POV Luke

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De cima do palco eu a vi.

Eu precisava cantar aquela música apenas uma vez, só precisava que as pessoas escutassem o que eu tinha guardado em mim.

Ela estava ali e eu odiava saber que era uma despedida.

Gravei a expressão em seu rosto, a forma como seus cabelos caíam sobre os ombros. As luzes da arena passavam coloridas pelo seu rosto desolado.

A mais linda entre todas e a mais triste também.

Eu a olhava fixamente, não conseguia me afastar daquela visão, e nem queria.

Mesmo há metros de distância, meu cérebro fingiu sentir seu cheiro e simulou toda a sensação de estar perto dela.

Cantei até o final com uma esperança ridícula de que ela pudesse ficar. À certa altura, ficou claro que as minhas chances tinham se esgotado e Julie começou a escapar de mim.

Ouvi sua despedida muda e acompanhei seu caminho sentindo que o chão sob os meus pés não era mais o mesmo.

Mas eu tinha que aguentar.

Ela se esgueirava na multidão com uma pressa que me machucava.

Havia muitos olhos em mim, mas ninguém realmente enxergava: eu estava completamente, perdidamente e irremediavelmente apaixonado pela garota que fugia.

Mesmo depois de perdê-la de vista, continuei olhando pra saída durante toda a noite, implorando baixinho para que ela tivesse mudado de ideia.

Ela não voltou.

Depois de tantas surras que a vida havia me dado, eu mal podia acreditar que podia ficar pior. E ficou. A cada segundo foi ficando.

Aguentei firme, exibindo meu melhor sorriso - aquele pelos quais eu ouvia gritos da primeira fila, até e eu pudesse voltar ao backstage.

Assim que a escuridão do corredor me envolveu, me apressei pra ficar sozinho. Não queria ver ninguém.

Bati a porta do camarim e o barulho deixou claro que eu não deveria ser interrompido.

Olhei o ambiente vazio e me senti como ele.

Sentei no chão com as costas na porta e não consegui evitar a lembrança de todo o tempo que perdi, de todas as vezes que fui um babaca com ela, de cada noite em que eu a dei esperança só para fazê-la sofrer na manhã seguinte.

Eu não conseguia respirar sem sentir o peso que pressionava o meu peito e me sufocava. Culpa? Saudade?

Era tão insuportável que eu não conseguia nem ter uma reação normal. Não chorava, nem gritava.

Apenas fiquei calado ouvindo o barulho que o silêncio fazia.

Sentado ali, inerte, eu descobri que eu não sabia nada sobre amor e muito menos sobre ter o coração partido. Pareciam termos muito corriqueiros.

Me senti jovem demais para passar por isso. Queria um remédio, um curativo e a voz da minha mãe me dizendo que tudo ia ficar bem, que eu voltaria a andar pra frente sem sentir que tudo me puxava pra trás.

Como é possível existir vida após isso?

Não sei como foi que fui parar em casa, mas essa era a minha última preocupação.

- Luke, você precisa de algo? - Calum perguntou da cozinha.

Eu estava sentado no tapete da sala vendo as gotas de vinho tinto que deixei espirrar ali.

Ainda vestia a roupa do show.

Balancei a cabeça negando.

- Por que você não vai atrás dela? - Hood tentou de novo.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora