Capítulo Trinta e Seis: Anoitecer

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Ergui minha espada, cortando um alien no meio de seu corpo. Assim que ele caiu, Wal agiu rapidamente, decepando sua cabeça. Zeus pulou em um segundo alien que veio me atacar pelas costas, meu cachorro agora estava com a aparência de um tigre. Realmente um cão metamorfo.

A guerra havia começado e ambos os lados lutavam ferozmente. Violet e Thomas batalhavam contra os falsos reis de Allatra cujos olhares chegavam a ser doentios e insanos. Adam lidava com três reptilianos ao mesmo tempo usando suas garras e dentes afiados ao seu favor, seu rosto exibia uma expressão maliciosa, sua boca às vezes se retorcia em uma selvagem expressão de desprezo.

Os dois grupos se atacavam, os gritos de guerra sufocados pelo rugido das armas de fogo.

No meio da luta, vi o Alien com a aparência do meu melhor amigo lutando contra alguns colegas meus.

— Se liga em quem tô vendo bem ali — gritei para Wal, vencendo toda confusão.

Walter conseguiu me ouvir, pela sua expressão, diria que ele estava ansioso para atacar e se vingar de todo o medo, dor e sofrimento que os alienígenas o haviam submetido antes de ser sequestrado, aquela luta era de Wal e eu não poderia interferir diretamente.

— Esse é meu — gritou no meio do caos ao nosso redor.

Wal disparou, desviando de alguns aliens que vinham ao seu encontro, logo se atracou contra seu sósia, levando-o ao chão.

Enquanto os demais lutavam como podiam, eu resolvi investir ao lado de Adam. Esquivei-me de um alien que se jogou diretamente em mim, mas acabou parando nas garras de Zeus que o cortou ao meio.

— Ei — chamei-o. Adam olhou para mim e sorriu com seus dentes tingidos de vermelho. — Vim proteger suas costas. — Encostamos um no outro, protegendo a retaguarda. — Juntos podemos vencer mais fácil.

— Com você ao meu lado, não tem como eu perder.

— Digo o mesmo, lobinho. Vamos lutar até a morte. Nosso mundo não vai acabar hoje.

Um dos homens de Dylan, que lutava corporalmente contra um dos aliens, tropeçou na minha frente, caindo de costas no chão. Se eu não tivesse agido rápido, ele teria morrido ali mesmo. Gritei por ele enquanto jogava minha catana. Assim que ele pegou, enfiou a espada na barriga do alien, levantando-a até fatiá-lo.

— Obrigado, irmão — respondeu, devolvendo minha espada ao jogá-la para mim.

— Não foi nada.

À direita e à esquerda, todos lutavam. O ambiente era invadido por diversos sons, dentre eles os de lamentos, grunhidos, armas de fogo e metal contra metal. Eram tantas pessoas lutando entre si que não vi uma vindo em minha direção, dessa vez fui jogado ao chão com violência. Antes que pudesse me mover, um garoto que eu via pelos corredores do colégio pulou sobre mim, envolvendo meu tronco com suas pernas, imobilizando meus braços com seus joelhos. Me contorci achando que, por ele ser mais magro do que eu, eu pudesse tirá-lo de cima de mim facilmente. Que nada. O alien passou a me golpear sem parar, socando-me várias vezes em meu rosto totalmente desprotegido. Cara… como eu fiquei puto. Quando peguei a armadura do draconídeo, deixei de lado o capacete – se bem que eu não iria usá-lo por muito tempo mesmo, apesar de que seria útil naquele momento.

A dor tomou conta de mim, a raiva crescendo mais rápido do que o normal. Usei a adrenalina ao meu favor, eu não morreria daquele jeito. Gritei a todo pulmão um som selvagem, meu rosto estava vermelho por conta do esforço para tirá-lo de cima de mim. Pressionei meus pés contra o chão, impulsionei em seguida meu estômago para cima, levantando-me alguns centímetros do chão, o suficiente para libertar meus braços.

Chegou a minha vez de lutar por minha vida, não podia esperar ser salvo por Zeus, Adam ou Wal. Não queria ser dependente de ninguém toda hora, precisava lutar minhas próprias batalhas com minha própria força.

Bloqueei seu golpe seguinte com meu antebraço, depois lancei os dois punhos fechados contra o rosto do alien, fazendo-o perder o equilíbrio. Aproveitei para sair de baixo de seu corpo, chutando várias e várias vezes a lateral do seu tronco sem dó nem piedade, meu pé trabalhava sem parar até eu poder encontrar minha espada logo atrás de mim.

No segundo em que virei para pegá-la, fui derrubado quando o alien pegou meus pés, senti ele me morder bem na panturrilha e gritei de dor, felizmente, meu corpo reagiu segundos depois de senti-la. Manejei a espada em movimento circular, cravando bem em sua têmpora. A criatura soltou-me de imediato, aproveitei para tirar minha catana da lateral de sua cabeça. Usei esse momento para me jogar em cima dele e agora era eu quem iria amassá-lo a socos.

Comecei a socar seu rosto com toda minha fúria, soquei pensando ser mais rápido que o fator de cura, usei toda energia que havia acumulado naqueles dias de sofrimento. Percebia que o alien chutava o ar atrás de mim, sacudia os braços em uma tentativa de me ferir, mas eu estava com uma fúria selvagem, uma atitude irracional e feroz que me fazia continuar inclinando meu corpo para frente com todo o meu peso para esmagá-lo.

Alguém bateu na minha cabeça com a palma da mão aberta, percebi que falava comigo, um som longínquo devido à adrenalina, não conseguia distinguir suas palavras. Só quando olhei para trás com o intuito de xingar e protestar que vi o rosto de Adam. Ele berrava alguma coisa. Quando parei de socar o alien pude ver o estrago que fizera. O cara estava morto, duro como pedra, a minha luta havia acabado.

— Você venceu, Shaylan — gritou Adam com suas palavras ficando claras para mim. — Ele está morto.

Levantei-me todo sujo de sangue, limpei minhas mãos na camisa já estragada.

— Estamos ganhando essa guerra — Adam falou alegremente. Uma alegria inocente em contraste com cenário ao nosso redor.

— Então vam…

Uma explosão sacudiu o chão ao nosso redor, pude ver que se tratava dos carros em que nossos reforços vieram. De alguma forma, eu consegui manter o equilíbrio.

— O que fo…

Adam ia me perguntar, mas o interrompi quando vi um dos carros em chamas vir em nossa direção. Como se tivesse lido minha mente ou visto atrás de si, Adam me pegou no colo, colando minhas pernas em sua cintura e pulando logo em seguida em um mortal a mais de dois metros do chão. Vi o carro passar de raspão entre sua perna antes do meu corpo ser girado. Fechei os olhos, tonto, e achei que fosse desmaiar ali mesmo.

Me sentei quando pousamos para recobrar a postura. Adam rosnou em direção ao ataque e já estava pronto para partir para cima de quem tivesse jogado, quando mais um carro em chamas veio até nós. Dessa vez, Adam se manteve na minha frente. Soube o que ele iria fazer, tentei gritar para ele não fazer aquilo, mas era tarde demais.

Adam segurou o carro com suas fortes mãos com tanta facilidade que deixei minha boca abrir até não poder mais, as chamas pareciam não incomodá-lo. Ele rosnou novamente e devolveu na mesma moeda o ataque. Ouvimos mais uma explosão e, depois disso, nenhum outro ataque veio. Aposto que o alien se ferrou por não contar com aquela reviravolta.

— A guerra acabou — gritou alguém. — Fomos vencidos.

O que ele queria dizer com aquilo?

Levantei-me em um salto e, junto com Adam, corremos até onde o grito estava vindo. Alguém repetia a mesma frase loucamente. Chegamos a tempo de ver Violet e Thomas com a cabeça dos falsos reis erguidas como troféu, enquanto elas gritavam que a guerra havia acabado.

A guerra acabou ao anoitecer. A defesa absoluta dos últimos humanos na cidade de Beverly Falls cumpriu seu dever. Nós ganhamos.

Night Hunters (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora