Capítulo 36

6K 581 36
                                    

- Papá, será que ela vai gostar?

- Claro que vai, sua mamma está com saudades da principessa. - Escuto sua risada.

- Eu também estava.

- E como você está piccolla? - Lucca indaga e posso imaginar seu cenho franzido olhando tenso pra ela.

- Se aquela mulher não voltar vou ficar bem. - Responde com a língua afiadíssima e eu não me controlo soltando uma risadinha.

- Essa é minha principessa. - Digo com a voz ainda sonolenta.

- Mamma. - A vejo se aproximar da cama e quando abaixo o olhar ela sorri sapeca.

- O que é isso? - Pergunto.

Seu rosto está com maquiagem em um lado da bochecha até perto dos olhos e seu sorrisinho não sai do rosto.

- Estou igual você. - Reponde e Lucca ajuda ela a se sentar na beirada da cama. - Gostou?

- Ficou linda pequena, como fez isso? - Indago e passo os dedos em sua bochecha rosada o que me alivia e faz meu coração se aquecer.

- As meninas de branco me ajudaram. - Diz sem esconder que deve ter importunado todas.

- As enfermeiras? - Ela confirma. - Espero que a que estava dando em cima do seu pai não seja uma delas.

- Essa aí não está mais no turno. - Levanto meu olhar com a expressão fechada a ponto de vê-lo com o famoso sorriso ladino.

- E agora você sabe o turno das enfermeiras? - Ele dá de ombros.

- Sabe, elas gostaram da Aurora.

- Eu vou te bater Lucca Ricci. - Ele ainda continua sem tirar o sorriso do rosto.

- Duvido. - Dou de ombros e me acomodo nos travesseiros.

- Tudo bem.

- Tudo bem? - Repete.

- Dois meses usando a mão. - Sentencio, seu sorriso some e ele me olha em choque.

- Pra que mamma? - Pergunta atenta a tudo.

- Pra pinta pequena, seu baboo vai usar a mão pra pintar.

- Olívia. - Chama e nem dou bola.

- Preciso tomar um banho, me ajuda? - Pergunto fazendo minha melhor cara de inocente e ele passa as mãos pelo rosto várias vezes.

- Você quer me matar.

- Você que começou. - Afirmo

Antes dele ter a chance de responder Natali entra trazendo um médico.

- Sogra, eu estou impossibilitada no momento, você dá um tapa em Lucca por mim? - Peço esperançosa e ela lhe dá um tapão na nuca. - Eu te amo, obrigada.

- Disponha filha. - Responde descendo Aurora da cama.

- É um complô. - Ele reclama e o médico só sabe rir.

- Da próxima vez não fala besteira. - Viro a cara pra ele e olho o médico. - Diz que vai me dar alta? - Quase imploro ao senhor e ele sorri.

Já deve estar mais do que acostumado.

- Sim, já pode ir pra casa. - Sorrio e comemoro internamente. - Sem esforço pela próxima semana e não esqueça os remédios.

- Inclui relações sexuais? - Toma-lhe outro tapão na nuca. - Aí mamma.

- Você mereceu. - Ele fica emburrado.

- Sim, sem relações sexuais, só quando se sentir a vontade. - O médico me da a carta branca e eu sorrio satisfeita.

- Sabe que isso pode demorar não é Lucca? - Questiono rindo e arqueando as sobrancelhas.

- Cazzo, não me f..

- Olha a boca. - Sua mãe repreende e ele revira os olhos emburrado enquanto eu acho graça dele.

●●●

- Preciso mesmo daquele banho. - Murmuro ao chegar no nosso quarto.

Natali ficou na cozinha com Aurora preparando algo junto com meu pai, Adam e Donna, já que como perdemos o natal ontem hoje será nossa ceia. Parece que faz dias que sai de casa e não que foi ontem.

- Eu te ajudo.

Lucca liga a banheira e me ajuda a tirar a roupa. Assim que me vejo no espelho meus olhos ficam presos ali, eu estou realmente bem machucada, foi muita sorte não ter tido nada pior.

- Você vai ficar bem. - Ele sussurra atrás de mim.

- Eu estou horrível. - Murmuro vendo alguns pontos bem roxos e outros poucos começando a esverdear, sem contar os três pontos na lateral da barriga.

- Você protegeu Aurora, tem que se orgulhar dessas marcas Olívia.

Podia ter ido dormir sem essa, mas ele tem total razão. Era eu ou ela, e morreria antes daquela doente tocar na minha menina. Então apenas engulo em seco e aceno pra ele que me ajuda a entrar na banheira.

- Ah. - Solto um gemidinho sôfrego ao entrar na água quente e vejo Lucca se sentar no chão ao meu lado.

- Posso te dar parabéns? - Ele indaga e só então me lembro que é meu aniversário.

- Pode sim, não curto comemorar mas gosto de saber que se lembrou.

- Anotado. - Brinca e começa a passar um sabonete líquido gentilmente pelos meus braços, fecho os olhos sentindo o cuidado que ele tem sobre os machucados.

- Olívia. - Ele chama. - Você já pensou em descobrir onde sua mãe está?

Firmo o olhar em um ponto fixo a minha frente enquanto ele continua a me banhar.

- Já pensei e depois desisti.

- Por que? - Dou de ombros.

- Não sei, mas Donna sempre quis saber. - Relembro que ela falava isso mas não me recordo quando parou de tocar no assunto.

- Ela falou pro Adam, ele quer colocar um investigador pra ir atrás e saber onde ela está. - Eu engulo em seco pensando nessa possibilidade. - Você vai se chatear se eu o ajudar? - Questiona.

- Não, se Donna quer fico feliz que ele ajude e você também. - Digo sincera.

- Você vai querer saber? - Dou de ombros. - Que tal eu te avisar quando descobrirmos algo e se quiser saber, tudo bem, se não quiser, tudo bem também.

- Ok. - Respondo apenas.

Fiquei o resto do dia vendo filme na sala e sendo mimada por todos, Aurora não saia do meu lado de jeito nenhum a ponto de ficar agarrada em meu braço.

Disse a Lucca ainda no hospital que seria bom ela ir em uma psicóloga e ele concordou mas também quer que eu vá, afinal foi um momento traumatizante.

Já deitada estou esperando somente Lucca votar pra dormir quando ele aparece com Aurora que tem um cupcake vermelho nas mãos junto com uma única velinha rosa.

- Ela insistiu. - Ele sussurrou atrás tentando analisar minha reação.

Jamais rejeitaria algo que minha filha fez de coração pra mim, e talvez eu precise deixar o passado onde ele está. Por isso peguei sua mão e fiz um carinho.

- Eu gostei. - Disse baixinho pra ele e voltei o olhar pra Aurora que tinha os olhos brilhantes. - Obrigada pequena.

- Parabéns mamma.

Assopro a vela e depois de Aurora insistir que deveria ser dividido entre nós três conseguimos comer e deitar sendo acordada de madrugada por pesadelos de Aurora e depois meus. Parece que realmente precisamos de ajuda.

Querido Italiano - Série Poderosos e Irresistíveis 2Onde histórias criam vida. Descubra agora