Capítulo 22

5.8K 613 47
                                    

Levanto no dia seguinte só o caco do caco, pior que a ferragem de montanha russa dos parques abandonados.

Ok, essa foi um exagero.

Mas estou repleta de olheiras que me deixam com cara de zumbi. Assim que saio do banheiro ajeito meus cabelos que está mais revoltos hoje com um elástico porém ainda continuo de pijama, não trabalho hoje mesmo, então mereço.

- Nossa, está doente? - Essa é a primeira coisa que questiona quando eu aponto na sala e nego com a cabeça e zero humor.

- Noites mal dormidas. - Murmuro.

- Lucca? - Nego sem olhar pra ela anuindo sua preocupação.

Não preciso estressar outras pessoas com minhas paranóias não é mesmo?

- Faxina? - Exclamo depois do café e a vejo suspirar revirando os olhos.

- Não tem jeito mesmo. - Reclama se levantando.

- Exagerada, pra você só coisas leves. - Digo e ela sorri. - E os enjoos?

- Todo dia quando acordo mas logo passa. - Diz rabugenta.

Tem piores. Pelo menos foi o que os casos que li na internet me mostrou. Coloco um som animado, troco o pijama por um short e camiseta e vou fazendo todo o trabalho pesado de organização deixando Donna levar o aspirador de rodinhas pra lá e pra cá.

Limpo o banheiro enquanto ela aspira, depois vou passando o pano por onde ela limpou enquanto a caçula comanda a máquina de lavar.

O lugar é pequeno e não somos desleixadas, mas sempre acumulamos alguma bagunça, é quase impossível manter tudo no lugar todos os dias, principalmente que agora além de Sam tem Aurora que invadi o lugar e toma meus sorvetes.

Só de lembrar sorriu e meu peito aperta, costumo falar com a pequena todo dia, nem que seja por celular uns minutinhos e tem quase dois dias que não ouço sua voz.

- Preciso dormir até amanhã. - Murmura quando nos jogamos no sofá.

Retiro o elástico do cabelo refazendo o rabo de cabelo que virou uma zona com a movimentação e coloco os pés em cima da mesinha de centro.

- Eu .. - Bufo na mesma hora que batem na porta.

Foi só eu sentar pra descansar.

- Eu atendo. - Assim que Donna abre a porta a mini trator italiana invadi o apartamento se jogando nos meus braços.

- Olívia.. - Murmura e me agarro a ela sentindo seu cheirinho e engolindo um choro.

Estou emotiva, não me julgem.

- Estava sentindo sua falta principessa. - Digo a colocando em meu colo.

- De verdade? - Questiona com um bico adorável.

- Verdade, eu nunca minto pra você pequena. - Sorriu com sinceridade.

- Pensei que tinha me abandonado. - Eu engulo em seco ao ver seu narizinho vermelho.

- Aurora. - Seguro seu rostinho com delicadeza mas para que ela me olhe. - Eu nunca vou de te abandonar, independente de qualquer coisa eu sempre vou estar aqui, ouviu bem?

- Promettere? - Me estende o dedinho e o pego com o meu.

Aprendeu isso com Samuel, é a cara dele.

- Prometo. - Isso foi o suficiente pra ela sorrir pra mim com pompons de sua toca balançando.

- Vamos no parque. - Fala empolgada e eu finalmente levanto o olhar.

Ele está ali, parado como se nada estivesse acontecido, com seu sorriso ladino e olhos azuis inconfundíveis.

- Viemos te chamar pra ir no parque, vocês na verdade. - Olha pra Donna.

- Ah não, eu preciso dormir. - Diz e sei que nem adianta insistir.

- E você principessa? - Meu coração acelera mas não sorrio pra seu olhar esperançoso.

- Vamos. - Implora juntando as mãozinhas.

- Vou sim. - Ela salta do meu colo indo pra Donna que já pegou seu sorvete.

- Esconde essas olheiras. - A caçula grita e reviro os olhos antes de entrar no quarto e sinto ele atrás de mim mas não dou bola.

- Você está bem? - Ouço enquanto separo uma roupa.

- Ótima. - Repondo ainda de costas.

- E qual o motivo das olheiras?

- Noites mal dormidas. - Afirmo e espero que ele se sinta ao menos culpado por isso.

- Desculpe por esses dias, a empresa ocupou meu tempo. - Diz em voz baixa e vacilante.

Reviro os olhos.

Isso nunca foi desculpa, ele sempre arrumava um tempo nem que seja pra uma ligação ou vídeo chamada já na cama. Mas dessa vez fiquei totalmente sem respostas e isso me abalou mais do que eu imaginei.

- Entendo. - Falo simplesmente e sinto sua mão na minha cintura e um beijo em meu ombro sobre a roupa. - Vou tomar um banho. - Me desvencilio fugindo  do seu toque para não gritar o que está entalado e não dar a louca.

●●●

Lucca me olha de dez em dez segundos e eu tenho toda minha atenção em Aurora desde que saímos de casa. Ela pensou que a abandonei e isso jamais vai acontecer, mesmo que Lucca faça isso comigo eu jamais a deixarei e sei que mesmo se estivesse na Itália e eu aqui ainda me viraria pra estar presente. Não a deixaria passar pelo abandono novamente e eu mesma não conseguiria.

Por que ela é importante.

Aurora se tornou quase como parte de mim, a ver feliz me faz feliz e o brilho em seus olhos animam os meus.

Estamos no Central Park e o ventinho gelado já me atinge, vejo famílias aproveitando o dia, típicos turistas conhecendo o lugar, outros praticando alguma atividade, movimentado como sempre.

Aurora brinca em um playground e fico por perto tentando me afastar de conversas com o italiano, mesmo sendo em vão.

- Me desculpa principessa, vou te recompensar. - Sussurra me abraçando de lado.

Apenas confirmo com a cabeça aceitando seus braços envolta do meu corpo e enquanto seguimos pra direção onde ele parou o carro.

Paramos quando a atenção de Aurora se prende e ela corre pra se divertir junto a outras crianças com bolhas de sabão jogadas no ar por um senhor. Ela pula e grita chamando nossa atenção para ter certeza que estamos vendo o mesmo que ela.

Essa menina com o sorriso encantador alegra até meus piores dias.

- Lucca. - Escuto uma voz o chamando e quando nos viramos ele se afasta de mim como se eu tivesse uma doença dando um passo a frente e nem se quer me olha.

- Leva a Aurora. - Manda como se eu fosse empregada dele.

- Lu ..

- Mandei a levar daqui.

Querido Italiano - Série Poderosos e Irresistíveis 2Onde histórias criam vida. Descubra agora