Capítulo 38

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Um carro nos buscou no aeroporto e Calum cumprimentou o motorista como se já o conhecesse há tempos.

E conhecia mesmo.

No caminho, fiz vídeo chamada com meu pai e a empolgação dele começou a me contagiar de alguma forma. Eu estava na cidade onde os sonhos se realizavam. Eu tinha que estar saltitante.

Minha animação era um projeto em andamento, e eu faria dar certo.

Não tinha ensaiado nada para falar com Luke e estava certa de que ia me garantir no improviso.

Observei a vista montanhosa da cidade enquanto Dave, o motorista, dirigia como se conhecesse o caminho com a palma da mão.

Era quase final de tarde, e eu esperava a beleza do lugar me desse alguma sorte com Luke. Vai, universo!

Finalmente, o carro parou na frente de um portão grande que guardava a entrada de uma mansão de madeira com uma área verde em volta. Eu não sabia o que estava esperando da casa de Hemmings, mas com certeza não era nada próximo do que eu via ali.

De alguma forma, parecia realmente combinar com ele. Os detalhes em madeira escura com um tom misterioso, o verde livre em volta.

Quando o carro passou pelo portão automático, me demorei mais nos detalhes do lugar.

Olhei pelas janelas grandes tentando desvendar se Luke estaria lá dentro, mas o vidro era escuro demais.

Desci para ajudar o motorista a tirar as minhas coisas do porta-malas. Depois eu arrumaria um jeito de levá-las para o hotel, minha prioridade ali era outra.

Quando fui agradecer pela carona, notei que Calum também retirava seus pertences do carro.

- Por que está tirando as suas coisas? - perguntei casualmente.

O moreno prendeu um sorriso tenso com os dentes.

- Eu moro aqui.

Quê?

- Ah - olhei em volta - eu pensei que estivesse me levando para a casa do Luke.

- Jules...eu moro com o Luke - ele explicou.

Hum.

- O quê você quer dizer com "eu moro com o Luke"? - franzi a testa.

Calum olhos pros próprios pés, para as mãos, para o céu e até para outra dimensão.

- Eu quis dizer que eu e ele moramos juntos.

Custava alguém ter me avisado com antecedência? Eles eram melhores amigos, claro que a possibilidade existia.

Fiquei alguns segundos digerindo a informação.

Nos despedimos do motorista e carregamos nossas malas pra dentro. Nem dei atenção à decoração enquanto passávamos pela sala de estar.

Deixei minhas malas ao lado do grande sofá de couro preto, aguardando enquanto Calum subia as malas para o próprio quarto.

De repente, não ter ensaiado o que falar com Luke me deu um frio na barriga.

Eu usava um moletom da banda, totalmente inapropriado para exercitar a arte conquista. Aliás, eu era péssima em qualquer situação que exigisse flerte. Uma piada.

Brinquei com a minha unha enquanto Calum não descia.

Quando ouvi o barulho de pés no topo da escada, não era o meu amigo, menos ainda Luke.

- Oi - a loira me deu um sorriso simpático.

Notei que a camiseta que ela vestia era grande demais para seu corpo pequeno.

- Oi - respondi, forçando um sorriso.

- Você está aqui com o Calum? Meu nome é Rebecca - ela me estendeu a mão.

Cumprimentei ela e contei que sim, estava ali com Calum.

Rebecca foi até a cozinha para preparar um café, enquanto eu tentava não mal encarar a cena.

Ela me ofereceu uma xícara quando terminou, eu aceitei. A cafeína não poderia piorar a situação.

Sentei na bancada escura de frente pra ela, mas focada no líquido em minhas mãos.

Ela me fez perguntas. As respondi com meu falso tom de simpatia, não queria ser rude, apesar de estar física e mentalmente cansada demais pra ser gentil.

"De onde você é?", "Onde você e o Cal se conheceram?".

Claro que percebi que ela o chamava pelo apelido, logo, Rebecca já era do círculo deles.

Calum finalmente desceu, olhando estranho para nós duas conversando. Tentei desvendar sua expressão por um segundo, mas logo entendi o incomodo ali.

Luke Hemmings vinha logo atrás, vestindo apenas uma calça de moletom. O cabelo naquela bagunça perfeita que eu conhecia bem.

Ele tinha aquela cara de "casa". Isso mesmo. Aquela cara de quem está confortável, no seu lugar. Eu já tinha visto essa cara na minha casa.

- Bem-vinda, Julie - ele me saudou com um tom exageradamente simpático. Esse era Luke sendo falso.

Ele passou por mim e foi para o lado de Rebecca, onde a abraçou pela cintura e pousou um beijo em seu ombro.

Será que ela tinha recebido uma massagem?

Desviei o olhar para Calum e ele tentou me confortar falando um "vai ficar tudo bem" sem som.

Assenti com a cabeça para ele.

Repeti a frase na minha cabeça enquanto tentava não vomitar com a cena na minha frente.

Estamos quites, Hemmings?

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora