HOPE - No Meio Da Máfia

4°

Stelany

Se a gente pudesse escolher a vida que sonhamos ou desejamos, pode apostar que todos teriam uma vida sem pobreza, morte ou aflição. O mundo não estaria afectado de tanto mal se todos conseguissem o que desejavam sem ter que pisar alguém para o ter. A vida não é um mar de rosa, eles disseram.

Vivemos de escolhas e acções, boas ou ruins. Parece mentira afirmar que ninguém vive sofrendo para sempre, há sempre algum momento bom, no meio do caos, Deus nunca o deixará sozinho.

Se não agir por intermédio das coisas, agirá por meio de outras pessoas. Eu só percebi quando ele me resgatou, me tirou daquela aflição. Por intermédio d'Ele, usando uma pessoa, que todos o conhecem como o próprio Lúcifer.

Mesmo não o conhecendo, saber e ver as pessoas sendo mortas por ele, sem piedade ou remorso, ninguém acreditaria que fosse um homem bom.

Lúcifer já foi um anjo de luz, mas por querer ser igual ao seu criador, foi punido e não mostrou arrependimento e foi lançado sobre a terra. Guadalupe e Pilar comentaram comigo, que aquele homem é o próprio demónio em pessoa. Eu achava que sim, porque até o próprio Hernandez Suarez teme aquele homem e eu temo o Hernandez e o seu irmão Gonçalo.

Alias, todo o mundo nesse inferno teme o Lúcifer. Me pergunto, como alguém coloca o nome do filho de Lúcifer? Uma mãe sem coração? Talvez seja isso mesmo. Não amar o filho até ao ponto de colocar o nome do capeta ao filho, só uma mulher de coração ruim faria isso.

Os boatos aqui são gritantes. Enquanto vou arrumando alguns cómodos, ouço sempre alguns cochichos sobre esse homem. Parece que ele está causando problemas para o Hernandez. Seus negócios estão sendo prejudicados pelo tal homem.

A tensão não está favorável aqui. Tento sempre passar por despercebida por onde passo. A roupa que estou usando me deixa desconfortável, e tento fazer movimentos calmos para a minha cueca não ser vista. Nunca falo nada, me mantenho calada e as vezes esqueço como é o som da minha voz, porque não consigo dizer uma só palavra desde o dia que me bateram tanto, até perder a fala.

Já se passaram muitos anos, ainda não me acostumei com essas roupas minúsculas. Me incomoda os olhares de todo o mundo quando passo em algum cómodo para arrumar.

Há crianças nesse lugar, filhos de outras mulheres daqui. Graças a Deus eu não engravidei daquele homem, nem do demónio do irmão. Os dois sempre usaram preservativos, mas já aconteceu de eles esquecerem quando ficam embriagados, mas graças aquele homem bom, eu nunca engravidei. Quando fui ao hospital pela primeira vez depois de apanhar muito, o médico era alguém muito bom de coração e evitou que eu engravidasse.

O médico já era um senhor de idade um pouco avançado. Deve ter cinquenta anos e meio, talvez. Ele se entristecia sempre que alguma menina é levada para ser atendida por ele, por causa desses traficantes. Ele se compadeceu da minha situação.

- Me ajude... - Pedi no meu idioma. Não sei se ele vai me entender, mas tento na mesma. - Eu fui sequestrada, chama a policia, por favor.

Há homens daquele traficante no corredor do hospital. Eles estão nos vigiando, mas o medico, pediu espaço para trabalhar e eles estão aguardando fora, e é a oportunidade perfeita para poder pedir ajuda alguém que não morasse naquele lugar.

- A polícia será ainda pior, menina. - O médico ficou triste e vejo que ele entendeu o meu idioma. - A polícia local trabalha para o Suarez, menina. Eu sinto muito que tenha parado nas mãos desse homem, mas chamando a polícia não vai ajudar. Quantos anos, menina?

- Dezassete, senhor. Por favor, me ajuda. - Peço aflita o olhando apenas com um olho bom, o outro estava inchado devido a surra.

- Muito nova, ainda. Como foi parar nas mãos daquele homem? Veio de qual país?