoso

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Consegui terminar a prova de inglês com muita facilidade, Wal acabou perdendo-a por conta de seu comportamento. Ele não voltou como eu esperava. Felizmente, consegui trocar nossas provas depois do incidente antes que o professor Franklin nos pegasse. Assim que o sinal da última aula tocou, eu e Violet corremos para a diretoria, mas o diretor nos informou que nosso amigo havia ido para casa sem levar seus pertences.

Voltamos à sala para pegar sua mochila. Foi aí que recebi a mensagem de Wal. Nela ele dizia estar bem, em casa, esperando por nós dois. Disse que queria nos mostrar uma coisa, perguntei do que se tratava, mas ele foi muito vago, dizendo ser melhor se víssemos por nós mesmos.

Queria muito saber o que ele estava aprontando, por isso avisei Violet que seguiríamos direto para a casa dele, ela concordou, sua curiosidade tão nítida quanto a minha.

Tocamos a campainha e quem atendeu foi a mãe de Wal, a Sra. Nelly, uma mulher entre seus cinquenta anos e aparentando estar no auge de sua beleza. Sua face rechonchuda era bondosa, seus cabelos lisos estavam amarrados em um rabo de cavalo. Estava de avental (provavelmente por estar lavando louça).

— Oi, Shay, quanto tempo não te vejo, menino — disse me abraçando calorosamente, indo em seguida para Violet com as mesmas palavras.

— Pois é, Nelly — respondi entre risos. — Vim ver o Wal.

— Entrem, entrem. Aproveitem e almocem conosco. Hoje tem strogonoff de frango.

— Oba! Tô dentro então, sem querer me aproveitar, é claro.

— Magina. — Ela abanou sua mão. — Meu filho está no quarto dele, podem subir.

Eu e Violet fomos direto para o quarto com um forte desejo de passarmos primeiro na cozinha, onde o cheiro de comida era mais convidativo que nossa curiosidade. Felizmente, Violet atrás de mim me forçou a subir as escadas, dizendo que almoçaríamos de qualquer jeito. Passamos pelo corredor do primeiro andar, indo até o final onde ficava seu quarto.

Como eu e Wal possuímos uma intimidade muito forte, fui logo entrando sem pedir licença. Dei de cara com ele arrumando seu quarto cheio de armas de fogo e brancas espalhadas pelo lugar.

Fiquei sem reação e expressão, tamanha dúvida que preenchia minha cabeça. Aposto que Violet estava pensando o mesmo que eu.

— Eiii — Wal disse mais animado que o normal quando nos viu parados em frente à sua porta. — Quero mostrar o meu plano. Se liga no armamento que estou juntando para levarmos para a escola…

— Como? — disse Violet, abismada, interrompendo-o.

— É assim que vamos revidar, fiquem tranquilos que são armas de airsoft, mas as balas são carregadas de dardos estimulantes que simulam ferimentos à bala. Nada que possa ser prejudicial para nós que sabemos usar uma.

— Quem disse que sabemos usar? — questionei seriamente. — Nunca usei uma arma de airsoft, só uma katana que meu primo me emprestou para eu poder fazer um cosplay do Coringa.

— Eu até sei usar — disse Violet. — Mas eu particularmente acho perigoso.

— Vou ensiná-los a usar com segurança, vocês…

— Uou, uou… calma aí, garotão. — O fiz se sentar em sua cama. Precisava saber onde ele estava nos metendo. — Me explica direito esse lance das armas de airsoft e dessas brancas.

— Quando fui até a diretoria, percebi que nosso colégio já estava sendo possuído por alienígenas, vi dois colegas com olhos brilhantes olhando pra mim. Não sei de qual sala ou ano eles eram. Ainda bem que não pegaram o diretor. Ele será muito útil para nosso plano quando se tocar de que estou certo e ele errado. Sendo a autoridade máxima, duvido nossos colegas não acreditarem.

— Isso tá indo longe demais. — Violet sentou-se ao seu lado. — O que está acontecendo com você?

Wal a olhou firmemente, processando o que acabara de ouvir, quando entendeu a pergunta, mudou de expressão, uma que dizia estar decepcionado com a amiga.

— Não tem nada de errado comigo, vocês dois sabem muito bem como eu sou e não é do meu feitio fazer esse… tipo de coisa sem querer. Estamos correndo perigo e precisamos revidar, por isso quero que vocês treinem comigo a partir de agora e me ajudem com o plano de levarmos esses armamentos até a escola.

— Tá bom — disse com uma das minhas mãos na cabeça. Entender seu raciocínio estava me dando dor de cabeça. — Me dê alguns dias, assim poderei responder com calma.

— É muito tempo, Shay. Tempo suficiente para todos os nossos colegas, até mesmo eu, você e Violet, serem as próximas vítimas. Precisamos agir rápido.

— Você é teimoso, cara.

— Isso é uma das muitas coisas que temos em comum — Wal rebateu.

— Por isso vocês se aturam até hoje — Violet disse, sarcástica. — São quase clone um do outro.

— Um dia. Me dê apenas um dia, por favor.

— Justo.

Violet em seu silêncio poderia estar refletindo também.

— Vamos almoçar primeiro para nos reabastecer, tá bom? Tô morrendo de fome e não consigo processar tanta informação de barriga vazia. Você me conhece.

— Concordo — disse Violet. Ela pegou Wal pela mão e tomou a minha para irmos juntos almoçar.

Agradeci por agir rápido ao nosso favor.

Não queria mais pensar em nada. Só queria que tudo isso acabasse e voltasse ao normal.

Bem-vindos à Beverly Falls. No fim de tudo, essa cidade esconde mais segredos do que imaginávamos.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora