Stelany
— O que fizeram com você? — Sua voz soo como um sussurro, forte e mansa. Suas mãos me cobriram e retiraram da cama meu corpo doente.
Fiz uma careta de dor, o senhor Lúcifer olha as minhas expressões, e paro de fazer logo a careta e fico indiferente. Quando passamos pela cozinha, há cinco homens ensanguentados, mortos e vários buracos com sinais de tiros na parede.
A sala está destruída, muitos corpos pelo chão e é a coisa mais horrível que já vi na minha vida. O senhor Lúcifer passa pelos corpos como se não fosse nada demais, aquilo me enoja e enjoa. Meu corpo se contorce nos seus braços e vomito nos seus pés. Tento parar tapando a minha boca, mas é mais forte do que eu e o Senhor Lúcifer se apercebendo do meu estado, para de andar me pousando no seu colo enquanto vómito.
Eu o sujei com o meu vómito, será que ele vai me matar por isso? Seus sapatos estão sujos e grande parte do meu vómito se mistura com sangue que sai do meu nariz. Meu corpo se contorce com a dor e evito fazer careta ou dar sons de dor, não quero que ninguém veja que estou mais quebrada por dentro que por fora.
Senti um lenço passando pelo meu nariz e boca, olhei para acima e ver aqueles olhos castanhos, quase vermelhos como o fogo, o inferno que o seu nome nos representa. Ele limpa a minha boca e depois o meu nariz, não sente nojo, nem repulsa.
Sou levantada novamente e saímos fora do casarão do traficante. Há fogo sendo apagado no momento, polícias, bombeiros e ambulâncias estão naquele lugar. A polícia não está prendendo os homens do senhor Lúcifer, está apenas olhando o estragado e contando quantas pessoas mortas tem naquele lugar.
Um paramédico me pega dos braços do senhor Lúcifer e colocada na maca da ambulância. Uma bomba de oxigénio é colocada no meu nariz e uma enfermeira vai dizendo coisas, mas a minha atenção toda se prendeu no senhor Lúcifer que fala alguma coisa para o paramédico e antes das portas da ambulância se fecharem, ele olhou para mim e seus lábios se moveram e eu percebi o que ele disse.
— Vai ficar tudo bem. — Um leve sorriso em seus lábios e olhos vidrados para mim até a porta se fechar.
Como tirar esse dia da minha cabeça? Não suporto ter que lembrar que passei por tudo aquilo, é uma sensação horrível e toda a vez que lembro da surra que Hernandez e seu irmão dava, eu sinto na minha pele toda a chicotada.
Nos primeiros dias, na casa da Anne, eu chorava com essa dor, soava e ficava com febres. Ela me cuidou e fizemos tratamento.
Os sonhos não são constantes, mas toda a vez que tivesse que olhar para o rosto do Lionel, eu via aquele dia passar pela minha cabeça.
As lembranças apareciam de maneira distorcidas. Algumas vezes eu via o Lionel me batendo, já não era o Hernandez que me batia nos meus sonhos, era o Lúcifer no sonho.
Eu fiquei com medo dele. Não sabia compreender direito o que ele me causava, mas com o tempo, depois do tratamento, eu consegui clarear as minhas visões. Era o Hernandez nele, e toda a vez que olho para os olhos castanhos do Lionel, eu via aquele dia.
Eu vi como ele me deu a segurança. Cuidou de mim, sem sentir nojo algum pelo estado que estava. Achei que fosse me matar por ter vomitado nele, mas não. Depois disso, tudo ficou confuso.
Estava sob efeito da dor que não conseguia clarear as minhas ideias e pensamentos. E com a confissão dele, o que ele me fez lembrar, eu sai correndo que nem uma criança.
Eu quis ir embora e esquecer novamente. Não gosto de lembrar disso, do que tive que suportar. Por algum tempo, eu achei que a culpa fosse minha por tudo que me aconteceu, mas a minha terapeuta me fez acreditar que nada daquilo que aconteceu foi minha culpa. Era apenas uma vítima.
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HOPE - No Meio Da Máfia
RomanceO que você faria, se te apaixonasses por quem te odeia? Treze anos depois, surgem os filhos da Máfia, com um novo líder conhecido como Lúcifer. Um futuro predestinado de Lionel Smith, faz jus ao seu nome. Stelany aparece na vida do novo capo, quando...