A Nick teve crise de ansiedade muito forte quase beirando crise de pânico quando tinha 12 anos, a gente foi assaltada no transito e ela ficou muito traumatizada, mas depois de alguns meses passou e ela nunca mais teve isso, mas prendia o ar sempre que ficava assustada demais, impactada demais... E era algo que eu também fazia.
Eu: Nicole olha pra mim – levantei da cama e tentei segurá-la.
Nick: Tira a mão de mim, eu não quero ser tocada... Isso é um pesadelo, pelo amor de Deus, só pode ser pesadelo... Eu... Eu preciso acordar disso tudo... Eu não consigo viver assim... Isso não é certo – falava coisas estranhas e abriu a porta que dá acesso a varanda do nosso quarto e foi até o parapeito da varanda subindo. Eu a segurei com força por trás.
Nat: Meu Deus...
Eu: Nicole, olha pra mim... Tá tudo bem, você está acordada. Coisas ruins aconteceram, mas você está bem agora. – eu a puxei para trás e ela caiu em cima de mim. Ficamos ali no chão um tempo abraçadas e ela chorando muito. Senti uma pontada onde ficava meu cateter para quimioterapia.
Nat: Pri, tá sangrando pelo cateter.
Eu: Eu sei... Tá tudo bem... Liga pra Luíza, conta o que está acontecendo aqui, ela vai saber como nos ajudar... – ela foi ligar e eu fiquei ali no mesmo lugar. A Nicole chorava demais, eu estava muito assustada eu tinha medo de soltá-la.
Nat: A Luíza vai pedir uma ambulância direto pra clinica que ela atende. Tem um psiquiatra de plantão lá, ela disse que é melhor leva-la, ela tá em estado de choque por causa de tudo isso, alternando realidade com fantasia, com passado, vai ser melhor assim. E lá ela vai pedir pra tocarem seu acesso, deve ter perdido a veia ou rompido. Eu liguei pra minha tia, ela tá vindo pra cá, ela vai ficar com as meninas. A Bela e a Nina estão dormindo já, não vão vem nos ver sair.
Eu: Tá... Xiiii filha tá tudo bem a mamãe ta aqui com você... – ela chorava muito e descontrolada. Eu tinha medo de soltá-la. A Nat já tinha trocado de roupa e separado uma pra mim. Os paramédicos chegaram e foram bem cuidadosos com ela. Deram um comprimido pra ela tomar e a ajudou entrar na ambulância. Eu fui na ambulância com ela e a Nat foi de carro. Eu fui daquele jeito mesmo de roupa de dormir e descalça. Ela foi encaminhada para a psiquiatria onde um médico a atenderia e a Natalie foi com ela, eu precisava ver meu cateter, logo veio uma médica de plantão da oncologia e duas enfermeiras. Contei o que houve, e ela fez uma ultrassonografia pra ver se tinha rompido a veia então ela precisou trocar o acesso de lugar. Ela colocou no meu pescoço dessa vez, deu um pontinho onde estava antes, porque deu uma laceração. Me deu uma medicação para dor também. Eu me troquei com a roupa que a Natalie levou pra mim, calcei o tênis e fui até a psiquiatria, a Luíza tava lá conversando com uma médica que logo saiu.
Luíza: Como você tá?
Eu: Eu estou bem, problema aqui foi resolvido, tá no meu pescoço agora. E a Nick como ela tá?
Luíza: Foi uma crise de pânico e ansiedade, ela não viveu o estado de choque do sequestro e agora com novas informações tudo colapsou na mente dela. Ela foi sedada vai dormir até amanhã. Podem ficar com ela se quiserem. A Natalie me contou tudo que aconteceu, me contou o que houve com ela quando pequena, foi tudo horrível, mas foi melhor ela saber disso tudo de uma só vez, apesar de estar aqui agora.
Eu: Parece que estamos no meio de um pesadelo Luíza, pelo amor de Deus. Eu e a Nat desentendendo as vezes, esse câncer maldito, ai minha filha é sequestrada pelo pai biológico que é um esquizofrênico e ela surta. Quando tudo isso vai passar? É muito surreal pra mim.
Luíza: Eu sei Pri, mas vamos por partes. Infelizmente tudo isso aconteceu, mas o sequestro não acabou mal como muito que vemos por ai, a Nick reagiu como esperado agora, foi um impacto tardio, é estresse pós traumático, mas ela tá sendo tratada agora e tudo isso vai acabar. Ela vai ter acompanhamento psicológico e vai ficar tudo bem. E quanto ao seu tratamento, você sabe que está funcionando, eu sei que é ruim tudo o que você está sentindo, mas é seu caminho de cura ok? – me abraçou. Eu a agradeci e fui ficar com a minha filha. A Natalie abriu o sofá cama que tinha lá para deitarmos.
Nat: Como você tá?
Eu: Eu to bem. Como ela tá?
Nat: O psiquiatra conversou com ela a psicóloga também. É estresse pós traumático, ela vai ficar bem. Vamos descansar um pouco. – me deitei ao lado dela. Eu não dormi a noite toda. Pela manhã fui buscar um café pra mim e pra Natalie e quando voltei a Nick já tinha acordado, trouxeram o café da manhã pra ela e ela tava tomando, a psicóloga ia passar pra conversar com ela antes de darem alta. Quando a psicóloga chegou a gente saiu. Pouco depois ela saiu o psiquiatra entrou e decidiu passar uma medicação pra ela para ansiedade. Fomos para casa, a Bela tava chorando, a tia Alisson já tinha contado o que tinha acontecido pra ela. Ela abraçou a irmã que ainda tava meio fora de órbita. A Nick subiu tomou banho e dormiu de novo. Eu também tomei banho e a Natalie em seguida. Tomamos café da manhã decente conversamos muito com a Isabela que estava muito assustada. Eu tomei meus remédios também e me deitei tava exausta. Dormi boa parte da manhã e o início da tarde. Os dias foram se passando e a Nick estava melhor. O Lipe ia visita-la, mas ela não se abria com ele, ela parecia não querer aquele contato de antes com ele. Os dois não estavam nada bem.
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NATIESE EM: AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ.
FanficA maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos. A maturidade faz parte de um processo. Em um processo não podemos queimar etapas. Ele é lento, chato e demorado. Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento que...