Capítulo 29

5.8K 625 34
                                    

Diria que agora sim minha vida está no eixo. Papai deu uma leve surtada com todas as notícias, culpou os italianos por tirarem suas menininhas de casa, depois fez um interrogatório com Lucca pra saber de suas intenções verdadeiras e com Adam pra ver se ele estava mesmo disposto a cuidar e amar uma criança de outro pai o que me fez rachar de rir junto a Donna.

No final eles propuseram um cargo pra papai na área dele então poderia se mudar pra Itália também.

Ele não aceitou.

Orgulhoso que só Deus na causa. Mas eu e Donna o amançamos, conversamos sobre os prós e contras, e colocamos em sua cabeça que só assim ficaria perto de nós e dos netos o fazendo concordar rápido.

Foi a reunião de família mais longa e complexa mas no final da noite deu tudo certo com Aurora no colo de Nathan Stell que quis ser chamado de avó, ou nonno como ela diz, e ele nem perguntou o que Lucca achava, desdenhou legal a opinião dele nesse momento e o cara nem ligou.

- Em poucos minutos ele demonstrou um carinho especial por ela e cuidará de Aurora como cuidou de vocês, isso já me basta. - Foi o que me respondeu e sorri por ser a mais pura verdade.

De brinde Samuel também estava o chamando assim e ele esqueceu de tudo enquanto estava sentado no tapete brincando animado com os dois, parecia que era uma das cenas da minha infância de revivendo sob meus olhos.

O deixamos em casa logo após sair do apartamento onde Adam permaneceu com Donna e ainda avisou que ficará por lá esses dias trabalhando de casa até nosso casamento. Desse jeito mesmo, o cara só me avisou, nem perguntou se podia nem nada. Folgado pra caramba

Ele praticamente me expulsou e me jogou pra cova dos leões, também conhecido como apartamento de Lucca Ricci.

Agora estou a bons minutos com uma Aurora ainda animada na banheira enquanto Lucca está dando atenção a Samuel no banho.

- O sono atingiu Sam. - Escuto e vejo Lucca no batente da porta.

- Papà, eu sou mocinha, você não pode me ver. - Diz afundando o corpinho na água.

- Questa è la mia piccola. - Se gaba sorrindo.

Tem coisas que eles falam tanto em italiano que eu já até aprendi e me acostumei.

- Babbo. - Reclama novamente e fico de costas pra banheira pra ela não me ver rindo. - Mamma, me ajuda.

- Isso mesmo Lucca, ela .. - Espera ai.

Ela me chamou de Mamma?

Me chamou de mamma?

Abro a boca em choque no mesmo segundo que vejo tudo embaçado e as lágrimas quentes descerem.

- Lucca. - Murmuro com a voz embargada e mesmo embaçado sei que ele está sorrindo.

- Samuel precisa de você principessa, vai lá.

- Já volto pequena. - Sussurro aindo de costas antes de levantar e correr pro quarto.

Oh lugarzinho enorme.

Pego meu celular na cama e somente uma pessoa vem na minha cabeça, só uma pessoa vai entender o que estou sentindo nesse momento.

- Olívia. - Diz alegre e fico em silêncio. - Aconteceu alguma coisa?

Engulo as lágrimas e me forço a abrir a boca.

- Preciso falar com David. - Posso até ver seu cenho franzido agora.

- Aconteceu alguma coisa com Sam? - Questiona nervosa.

- Não, mas preciso falar com David.

Sei que eles não estão estendendo nada agora. Ouço uma movimentação na outra linha e logo sua voz surge.

- Olívia, está tudo bem? - Pergunta e as lágrimas voltam.

- David, ela me chamou de mãe, Aurora me chamou de mãe, e, e, você já passou por isso, me ajuda. - Imploro.

- Como foi? - Indaga.

- Estava ajudando no banho então Lucca apareceu, surgiu uma conversa e ela disse "mamma, me ajuda", assim, do nada. - Murmuro me jogando na cama.

- Você falou algo pra ela?

- Não, não consegui. - Digo enxugando o rosto.

- Então depois fale com ela pra não achar que você não gostou. - Fala me assustando e fico em pé num pulo.

- Mas eu gostei. Cristo, como eu gostei.

- Parabéns Olívia, você é mãe.

Cristo.

Mãe.

Ela me chamou de mãe.

Esse é o sentimento que tenho por Aurora. Ela é minha pequenina que ama sorvetes como eu, que eu quero colocar em um potinho pra ninguém a fazer mal ao mesmo instante que eu soco até o Papa se fizer algo a ela.

- Eu sou mãe. - Afirmo.

Fico ainda alguns segundos escutando David antes de lavar o rosto e voltar para seu quarto. Chego vendo os dois deitados na cama e a tempo de escutar o finalzinho da oração que ela faz.

- .. obrigada também pela mamma e pelo babbo, amém.

- Posso me juntar a vocês? - Questiono da porta e ela abre um grande sorriso.

Até respiro aliviada por ela não ter percebido nada e ter ficado chateada. Lucca me dá espaço para me encaixar no meio deles e puxo seu corpinho pra mim.

- Mamma, conta uma história? - Pede e meu coração falta a saltar pela boca.

Então lhe conto a história resumida da Bela adormecida e na metade ela já está capotada como sempre me deixando velar seu sono enquanto estou nos braços do amor da minha vida.

- Parabéns mamma. - Sussurra em meu ouvido me abraçando pela cintura.

- Eu sou mãe Lucca, mãe. - Também digo baixinho.

- Aurora já te chamava de mamma pra mim. - Conta e eu o encaro por cima do ombro. - Acho que foi natural pra ela te ver assim.

- Você tem algum problema com isso?

- Nenhum. - Ele sorri e deixa um beijo na minha bochecha. - Você cuida dela como uma mãe, a ama como uma mãe, e jamais a abandonaria.

- Eu amo muito vocês dois. - Murmuro e ele aconchega a cabeça em meu pescoço.

- Nós também te amamos Olívia, nunca duvide disso.

Assim que ele termina de falar Aurora resmunga e se mexe.

- Melhor a deixarmos. - Sussurro e nos levantamos com cuidado indo para o corredor e abraço Lucca por trás encostando a bochecha em seus músculos.

- Vamos pro seu quarto? - Indago e deixo um beijo sobre o tecido.

- Pro nosso quarto. - Friza e se vira num rompante me segurando com firmeza. - Nossa filha, nosso quarto, nossa apartamento. - Então sorri de lado. - Não vou deixar você sair daqui mais principessa.

Então percebo que eu que não quero mais sair daqui.

Querido Italiano - Série Poderosos e Irresistíveis 2Onde histórias criam vida. Descubra agora