Perda.
Como posso ter o sentimento de perda de algo que nem ao menos sei se tive de verdade?
Minha maravilhosa e gata psicóloga Jasmine Dobrik diz que temos cinco estágios do luto e quando minha mãe foi embora de casa foi como se a perdesse, como se ela tivesse morrido pra mim naquele instante.
Contei todas as reações que tive nos dias, semanas e meses seguintes e ela confirmou que passei uma espécie de luto.
Hoje ela fala que estou no último estágio, o da aceitação. Por esse motivo saber que minha mãe está morta a mais de sete anos não me afetou tanto quanto a Donna que está um pouco isolada e Adam é o único que ela aceita cem por cento ao seu lado.
Temos trabalhado muito com esse trauma recorrente ao abandono e estar aqui em frente a sua lápide me trás o sentimento de algo estranho sendo encerrado.
Suzanna Stell.
Apenas isso. Nada de amiga querida, esposa amada ou mãe dedicada. Apenas seu nome, simples, frio, solitário, no meio de um cemitério qualquer em uma pequena cidade a duas horas de Nova York.
Passou pela minha cabeça o que ela fazia aqui. Se tinha encontrado alguém, se teve alguém que se importou com ela nos últimos anos.
O detetive contratado por eles demorou alguns meses e pouco antes de nossa volta pra casa a notícia chegou.
Eu realmente pensei em não querer saber de nada, mas novamente minha psicóloga me mostrou que seria importante.
Então quis saber somente o essencial e Lucca respeitou. Me disse que não teve outros filhos, que morreu de cirrose, os anos se acabando em bebida e drogas deu as caras quando seu fígado já não dava mais conta.
Lucca permaneceu aqui do meu lado, agora está somente nós dois. Não quis vir no mesmo momento que Donna e com toda certeza sei que nossas reações foram diferentes.
Ela não tem lembranças da mãe como eu, mas no funco acho que teve esperanças de a reencontrar bem, viva, e fosse como nos filmes em que Suzanna teria se arrependido por tudo e abraçaria com lágrimas nos olhos.
Eu entendo ela ter sonhado com isso. Não a julgo, mesmo tendo o pensamento completamente diferente.
- Vamos embora. - Afirmo.
Estar aqui não me trouxe grandes sentimentos amorosos, ou recordações. Apenas pude sentir que esse ciclo da minha vida teve um fim, e não vou me reprimir por não chorar, ou ficar sentimental.
Tudo acabou, e com muito trabalho psicológico espero poder deixar todos medos e traumas pra trás, conseguindo comemorar meu aniversário esse ano ao menos ao lado da minha filha e esposo.
Lucca não insistiu, não rebateu, apenas alçou minha cintura com sua mão e me tirou dalí.
- O que quer fazer agora? - Indagou quando pos o carro em movimento.
Me virei vendo o sol refletido em sua pele, o óculos aviador escondendo os olhos que tanto amo, sua mão firme no volante enquanto a outra ultrapassa o ambiente e afaga a minha.
- Ir pra casa.
●●●
- Estou muito, muito, muito feliz mamma.
Aurora falava animada e pulando ao mesmo tempo que eu lutava para vestir sua blusa.
- Que horas o babbo chega? Vai demorar? - Fala correndo em volta de mim pelo corredor.
- Cristo, você está mais empolgada que eu. - Digo rindo e ela em acompanha.
- É que estou feliz, muito feliz. - Repete elétrica.
- Ok senhorita feliz. - Aperto seu narizinho e ela sorri. - Me ajuda no jantar para esperarmos seu pai.
Lucca chegará mais tarde hoje o que facilitou meu plano com minha pequena. Ela já está nas férias de verão e estou perto de completar um ano em que aceitei sair com meu maravihoso esposo pela primeira vez.
Preparo uma receita de gnocchi que dona Natali me enviou do seu acervo maravilhoso de receitas, sem contar que Lucca ama, sério, ele ama o gnocchi e molhos que ela faz.
Com toda certeza não ficou igual, mas o que vale é a intenção, certo?
Em poucas semanas iremos de vez para Roma e minha ansiedade está a mil. Nesses meses até aprendi um pouco nais do italiano mas vou te contar, não achei nada fácil.
Em pensar que estarei morando definitivamente na terra do vinho em pouco tempo até me assusta, mas a ansiedade é maior.
Escuto o barulho do elevador se abrindo e Aurora se esconde atrás da mesa deixando apenas seu rostinho risonho a vista.
- Olívia. Aurora. - Chama.
- Aqui. - Escuto seus passos e ele logo aparece franzindo o cenho ao ver toda a mesa arrumada e decorada pro nosso jantar.
Fala sério, ele é cheio da grana, acostumado com luxo, mas pra ficar comigo tem que entender que não é todo dia que a mesa do jantar vai estar arrumada e elegante.
- Pra que tudo isso? - Indaga me dando um beijo rápido que foi mais um encostar de lábios.
- Tenho um presente. - Aurora grita animada.
- Presente pra mim piccola? - Ele afirma balançando a cabeça freneticamente. - Ok.
Ela se levanta e corre ficando na sua frente. Lucca continua de cenho franzido e olha dela pra mim tentando entender.
- Então? - Murmura a espera do tal presente e vejo minha pequena revirar os olhos puxando sua mão e chamando sua atenção.
Quase que posso escutar seus pensamentos chamando o papa de bobo.
- Aqui papa. - Segura a barra da blusa e a estica.
Agora sim a ficha dele caiu ao ler "Agora sou irmã mais velha" na blusa da filha.
- Isso, isso é .. - Ele não completa apenas engole en seco me encarando.
- Sim, isso quer dizer que estou grávida. - Afirmo e um grande sorriso escapa de seus lábios.
- Mio Dio. - Ele se joga de joelhos e beina freneticamente minha barriga o que me faz rir junto com Aurora.
- Papa é doido. - Ela diz baixinho.
- Você sabia não é? - Ele a pega no colo se levantando e me agarrando pela cintura. - Eu amo vocês. - Fala olhando minha barriga antes de encarar meu olhar. - Amo vocês três.
E pensar que um dia tive medo em deixar esse italiano com toda sua intensidade entrar na minha vida. Hoje só sei agradecer por nossos caminhos terem se cruzado.
- Obrigado principessa. - Sussurra.
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ANOS DEPOIS
- Mamma. - Escuto o grito e o homem em cima de mim pragueja no mesmo instante.
- Não tem ninguém. - Grita de volta.
Logo um burburinho começa na porta e riu escutando ele praguejar ao sair de cima de mim.
- Por que mesmo temos três filhos?
- Pelo que me lembre meu italiano queria cinco.
- Cazzo. - Bufa e se joga na cama.
Por um momento esqueço de tudo vendo seus músculos bem delineados que são perfeitos para passar minhas unhas, porém outro grito na porta me faz lembrar dos três pestinhas que tanto amo.
Ele ainda queria cinco.
Completamente maluco.
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Querido Italiano - Série Poderosos e Irresistíveis 2
Romance| Livro 2 | Recomendo a leitura dos livros da série na sequência. Lucca Ricci. Um italiano insistente que quando decide algo vai nisso até o fim. E ele decidiu que a teria. Que teria a linda morena que o encantou de primeira ao sorrir e mostrar sua...