Stelany
Acordo com a minha cabeça latejando, o corpo todo dói e a minha alma está pior que a dor carnal. A dor na alma está pesando. Parece que tudo vem de uma só vez, sentir de uma vez só a morte dos meus pais, o sequestro e a vida presa naquele lugar. Não sei bem o que estou a sentir, apenas sei que dói e muito.
Lembro de ter um surto, me fechei na minha dor e as lágrimas não paravam de cair. Sentia que estava a ter um enfarte, a máquina que controlava os meus batimentos cardíacos, apitou e médicos entraram no quarto. O senhor Lionel me balançava, tentando me puxar do meu transe e agonia, mas sei que a dor era tanto e gritei, muito, mas a voz não saia, foi um grito vazio, sem som, apenas a minha boca aberta e me debatendo.
Se não fosse pelo senhor Lionel me agarrando, teria caído daquela cama. Foi necessário que fosse apagada com um remédio que colocaram em minhas veias, antes que o meu surto afectasse algum órgão do meu corpo, embora que a minha mente já esteja afectada.
Fico com os olhos fechados, embora esteja já acordada. Mordo os lábios, as lágrimas vão caindo pelas minhas bochechas ao pescoço. São soluços silenciosos, o meu choro é silencioso. Não chorei quando meu pai morreu, nem quando a minha mãe morreu, quando fui levada para Hernandez, também não chorei, fiquei quieta, durou onze anos, dois anos para não falar e nove para não sentir.
Bastou uma pergunta do senhor Lionel par trazer de volta os meus sentimentos, ainda não consigo falar, já foram tantos anos, acho que já não falarei mais, perdi a minha voz por completo, talvez seja algum efeito traumático, uma necessidade que me fez obrigar a parar de falar. A voz na minha cabeça é a única que conheço de eu mesma, nem como os meus pais eram, não lembro mais, porém, sei que fui amada, e isso dói muito, porque sei que nunca mais os terei, e teve que passar onze anos para eu dar contar.
As mãos suaves na minha mão boa me assusta, fazendo com que eu me afaste rápido e abrir os olhos. Senhor Lúcifer está me encarando. Com um pouco de ternura nos olhos, parece compreender o que sinto.
- Olá, outra vez. - Sua voz agora é suave e um pouco grossa, deixa mais bonito de se ouvir. - Como te sentes?
Ele pergunta me analisando. Pega a caderneta e a caneta me entregando. O senhor Lionel está com uma leve preocupação, analiso bem o seu rosto próximo, mesmo com um olho bom, e outro doendo um pouco, vejo como ele é bonito, muito bonito para ser exacta. Ele tem os cabelos castanhos quase pretos, olhos castanhos também e a barba o deixa mais maduro, com o rosto sério. Seus cabelos não são curtos, nem comprimidos, há uma pequena franja que cai sobre os olhos. Quando nota que estou o reparando, sua testa franze e desvio o olhar, ajeitando a caneta e escrever um "Bem", que o lê não acreditando.
- Está com o rosto pálido, olhos vermelhos. Sente alguma dor? - Pergunta.
"Um pouco."
- Vou chamar o Christian, avisar que acordou.
Lionel se levanta da poltrona saindo do quarto e volta minuto depois com o mesmo médico. Ele fala algumas coisas, me pergunta onde dói e eu respondo. Sou medicada para aliviar as dores e o médico se vai. Lionel vai com ele e demora longos minutos para voltar, mas não volta sozinho e sim com uma senhora de cabelos negros, pequena mas com um brilho nos olhos azuis que tem.
- Olá! - A senhora diz amigavelmente e fazendo gestos com os dedos. Ela tem uma voz suave e fala o mesmo idioma. - Como está?
"Sim."
Não sou muito cordial, respondi o necessário, apesar de a senhora aparentar ser uma mulher simpática, não a conheço e estou um pouco receosa em relação as pessoas. Só conheci pessoas más, boas só foram o senhor Collins e mais ninguém o suficiente para me sentir confortável.
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HOPE - No Meio Da Máfia
RomanceO que você faria, se te apaixonasses por quem te odeia? Treze anos depois, surgem os filhos da Máfia, com um novo líder conhecido como Lúcifer. Um futuro predestinado de Lionel Smith, faz jus ao seu nome. Stelany aparece na vida do novo capo, quando...