HOPE - No Meio Da Máfia

19°

Stelany

— Olá! — Disse, Bill.

O livro que estou lendo, não me prende em nada, meus pensamentos me levam para outro lugar, outros horizontes. Muita coisa está mudando na minha vida, uma casa nova, pessoas novas e não estou conseguindo me adaptar a nada disto, começando por ouvir conversas na cozinha que tenho a desconfiança de que eu esteja a ser o motivo, pelas feições que noto quando sou avistada.

Todos aqui, com as ordens do senhor Harry, têm de falar o meu idioma quando as palavras são dirigidas para mim. Apesar disso, ninguém aqui fala comigo quando eles não estão. Fico sozinha aqui por longas horas, apenas Charllote e o Bill conversam de vez em quando, fora disso, todos aqui são bastante profissionais e evitam conversar ou olhar para mim.

Peguei um livro para ler no jardim, o cãozinho, majestoso está lá no meu quarto, dormindo, o que mais faz sendo ainda muito pequeno. O clima está nublado e frio, está gostoso, mas sei que tarde ou cedo irá formar chuva e terei que voltar para dentro correndo com essa perna coberta,

Falta pouco para que o gesso seja retirado, em uma semana no exacto. Não sei o que acontecerá depois de o gesso ser retirado, o que irá acontecer depois. Confesso que estou com medo de nunca me adaptar com eles, se algum dia irei aceitar definitivamente que esta é a vida que Deus reservou para mim.

— Vai chover a qualquer momento, quer ir para dentro agora? — Pronunciou, ele. Sorri em resposta com um balançar leve na cabeça.

Avisto o céu escuro, está se formando chuva mais rápido do que pensei. Queria aproveitar um pouco do clima, mas pela ventilação, a chuva está chegando mais rápido, então me levanto segurando o livro e vou caminhando para dentro de casa.

É sexta-feira. Hoje não tenho secção com a terapeuta, ela desmarcou a consulta por um problema familiar, segundo a mensagem que recebi da senhora Anne. Então o dia inteiro, ficarei sozinha, pois nas sextas, Anne passa o dia todo na clínica, Harry está viajando, mas estará de regresso hoje mesmo, talvez não chegue na hora de jantar e Noah tem muito trabalho, resumindo, estarei sozinha o dia todo hoje, pela primeira vez.

Caminho em passos lentos até ao quarto, pela vidraça da janela do meu quarto as gotas de água caindo. O som da chuva, parece acalmar o meu coração, é uma angustia, algo que parece apertar ele, sufocando. Acontece muito quando estou sozinha aqui, ficar pensando na minha vida, no meu passado e no futuro incerto.

Não sei como vai ser daqui algum tempo com a família Franklin, talvez eles no futuro poderão se arrepender por ter me trazido em sua casa. Eles têm uma vida bastante privilegiada, não estou acostumada com essas coisas, viver desse jeito, me sinto perdida em muitas questões e ainda não estou conformada com essa minha nova vida.

Me perco nos meus pensamentos, nada parece o mesmo, a chuva ainda está caindo, com mais intensidade ainda. Lembro quando era mais pequena, vivíamos em uma cidade pequena em Luanda, uma chuva dessa, significa muitas famílias desalojadas e casas inundadas.

Mas as brincadeiras debaixo da chuva era a coisa mais divertidas que fazia com amigos de infância, não nos importávamos muito com o que sucedia depois de tomar banho de chuva, a brincadeira era mais interessante e para uma criança, apenas isso importara.

O dia passou nebuloso, a chuva demorou para terminar, agora apenas algumas gotas caem do céu. Já são perto das cinco da tarde, não tomei meus remédios, não vi necessidades, não tenho pesadelos e nenhum surto a muito tempo, não tenho ataques de pânico, receitaram apenas esses remédios para um possível transtorno psicótico, desde que sai daquele hospital, não tenho mais nada disso, a não ser algum pesadelo, algumas recordações que preciso esquecer, fora disso, somente o medo, do futuro.