Epílogo

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"Que pensamento maravilhoso é esse de que alguns dos melhores dias das nossas vidas ainda nem aconteceram."


Hoje é o show de lançamento de CALM, o quarto álbum da banda.

Eu acompanhei os últimos meses de preparação desse trabalho e não consigo deixar de me sentir um pouco parte disso.

Imagino que seja a sensação de ver o filho de um amigo próximo nascer.

As faixas foram reveladas há algumas horas e eu estou ansiosa devido à uma em específico.

Talvez eu devesse parar de pensar tanto.

Hannah está se arrumando para irmos ao evento de lançamento e eu não paro de encarar o celular, esperando que Luke tome a iniciativa de vir me explicar o porquê dele ter feito isso.

Ok, é uma ótima música, mas eu pensei que ele tivesse deixado ela pra trás. Principalmente por conta de Calum e tudo mais.

Eu não faço ideia do que se passa na cabeça deles e tento não analisar a forma como Hood me olha.

Já conversamos os três sobre tudo que era possível conversar e até rimos de nós mesmos. A vida é assim, nem sempre as coisas se resolvem ou tem um ponto final definido.

Eu sou muito nova para tomar decisões definitivas. Todos somos, certo?

O tempo muda tudo, assim como mudou algumas coisas nesse tempo que estou em L.A. Luke não é o mesmo, eu não sou também, e isso já me levou a questionar o que a gente tem.

Aliás, a gente tem alguma coisa?

Qualquer um diria que eu e Luke somos melhores amigos se nos vissem em público, mas ninguém sabe o que acontece quando estamos sozinhos.

Recebo uma mensagem com uma foto do meu irmãozinho - a tal surpresa de Natal dos meus pais. Ele acabou de escrever seu próprio nome pela primeira vez e é a coisa mais linda que eu já vi na vida.

Há um ano atrás eu não conseguiria nem sonhar com a vida que eu tenho hoje.

Hannah finalmente termina de se arrumar. Ele tem ficado ansiosa para os nossos encontros com a banda.

Curioso.

Pedimos um Uber e eu calculo o horário que vamos chegar. Talvez eu devesse ter saído mais cedo de casa.

Repasso umas coisas que quero falar pra Luke algumas vezes na minha cabeça e me concentro na multidão na porta do The Forum, ainda esperando pra entrar.

Aviso ao motorista que vamos precisar passar pela lateral da arena, no acesso credenciado e Hannah me avisa que precisa encontrar o Ash antes que ele suba no palco.

Eu acho que sei bem o que está rolando, eles andam muito juntos.

Outro dia ela não voltou pra casa e nem se preocupou em dizer onde estava. Eu, claro, não pressionei.

Observo ela se afastar e acho graça do grupo enrolado que temos.

Vou direto ao camarim procurar Luke, mas ele não está lá. Pergunto a um assistente de palco se ele o viu e o garoto diz que não.

Já está próximo do horário deles iniciarem o show, e os gritos ecoados pelo lugar deixam isso bem claro.

As milhares de vozes desesperadas lá fora competem com a minha ansiedade para achar Hemmings.

Corro contra o tempo entre os corredores, olhando em cada sala e quase derrubando várias coisas pelo caminho.

Como pode um homem tão grande não ser visto por aí?

Olho a hora. Dois minutos.

Decido ir pra escada de acesso do palco, ele com certeza vai passar por lá.

Enquanto vôo em direção do palco, esbarro em um casal se beijando no caminho. Me viro para pedir desculpas e a minha boca se abre quando noto que é Calum com uma mulher que eu nunca vi na vida.

Quê?

Ele faz um cara espantada, como se eu tivesse pego ele no flagra.

Calum Hood, pelas minhas costas? Achei que fôssemos amigos.

Bem, acho que podemos falar disso depois.

Murmuro algo como "falo com você depois" pra ele.

Volto à minha corrida atrás de Hemmings e o encontro exatamente onde pensei que pudesse achá-lo.

- Eu estava procurando por você - solto um pouco sem ar.

Ele se vira e eu vejo o brilho do glitter em perfeita harmonia com seus traços de anjo.

Eu nunca vou me acostumar com isso.

- Eu também, já faz alguns anos - ele ri.

Reviro os olhos, mas o meu coração ouve bem as palavras dele.

- Eu queria te perguntar uma coisa - digo.

- Eu também. Duas coisas, na verdade - ele encara a minha boca e passa a língua no lábio inferior.

O que ele tá fazendo?

Me esforço para não me perder no movimento da boca dele e pisco rápido sabendo que o meu tempo tá acabando e isso não pode esperar.

- Por que você lançou Lover of Mine?

Ele faz uma cara engraçada.

- Sério? - pergunta.

- Sim?! - dou de ombros.

- Não é óbvio? - ele pergunta com um pequeno sorriso brincando no canto do rosto.

O que é óbvio? Custa ele me dar uma resposta objetiva?

Lembro da última vez que eu mesma falava de algo óbvio, mas que eu não queria falar em voz alta com meu pai.

Mas... seria isso? Assim, tão simples?

Fico parada encarando ele, sem saber exatamente o que responder.

Alguém grita "um minuto" e Luke volta a falar.

- Agora, a minha primeira pergunta: você viu o Calum? - ele fala um pouco mais baixo.

Sua expressão sugere um certo divertimento, mas a minha cabeça tá girando.

Eu balanço a cabeça afirmando que sim e lembrando da cena inesperada.

- Ótimo. Então você já deve presumir a próxima pergunta - o olhar de Luke está concentrado em mim - ela é importante.

Eu tenho certeza que ele pode ler a minha mente tão bem quanto lê o meu corpo.

Isso está acontecendo?

As borboletas no meu estômago acordam. Elas poderiam deixar a minha visão turva agora.

Engulo em seco.

- O quê? - a pergunta sai da minha boca sem eu ter consciência disso.

O sorriso dele é discreto.

- A próxima pergunta também é óbvia.

Pisco para ele como alguém que tenta acordar de um sonho.

Óbvio?

Óbvio.

Meu peito dispara e, imediatamente, a dúvida parece o pensamento mais estúpido que eu já tive, pois é óbvio.

Sim, é óbvio.

Há muito tempo é óbvio, eu só não podia acreditar ainda.

Ele me encara por mais um segundo e então se vira indo em direção à multidão que grita o seu nome.




Fim.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora