Talvez

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27 de junho

Thomas Lincoln

Encaro os dois seguranças que estão guardando a porta e assinto, eles se afastam e começo a tocar a maçaneta.

-Thomas.- ele me chama.- Venha até aqui.

Engulo em seco e começo a ir na direção dele, ainda estou segurando a bandeja de comida que tinha que entregar.

-Ela não está comendo.- explica.

-Eu sei, vou tentar falar com ela.- murmuro.

-Ok, depois disso vamos ir na sala de armas, precisamos contar quantas temos, disseram que tem movimentação estranha.- ele coloca as mãos dentro do bolso e começa a se afastar.

-Miguel.- o chamo e ele para.- Não é melhor irmos embora?

-Não, até ser perigoso o bastante, não.- ele balança a cabeça.

-Ok.- assinto.

Ele volta a ir embora e eu volto ao meu caminho, abro a porta do quartinho e vejo ela sentada na cama.

A porta fecha atrás de mim e ela me observa enquanto coloco a comida na sua frente, cruzo meus braços e a observo.

-Você tem que comer.- falo sério.

-Pra quê?- Thalia balança os ombros.- Já vou morrer mesmo.

-Coma.- aponto.

-Ela amava você, sabia?- Thalia fala.- E você traiu ela do pior jeito possível...

-Ela não me amava.- balanço a cabeça.

-Pelo que eu vi, ela amava. Falava horas de você.- ela sorri.- Dizia que era a melhor pessoa que tinha conhecido.

-Pare....

-Ela disse que sempre viu você como um irmão, como alguém que poderia chamar se matasse alguém.- ela me encara.- Ela confiava em você, ela amava você, ela precisava de você.

-Ela foi embora.- falo.- Na verdade, ela deixou você também. Vigias dizem que está com Gabriel.

-Acha que isso é uma ofensa?- ela ri.- Judith e Gabriel são como uma lenda, os dois são almas gêmeas...

-Ela deixou você.- a interrompo.- E me deixou.

-Ela precisava pensar.- Thalia fala com uma voz calma.- Judith ainda pode perdoar você. Se fizer a coisa certa.

-Judith nunca ligou para mim.- comecei a ir embora.

-Sabia que era um menino?- Thalia perguntou e eu parei.- Judith me contou que a médica falou, era um menino.

-O que eu...

-Ela ia dar seu nome a ele.- Thalia entregou.- Iria dar seu nome ao filho dela. Sei que não parece muito, mas na minha família...isso é algo bem importante.

-Coma antes que morra de fome.- abro a porta e saio apressado.

Respiro fundo e vou em direção ao meu quarto, fecho a porta atrás de mim e a tranco, senti na cama e começo a respirar acelerado.

Cubro meu rosto e penso no que eu estou fazendo, o que eu estou fazendo? Eu estou traindo a pessoa que mais se importa comigo, é isso que estou fazendo.

Passo a mão pelo rosto, não posso voltar a encarar Judith depois do que eu fiz, depois do que eu fiz ela passar.

Como eu iria chegar em Judith depois de todo esse tempo e dizer para ela que o acidente e a perda do filho tinham sido minha causa?

A Herdeira - Mafioso - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora