Capítulo 51

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Último dessa quarta feira... 

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NATALIE NARRANDO...

Estava difícil. Lidar com a Priscilla doente, com os dramas das meninas e com a minha vida e o meu trabalho. Eu estava exausta e a gota d'água foi a Priscilla jogar comida no chão. Eu fiquei tão chateada com aquilo e com tanta raiva. Minha vida virou de cabeça para baixo pra poder cuidar dela, ajuda-la no que fosse preciso e ela parecia fazer questão de ser estúpida com todos nós. No ultimo surto dela, ela saiu de casa como uma menina mimada e voltou dois dias depois me pedindo desculpas pela atitude dela. Eu não dei muita confiança, estava cansada e irritada com ela. A Nick não falava com ninguém, ela parecia em outro mundo em um mundo só dela. Eu me sentia perdida, sem ação. Queria ajudar a Priscilla, queria ajudar minhas filhas e a mim mesma e tudo parecia fugir das minhas mãos como água. Falei com a Luiza e ela nos indicou uma psicóloga de família, eu marquei um horário para cada uma das meninas e para mim e ia marcar para a Priscilla também depois de falar com ela. Eu tava no meu escritório quando ela bateu na porta.

Pri: Posso?

Eu: Entra. – continuei trabalhando.

Pri: Quero te pedir desculpas.

Eu: E eu estou numa boa, e não vou aceitar.

Pri: Natalie, isso tudo é muito difícil pra mim e... – eu a cortei.

Eu: E acha que não é difícil pra mim também? Para as meninas? Nossa filha não abre a boca nessa casa a 4 dias. QUATRO... A Nicole não é assim Priscilla. Você jogou um prato de comida no chão enquanto estava tentando te ajudar, porque ficar sem comer não ia te ajudar em nada, mesmo que você se alimentasse e vomitasse depois, mas você fez igual uma criança de 3 anos jogando a comida no chão. Aliás, igual uma criança mimada né, porque a Nina tem 2 anos e nunca fez isso. Aquilo me doeu tanto. Eu pensei em tudo que todo mundo está fazendo pra te ajudar, pra tornar sua vida mais fácil. Até com a Rose você gritou e ela não tem obrigação nenhuma com você, a única coisa que ela faz nessa casa é cozinhar maravilhosamente para nós, e ela também tentou te ajudar. Fez sopas, coisas mais leves para você se alimentar e você nem um muito obrigado disse a ela, pelo contrario, gritou com ela. Quando você jogou a comida no chão eu pensei em tanta gente que passa fome, principalmente em tantas crianças passando fome e você simplesmente jogou a comida no chão como se não tivesse valor algum. Sinceramente, eu estou cansada. Se você não se ajudar, a gente não vai poder fazer nada. Por que te ajudar e ser maltratada, já ultrapassou todos os limites. Não se esconda atrás da doença pra justificar o que você tem feito. É uma merda sim, sei que você se sente muito mal, mas todo mundo está te ajudando, mas a sua ingratidão não vê isso. Eu marquei psicóloga pra mim e para as nossas filhas. Aqui o cartão dela, marque um horário pra você. Era pra você fazer terapia desde o primeiro dia de tratamento e você ficou emburrada e não quis fazer. Se você não quer nossa ajuda, pelo menos deixe uma terapeuta te ajudar. Eu cansei. – falei praticamente sem respirar. Eu precisava desabafar, não aguentava mais.

Pri: Se arrepende de ter rasgado os papeis do divorcio né?

Eu: Não se faça de vitima, porque isso não vai funcionar comigo. Eu desisti do divorcio, porque eu te amo, mas nem todo amor do mundo aguenta situações como essas. Isso é maus tratos Priscilla. Você está nos maltratando enquanto a gente está tentando te ajudar. Você gritou com a Nicole enquanto ela foi apenas ajudar você. Qual o problema dela te ajudar? Ela é sua filha. Estamos todos no mesmo mar. Não estamos no mesmo barco, porque você é quem está doente sentindo dores, sentindo todos os efeitos colaterais e a gente está nadando no barco ao seu lado tentando te ajudar tornar sua travessia mais fácil, mas olha só, é você que está dificultando ainda mais a travessia. – o telefone tocou. – Alô?

XX: Por favor a senhora Natalie Smith Pugliese ou a senhora Priscilla Pugliese?

Eu: Sou a Natalie, quem fala?

XX: Aqui é da Inteligência do Rio de Janeiro, sou o sargento Antônio Fontes.
Eu: E em que eu posso ajudar?

XX: Sua filha Nicole Smith Pugliese está sendo mantida refém num posto de gasolina a duas quadras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Eu: O...O QUE?

Pri: O que foi?

XX: Senhora não sabemos ainda a motivação do crime e... – desliguei o telefone.

Pri: O que foi Natalie? – me perguntou assustada.

Eu: Ah... Ah Nick. Ela... Ela...

Pri: O que aconteceu com a nossa filha?

Eu: Era um sargento da inteligência do Rio dizendo que a Nicole está sendo mantida refém num posto de gasolina a duas quadras da faculdade dela – falei pegando meu celular e saindo do escritório. Subi rapidamente me troquei e peguei minha bolsa. – Rose, quando a babá voltar diga que a Nina não vai pra escola hoje ok? Liga pro Samuel do Uber e pede ele pra pegar a Isabela no colégio as 15:00 horas. Manda mensagem pra ela falando que ele vai busca-la. Não diga nada pra ela ok.

Rose: Ok menina fica calma eu vou fazer tudo isso. – entrei no carro com a Priscilla e fomos em total silencio para lá. Tinham inúmeros carros da policia em todo o perímetro do posto de gasolina. Ela sempre abastecia lá, era mais próximo entre a faculdade dela e o colégio da Isabela. Descemos do carro e corremos até o isolamento.

XX: Senhora não pode passar do isolamento.

Eu: Ela é nossa filha. – gritei e ele nos deixou passar e nos acompanhou.

XX: Chefe, essas duas são as mães da moça.

Eu: Natalie Smith Pugliese.

Pri: Priscilla Pugliese.

XX: Sargento Antônio Fontes, venham comigo – entramos numa loja ao lado que ele tava usando como QG.

Pri: O que está acontecendo com a nossa filha?

XX: Conhecem Leandro Silva Monteiro?
Eu: Leandro? Não
– olhei para a Pri.

Pri: Nunca vi na vida. Nem ouvi falar.

XX: Ele tem 48 anos, e diz ser pai da Nicole. – aquilo foi o soco em mim.

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Eitaaaaaa que a Nicole não está numa situação legal... 

NATIESE EM: AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ.Onde histórias criam vida. Descubra agora