HOPE - No Meio Da Máfia

16°

Stelany

Sexta-feira, estou completando vinte e oito anos de idade. A última vez que apaguei as velas de um bolo, foi há doze anos, minha mãe fez um pequeno bolo, cantamos os parabéns pela manhã antes de o meu pai ir trabalhar, receber beijos e abraços e dois presentes, depois iria para a escola.

Hoje será a oficialização da minha integração a organização que a família Franklin pertence. Depois daquela conversa de muitas lágrimas e risos, subi para o quarto com Noah, dormi e pela primeira vez, não tive sonhos, apenas dormi e acordei, sem sonhos e nem lembranças me atormentando.

Era muito importante aquela aceitação, me senti amada, aceita e valorizada, humana outra vez e tratada como alguém que merece respeito, amor e compreensão. Essa família, agora a minha, foi algo que em um milhão não aconteceria tão rápido.

Seguimos para a mesma rotina, me controlo sempre para tratar como padrinhos aos senhores Franklin, como eles desejam, quero agradar eles, já fizeram muito por mim, têm feito sempre, é o mínimo chamar eles por padrinhos, porque eles me tratam como se fossem meus pais.

Os dias passaram, tudo ao normal. Agora Noah já não volta ao meio dia para ficar comigo, tem muito trabalho na empresa, por ter ficado muito tempo fora, está tentando manter tudo a par e não poderá dar o gosto de deixar pela metade, já que o senhor Harry, quer dizer, o padrinho Harry vai entregar a presidência a ele definitivamente. Recebo mensagens dele quase sempre quando não estamos juntos, faz piadinhas sobre alguma coisa inusitada do seu dia-a-dia.

Ele parece mesmo um irmão, somos muito diferentes um do outro. Noah tem os olhos castanhos, cabelos castanhos, quase loiro, igual do pai, nem parece filho da mãe dele visualmente. Harry contou que Noah é idêntico ao avô, os cabelos e olhos, mas o nariz é da mãe.

São seis da manhã, acordei muito cedo, não dormi o suficiente, foi estranho, estava ansiosa, era o meu primeiro aniversário depois de onze anos que realmente me interesso, com uma gota de esperança, com pessoas boas ao meu redor.

Pego o telefone ao lado, depois de ver as horas nele, há uma mensagem de Noah, do padrinho Harry também. Eles saem cedo de casa, mesmo sendo donos da sua empresa, eles são diferentes, se levantam para trabalhar como funcionários normais, não tem essa de que pode ir a qualquer hora ou dia para trabalhar, só por serem os chefes, eles gostam de uma vida laboral como as dos outros, assim dão algum exemplo para os seus funcionários.

“Feliz aniversário, pequena. Abre a porta do seu banheiro e lá encontrará o seu presente, só não faça barulho e entre bruscamente, se não vai assustar o seu presente, maninha.”

Leio a mensagem de Noah e me assusto. Que presente pode se assustar? As vezes ele é brincalhão que dá medo as vezes, fico com receio de levantar da cama e saber o que tem dentro do banheiro.

“Feliz aniversário, filha. Seu presente está a caminho, receba pessoalmente a encomenda.”

A mensagem do Harry é mais flexível, não como a de Noah, e fico curiosa o que ele me dará de presente, faz tempo que não ganho um presente de aniversário, talvez uma roupa bonita, perfumes ou acessórios, coisas leves de presentear alguém, pelo que me lembro.

Me levanto deixando a cama olhando atentamente pela porta do banheiro entreaberta, estou nervosa com o que pode ter lá dentro. Noah não seria capaz de me assustar logo no meu aniversário, ele não chegaria a esse extremo, mas não consigo parar de temer.

Ando em passos curtos e silenciosos, fazendo o possível para as muletas não fazerem barulho, chego perto da porta e vou abrindo devagar, atenta a tudo, talvez não seja algo leve, Noah é exagerado algumas vezes, olho ao redor do banheiro, não tem nada fora do normal, excepto a um caixote de papelão, decorado e com um pano cobrindo a parte interna, ao lado da banheira.