29 de junho
Judith Hunt Ballard
Gabe estava gritando meu nome enquanto eu corria, não sabia para onde estava indo, não sabia o que estava fazendo, só estava correndo.
Respirei fundo e ouvi gritos femininos, sabia que era minha mãe, sabia que era ela gritando por causa do meu pai.
Segui o som e comecei a abrir a porta que me levava até o som, assim que vi uma sala enorme com poucas pessoas.
A primeira coisa que vi foi meu pai sangrando no chão, ele estava desacordado, e minha mãe estava nos braços de Miguel com uma arma apontada para sua cabeça.
Todos olharam para mim e vi Mia chorando, comecei a ir na direção do meu pai, tinha que conter o sangramento.
-Não!- Miguel grita e aponta a arma para mim.- Fique parada! Não encoste nele!
-Filho da puta....
-Diga a ela, Amelia.- ele volta a apontar a arma para minha mãe.
-Fique aí, Judith.- a voz da minha mãe treme.
-Todos vocês deveriam estar mortos.- Miguel sorri.- Todos vocês deveriam estar...
Parei de ouvir quando vi Gabriel escondido atrás de algum carro, respiro fundo e volto a prestar atenção em Miguel.
-Você matou ele.- Miguel balança minha mãe.- Você matou Aaron.
-Por favor.- minha mãe olha para meu pai.
-E ainda roubaram meu sobrinho!- ele gritou e tremi dando mais um passo discreto na direção do meu pai.- Ele é meu!- Miguel olha para mim.- Ele é meu.
-Ele é seu.- levanto as mãos.- Gabriel é seu.
-Tudo que eu preciso e matar você...- ele aponta a arma para minha mãe.- Depois você.- ele aponta a arma para mim.- E então você.- ele aponta para Tyler.
Meu irmão olha para mim e eu balanço a cabeça, volto a olhar para Miguel e vejo Gabriel mais próximo.
-Eu...- minha voz sai rouca e todos olham para mim.- Eu posso checar o pulso?- aponto para meu pai.
-Não chegue perto dele!- Miguel aponta a arma para mim.
-Se você quiser ter certeza que ele está....- engulo em seco.- Morto. Preciso ver o pulso.
Miguel parece pensar e então assente, sob a mira da arma dele eu começo a andar, lentamente para Gabriel ter tempo.
Me agacho e olho para Miguel, a arma dele está tremendo e ele está suando, está com um braço ao redor do pescoço da minha mãe.
Levo dois dedos até o pescoço do meu pai e lágrimas me descem o rosto enquanto vejo que ele ainda tem pulso, olho para Miguel novamente.
-Sem pulso.- falo e minha mãe começa a chorar.
-Ótimo.- Miguel parece estar tendo um ataque.- ótimo, faltam mais três.
-Você está com raiva.- me levanto.- Você está com raiva, entendemos.- toco meu peito.- Mas, por favor, solte minha mãe....
-Ela matou Aaron...
Vejo Gabriel se aproximar e ele está pronto para atacar, mas seria mais fácil se ele estivesse apontando a arma para alguém sem ser minha mãe.
-E você está sofrendo.- explico.- Ela também tem que sofrer....
-Judith.- minha mãe tenta falar.
-Atire em mim.- aponto para mim mesma e Gabriel congela.- Aponte a arma para mim.
-Não....
-Ela vai sofrer quando eu morrer.- engulo em seco.- Então você mata Tyler e ela vai sofrer.- aponto para meu irmão.- Entende?
-Sim.- ele assente e parece estar cedendo.
-Ok, primeiro para mim.- assim que falo ele aponta.-Agora....- engulo em seco.- Atire.
Respiro fundo e Gabriel ataca Miguel, ouvi um tiro e todos abaixam inclusive eu, ouço um grito e então me arrasto até meu pai.
Viro ele de barriga para cima e começo a fazer pressão contra o ferimento da coxa, ele não poderia morrer com o tiro, mas com a perda de sangue.
-Gabe?- grito limpando as lágrimas.
-Aqui.- ele fala de longe.
Olho por cima do ombro e vejo ele com uma arma apontada para Miguel, minha mãe bem até meu pai e segura o rosto dele.
Puxo a camisa de Tyler, ele ainda está em pânico, eu o faço pressionar a ferida e seguro seu rosto mesmo com o sangue em minhas mãos.
-Tem que pressionar, entendeu?- pergunto e ele assente.
Me levanto e alcanço o rádio na jaqueta que meu pai usava, minha mão não está mais tremendo enquanto abro o canal.
"-Precisamos de ajuda, meu pai tem que ser levado para o hospital urgentemente.- respiro fundo.- O lugar está liberado."
Largo o rádio e começo a ir na direção de Gabe, ele não vai conseguir fazer isso e sei disso, me aproximo e seguro seu ombro.
-Ok, pode deixar.- seguro a arma dele.
Gabriel da um passo para trás e eu assumo o lugar dele, Miguel não é nada meu, eu não o conheço, posso fazer isso.
-Ele é meu.- Miguel sussurra.- Meu sobrinho.
-Acredite no que quiser.- toco o gatilho e sinto a mão de Gabe no meu ombro.
-Sam.- ele fala e Gabe aperta meu ombro, espero.- Sam é uma das minhas.
-Ela trabalhou infiltrada.- Gabe percebeu.
-Ela está grávida. É meu.- Miguel sorri.
-Onde ela está?- pergunto.
-Não vai arrancar isso de mim.- ele suspira.- Pode me matar...
Puxo o gatilho e o som reverbera pelo armazém, bem no meio da sua testa, ele achava que eu o deixaria vivo para saber onde Sam está.
Mas ele não sabe que todos aqui dentro serão mortos por apoiar Aaron, não vai ter ninguém do lado dela, não vai ter ninguém apoiando ela.
O corpo dele cai no chão e eu abaixo o braço, Gabe passa o braço pela minha cintura e largo a arma me virando para abraçá-lo.
Passo meus braços pelos ombros dele e fecho meus olhos enquanto sinto ele me apertar forte, meu coração vai aos poucos se aliviando.
-Eu amo você.- sussurro.
-Eu também amo você.- ele beija minha bochecha.
-Vamos morar juntos.- me afasto.- Não tem mais como fugir.
-Ótimo.- ele tenta sorrir.
A porta abre e pessoas começam a entrar para ajudar meu pai, respiro aliviada e Gabriel leva a mão até minha nuca.
Minha mãe vai com ele e vejo Tyler levantar com as mãos tremendo, vou até ele e o abraço, aperto meus braços ao redor dele e sinto ele começar a chorar.
-Ele vai ficar bem?- a voz dele também está tremendo.
-Vai, vai sim.- aliso seus cabelos.
-Nunca mais quero passar por isso.- sinto as lágrimas dele molhando meu pescoço.
-Eu sei, eu também.- afago suas costas.
-Vamos para casa agora?- ele pergunta e eu fecho os olhos.- Vamos, não?
-Vamos.- assinto.- Vamos para casa.
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A Herdeira - Mafioso - Livro 2
RomanceJudith Ballard Hunt foi sempre a melhor. Melhor aluna, melhor notas, melhor humor, melhor aparência, melhor competidora.... Porém isso sempre foi perseguido pela fama enorme dos seus pais no mundo da máfia, um mundo que seria dela algum dia. Herdeir...