Capítulo 54

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PRISCILLA NARRANDO...

LOUCURA... Era isso que minha vida parecia estar, no meio de uma loucura. Do nada fui de uma discussão com a minha mulher para um sequestro da minha filha num posto de gasolina. E quem era o autor? O pai biológico dela. Senti uma tontura e um enjoo tão forte aquela hora que eu corri e vomitei na primeira lixeira que vi naquela loja que a Inteligência usava como QG.

Sargento: A senhora quer uma água?

Nat: Pri você tá legal? Pode trazer uma água pra ela? Ela está fazendo quimioterapia os enjoos são constantes. – uma moça da loja foi buscar e logo voltou. Eu lavei minha boca depois bebi um pouco da água e me sentei.

Eu: Como? Como esse homem apareceu sendo que nem nós sabíamos quem ele era? – perguntei nervosa.

Sargento: Levantamos a ficha dela quando nos chamaram. Vimos que ela foi adotada aos 4 anos e na delegacia tinha a ficha dela quando foi tirada dos pais com os nomes deles e as fichas deles atualizadas. Ele se chama Leandro e a mãe biológica dela se chama Sabrina. Estão limpos a muito tempo, trabalham, tem vida simples, boa vizinhança, dois filhos. Ela é técnica em enfermagem e ele é motoboy. Meu pessoal perguntou na universidade se ele foi visto por lá e o porteiro o viu lá nos últimos dias. Ele achava que ele era pai de aluno que ia levar o filho na aula, só o notava quando já estava saindo, mas nunca o viu abordar ninguém nem demonstrou ser perigoso. Entramos em contato com a esposa dele e ela está vindo pra cá.

Nat: Isso só pode ser um pesadelo. – se sentou ao meu lado - E o que a gente faz? Espera? Enquanto ela está lá dentro com uma arma apontada pra ela?

Sargento: Não podemos fazer grandes movimentos. Ele não pediu nada, ele está aparentemente calmo. Estamos esperando a mulher dele chegar. Foram busca-la e ela disse que ele não toma remédio a dias, ele tem sinais de esquizofrenia, segundo ela não tem arma e é muito tranquilo. Diz que ele tem sequelas do alto consumo de drogas do passado e pediram para não fazermos nada até ela chegar, que ela pode falar com ele e tranquiliza-lo.

Eu: Ela sabe? Dá nossa filha?

Sargento: Não. Eles não contaram a ela o nome da garota. Fizeram varias perguntas a ela sobre filhos e ela disse que tem 2 filhos pequenos e teve uma filha quando ela era usuária de drogas e foi tirada dela na época, mas que a filha foi adotada e ela nunca mais soube dela. – logo um carro da policia parou em frente a loja e dois agentes desceram do carro com a mulher. Foi um choque pra mim e pra Natalie. Ela apertou minha mão quando a vimos entrar. Elas eram parecidas. Tinha a aparência mais envelhecida e cansada, mas eram parecidas.

XX: Sargento... Essa é a Sabrina esposa do Leandro.

Sargento: Sabia que seu marido estava articulando um sequestro?

Sabrina: Não. Meu Deus o Leandro nunca faria isso. Eu não estou entendendo nada. – ela aparentemente estava bem assustada.

Sargento: Ele está mantendo a filha delas lá dentro. – ela nos olhou.

Sabrina: Eu não sei porquê ele tá fazendo isso, mas pode ser que ele tenha tido uma crise. Eu notei que ele não está tomando os remédios dele a dias. Ele tem traços de esquizofrenia e está fazendo tratamento. Não sei o que houve pra ele agir assim, porque ele não é violento.

Sargento: Mas ele era, quando era usuário de drogas né?

Sabrina: Sim, era. Mas era por causa das drogas. A gente hoje tá limpo. Não colocamos nada na boca nem álcool a 10 anos. Temos dois filhos pequenos, Davi e Gabriela e ele brinca no chão com as crianças, cuida, trocou fralda, levantou a noite, deu mamadeira, cuidou quando estavam doentes, nunca levantou a voz com as crianças, nunca levantou a mão ou ameaçou bater. Ele é um ótimo pai. Ele não foi um bom pai pra nossa filha que foi tirada de nós, mas é um ótimo pai para nossos pequenos. Ele se redimiu. Por favor – nos olhou – Ele não é mau. Ele deve está surtado por falta de remédios deve ter uma explicação pra tudo isso. Olha – tirou do bolso uma caixinha com alguns comprimidos e uma seringa. – Eu entro lá, dou isso pra ele tomar e aplico isso nele. Ele vai apagar.

Sargento: Ele está armado senhora, não posso coloca-la em risco entrando lá. Ele pode atirar em vocês duas. – olhou para um rapaz – Tem imagens das câmeras de segurança lá de dentro?

XX: Sim sargento – pegou o tablet e mostrou a ela.

Sabrina: Isso não é de verdade. É uma arma de brinquedo. O irmão dele deu para nosso filho a dois dias e eu e ele dissemos que o Davi não brincaria com isso que isso não é coisa de criança brincar. Ele é metido com favela e acha engraçado essas coisas e largou lá em casa. Eu coloquei no lixo, e o Leandro deve ter pego. Como eu disse, ele não tava bem. Por favor senhor, me deixa entrar lá.

Sargento: Ok... Por sua conta e risco. – eles foram e nós também. Tivemos que ficar mais afastadas. Eu estava tonta e enjoada, mas só queria minha filha bem e com a gente de novo. Alem de tudo que tem acontecido, agora tem mais essa para enfrentar. Uma família que achávamos que estavam mortos no nosso encalço. A mulher chamou pelo marido e logo se aproximou mais da porta e entrou. Vimos a hora que ela deu o remédio a ele e a água e em seguida aplicou o remédio no braço dele o fazendo cair e nossa filha o ampará-lo até deitá-lo no chão. Ela não estava mentindo. Elas conversaram um pouco e depois de 10 minutos a Nick saiu, eu a abracei e a Natalie também. Ela não esboçava nada. Só disse que estava bem e ao ser perguntada sobre a queixa já que o homem era doente ela disse que não ia registrar queixa e disse que queria sair dali. Ela quis ir no carro dela o frentista do posto chamado Paulinho, ela já nos falou dele, ia dirigir pra ela, mas ela não foi pra casa. Já tínhamos trocado telefone com ele então ele nos mandou uma mensagem um tempo depois dizendo que ela estava na casa dele conversando com Mariana sua esposa e estava segura. Ela precisava ir para um lugar diferente da casa dela. Eu tomei banho enquanto a Natalie contava tudo pra Isabela que tava assustada com tudo. Logo ela subiu tomou banho também, olhamos a hora e era pouco mais de 3 da tarde. Quando deu 17 horas ela chegou e foi para o quarto dela.

NATIESE EM: AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ.Onde histórias criam vida. Descubra agora