Capítulo 35

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Medo

Substantivo masculino que vem do latim metus.

O dicionário diz ser um estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaças reais ou imaginárias. Também específica ser uma preocupação com determinado fato ou com determinada possibilidade.

Segundo a psicologia, o medo é como um sentimento de insegurança em relação a uma pessoa, uma situação ou um objeto.

Sinônimo de pavor, fobia, terror, pânico, apreensão, apavoramento, amedrontamento, receio, dentre muitos outros.

Posso dizer com clareza que estou sentindo medo nesse exato momento.

Eu estou acordada, sei que tem alguém aqui, sei que está gelado, sei que deve ser um hospital ou ao menos torço pra ser isso.

Mas lembram o que eu já citei sobre a mente? Acho que a minha está me pregando uma peça e ao acordar vou estar deitada sobre o chão gélido e minha filha não estará mais lá ou estará tão machucada quanto eu.

E estou com um medo terrível de saber que eu não a protegi, que não dei tudo de mim para salvá-la. Não me perdoaria nunca se algo ocorresse a Aurora.

Estou apavorada.

- Ela não acorda. - Escuto uma voz conhecida dizer. - Nos brigamos essa semana mamma, ficamos dias sem conversar direito e eu não sabia mais o que fazer, se algo pior acontecer, eu, eu não ..

- Shii, vai ficar tudo bem. - Uma voz calma diz e pego isso pra mim.

Preciso acreditar que vai ficar tudo bem.

Abro os olhos e os fecho com a claridade, movo meu braço para tampa-lá e gemo no mesmo instante.

Tudo doi, literalmente tudo.

- Olívia. - Escuto mais próximo a mim.

- A-Auro-rora. - Pronuncio com dificuldade ainda piscando e tentando forçar meus olhos a abrirem por completo vendo o homem quase em cima de mim.

- Ela está bem, estamos no hospital agora, sua principessa está bem.

Ao ouvir isso deixo as lágrimas virem, mas agora não de medo e sim de alívio, de consolo, de conforto.

Ela está bem.

Cada soco, chute e dor valeu a pena.

Sinto meu corpo tremer quanto mais lágrimas me inundam e mãos quentes apertarem as minhas que pelo menos não doem.

- E-Eu tive tanto medo. - Assumo entre soluços. - Ela que-queria .. fazer isso .. com minha filha.

- Eu sei meu amor, está tudo bem, vocês estão seguras, Aurora está com Nathan no outro quarto, está tudo bem. - Me conforta.

Depois de bons minutos consegui me acalmar o bastante pra notar que agora estávamos sozinhos e que Lucca estava com uma péssima cara.

- Não me diga que dormi por anos. - Falo o fazendo abrir um sorrisinho em meio a preocupação.

- Não, só algumas horas. - O vejo me analisar por completo.

- Está muito ruim? - Questiono e ele faz uma careta rápidinho.

- Não, continua linda. - Eu até tento rir, mas doi e minha mão vai automaticamente para barriga me fazendo reclamar.

- Fala a verdade Lucca.

- Talvez um pouquinho ruim. - Tenta me enganar.

- Tira uma foto pra mim. - Ele nega. - Por favor, preciso saber quanto tempo vou esperar pra poder ver minha filha. - Pego no seu ponto fraco.

- Jogou baixo. - Resmunga e tira uma foto do meu rosto, levanta minha camisola hospitalar empurrando o lençol para o lado tirando outra. - Seu rosto não foi muito atingido.

- Então me mostra. - Ele bufa mas me estende o celular.

Realmente, achei que meu rosto estaria pior, mas apenas o lado direito está avermelhado e o esquerdo com um roxo até que grandinho.

Não estou a nível de Frankstain, mas o meu corpo, cristo. Tenho hematomas por todos os lados, pernas, costela, barriga, braços, e também devo ter nas costas.

- Ok. - Respiro fundo.

- Não se preocupe Olívia, por sorte não machucou nada muito grave. Vai tomar antibiótico pras dores e ficar em repouso, mas logo tudo isso some.

Graças a Deus a maldita não era tão forte e nem esperta pra quebrar nada do meu corpo a não ser me dar uma bela surra.

- Será que se tampar meu corpo eu posso vê-la? - Questiono pensativa e ele sorri.

- Essa é sua única preocupação? - Indaga e eu afirmo o óbvio. - Aurora já veio te ver quando estava dormindo e disse que ia passar sua maquiagem no rosto pra ficar igual.

Não tem outra igual a minha garota.

- Então eu posso vê-la? - Disse feliz.

- Sim, mas depois, ela está no soro e tem um time gra..

Antes dele terminar o quarto é literalmente invadido.

- Eu ia colocar esse lugar abaixo mas ia entrar. - Escuto Hayley reclamar.

- Você iria presa. - David diz.

- Eu te tirava. - Dafne ajuda a amiga.

- E quem ia tirar você? - Ben pergunta e ela dá de ombros.

- Tenho contatos.

- Já deu. - Jacey intervém falando mais alto e eles param prendendo a atenção a mim que abro um sorriso amarelo.

- Estou bem. - Digo quebrando o clima.

- A vida de vocês é uma novela mexicana, vou te contar. - Dafne começa. - Sorte que me tem como advogada no meio desses malucos. - Resmunga e depois se aproxima sussurrando em meu ouvido. - Uma enfermeira quis dar em cima do italiano mas não deixei.

Lucca ficou apenas do meu lado como se estivesse com medo de algo acontecer enquanto eles falavam.

- Merda. - Digo com um riso abafado e segurando a barriga. - Me defende mesmo. - Ela pisca e se afasta.

- Você está bem mesmo Olívinha? - Ben exclama.

- Estou sim. - Digo e olho pra Jacey. - Me achou? - Ele sorri de canto.

- Sempre acho.

- Eles ainda não queriam dar um computador na mão do nosso menino de ouro. - Hayley exclama se aproximando da cama junto com ele.

- Até ela gritar o primeiro porra e um computador aparecer em segundos. - David enfatiza a fala da esposa.

- Eu ainda não entendi essa merda sua não Jacey Turner. - Ben fala de braços cruzados e emburrado.

- Quando tudo acabar eu prometo que explico pra todos junto. - Diz e é o bastante pra Ben relaxar um pouco.

- Cara. - David coloco a mão sobre o ombro tenso de Lucca. - Já pode relaxar, elas estão aqui, bem e seguras.

Meu marido solta o ar e respira fundo como se ainda não acreditasse.

- Nós estamos bem Lucca. - Afirmo.

- Eu sei, eu sei. - Afirma.

Mas mesmo assim o mesmo não deixou minha mão de lado enquanto nossos amigos estavam ali, nem quando nossas famílias vieram me ver, quando meu pai me abraçou sem jeito ou nem mesmo quando Donna entrou chorando. Ele permaneceu segurando minha mão até o sono me tomar novamente.

Querido Italiano - Série Poderosos e Irresistíveis 2Onde histórias criam vida. Descubra agora