Capítulo 13

1.3K 104 173
                                    


Deitada na cama do meu pai, eu não conseguia fechar os olhos. Toda a bebida já tinha sumido da minha mente e eu só pensava se Luke estaria acordado também.

Queria apagar as últimas duas horas da memória. Talvez se eu não tivesse atendido aquele telefonema, ou feito algo que mudasse o curso dos acontecimentos...

Queria não tê-lo visto entrar na JH muito antes da gente se conhecer pessoalmente, quando eu ainda fantasiava sobre qual personalidade ele e os outros garotos teriam. Era uma brincadeira que eu fazia na minha mente com todos os artistas famosos que apareciam no estúdio.

Mas, eu querendo ou não, aconteceu. Agora eu teria que lidar com as consequências das minhas escolhas.

Levantei da cama e sai do quarto com a intenção de resolver o que tinha pra ser resolvido com Luke. Eu só queria dormir em paz. Abri a porta do meu quarto e Luke estava só de calça moletom, olhando pro teto. Tão acordado quanto eu.

Não falei nada, apenas fui até a cama e subi nas coxas dele.

Ele assistiu a cena como um mero espectador, enquanto eu simplesmente comecei a massagear seus ombros.

Tudo começou quando a gente chegou nessa parte estranha há algumas semanas atrás. Eu precisava que as coisas voltassem a ser como eram antes, e não fossem mais por esse rumo turvo.

Se eu fizesse essa massagem, pararia de pensar em como seria tê-la feito há alguns dias. Ponto final em tudo isso.

Eu me recusava a olhar nos olhos dele. Ainda não tinha coragem.

Luke levou as mãos até minhas coxas nuas. Eu tentei não me abalar com o movimento, até que ele me apertou com força o suficiente para eu parasse o que estava fazendo.

- Eu sei o que você está fazendo - ele apertou os olhos em agonia - Mas, por favor, para de mexer os seus quadris em cima da minha coxa ou a situação vai ficar desconfortável pra nós dois.

Droga. Ele tinha razão.

Tentei sair de cima dele quando a minha cara começou a arder de vergonha.

Ele me segurou no lugar.

- Me deixa falar uma coisa. - Luke disse tentando encontrar meus olhos.

De repente ele parecia nervoso.

- O quê? - eu cobria meu rosto com as mãos tentando esconder o quão afetada eu tava.

A situação era ridícula e a culpa era minha. No final, parecia uma comédia esdrúxula de sábado à noite.

- E se a gente manter isso aqui completamente... platônico mas... confortável? - ele tentava medir as palavras de todas as formas. Havia quase medo no seu tom.

- O quê você está dizendo?

[play]

- Eu e a Sierra...demos..er... um tempo. - ele olhou para algum lugar distante atrás de mim e pigarreou antes de continuar - Depois da turnê a gente decidiu que precisava de um tempo pra... pensar.

Eu o olhava completamente sem reação. Não era capaz de mover um músculo ou emitir um som. O que ele estava falando?

- Mas não terminamos. - ele completou.

Luke parecia prestes a se embolar ainda mais nas palavras.

- Como assim? - eu estava ouvindo, mas não estava assimilando.

- Prometemos não ficar com outras pessoas. Esse tempo é pra nós mesmos, para nos recuperar. Ainda há... um compromisso. - o olhar de Luke percorria todos os cantos do quarto, menos o meu rosto. O nervosismo da voz dele me tremia internamente.

Naquela altura eu já não estava tentando entender os porquês.

- E...?

- Eu gosto de...estar com você. - ele passou a mão no cabelo e olhou pra baixo, onde nossas coxas se tocavam.

Levantei de cima dele. Aquilo era patético. Seja lá o que fosse que ele estava pensando, era ridículo.

- Não! Por favor, escuta. - ele tentou me impedir de sair do quarto. - Por favor! Só me escuta.

Já no corredor, respirei fundo e tentei não sentir que estava caindo na dele.

Assenti. Mas só porque estava tonta.

Ele voltou a falar:

- Eu gosto da sua amizade. Eu não quero me afastar, mas também não posso me aproximar mais.

- Você quer que eu me afaste por você? - levantei os braços, finalmente entendendo.

- Não! - ele se desesperou, mas logo se recuperou - Eu quero que tudo seja como já é. E eu precisava te pedir para não mudar.

- Mudar o quê? - tomei cuidado para não fazer uma cena maior ainda.

- A gente pode fingir que eu não fiquei com ciúme do Sam? - ele confessou como quem tirava um peso dos ombros.

- Você ficou?

Silêncio. Luke me olhou. De verdade.

- Podemos tentar? - ele estendeu a mão para mim.

Eu ainda não sabia o que responder. Mas se eu dissesse que não, ele teria que ir embora.

- Não diga nada agora - Ele me pediu, exibindo uma expressão meio derrotada - Mas sempre que estivermos indo longe demais, temos que achar o ponto de parada.

Encontrei os olhos dele por alguns segundos incômodos.

- Não fomos a lugar algum, Luke - menti.

Aquele era o fim da discussão. Concordávamos na mentira. Nenhum dos dois tinha coragem de dizer que tínhamos ido longe demais.

Fingir não estar perdido quer dizer que você ainda tem chance de encontrar o caminho de volta pra casa. Eu precisava voltar para o que éramos há alguns inocentes dias atrás.

Luke pegou na minha mão, me tirou do corredor e me levou até a minha cama. Ele se sentou na poltrona de frente para mim, com os cotovelos apoiados nos joelhos.

Eu encostei minha cabeça no travesseiro e o cheiro dele estava lá, quente e familiar.

Vigiada pela suas duas órbitas azuis, o tempo passava sem regra alguma dentro do quarto. A luz da rua pegava na lateral de seu rosto, projetando sombras que capturavam a minha atenção.

Não tínhamos voz, não tínhamos pensamento. Era como estar suspenso no espaço, esperando que algum evento desconhecido tomasse alguma iniciativa sobre nós. Tínhamos paciência.

Não sei quando foi que o cansaço me venceu, ou quando vi a imagem de Luke escurecer da minha vista, mas eu dormi. Dormi um sono profundo, sem sonhos, embalada pela guerra no meu sistema nervoso.

A ressaca não me abateu pela manhã, nem o aperto de saber que Luke foi embora no meio da madrugada sem se despedir.

____

Notas da autora:

Oi! Caso ainda não tenha ficado claro, a marcação de [play] é uma sugestão para iniciar a música do capítulo naquele ponto específico.

Em um ritmo de leitura normal, a música deve acabar junto com o capítulo ou trecho (ou bem próximo disso haha).

Votem, comentem, me digam o que estão achando e o que esperam da história :)






















Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora