"Eu queria que o tempo tivesse um timing melhor pra nós dois."Perry Poetry
A voz do meu pai ecoou pela casa.
- O café está pronto!
Droga.
Olhei pro teto depois que Luke abaixou a minha blusa. Minha respiração ainda precisava de controle.
- Desculpe. - ele falou levantando da cama de costas pra mim.
Me apressei pra recobrar a consciência.
- Não é culpa sua - cada palavra parecia alta demais pro silêncio em que estávamos antes.
Luke se virou pra mim e eu desviei o olhar quando notei o volume no jeans dele.
- É sim - o loiro mexeu no cabelo - ele me ofereceu um café quando eu cheguei.
Andou pelo quarto até a janela antes de continuar.
- Disse que iria moer uns grãos especiais e que levaria um pouco de tempo a mais que o habitual. - Luke falava meio reticente. Algo semelhante à frustração e algo mais.
- Ah.
Ele voltou a se sentar na ponta da cama, com uma cara de concentração, e olhou impaciente para a frente de sua calça.
- Eu vou...descer, ok? - o informei, sem realmente esperar uma resposta.
Já era relativamente tarde pra tomar café, mas com meu pai não tinha tempo ruim.
Desci as escadas torcendo para que Luke resolvesse aquilo antes de chegar à cozinha e chocar meu pai.
- Olá, princesa, quer café? - ele me ofereceu animado demais pra hora que era.
- Claro - sorri forçado, com todo o meu corpo tenso e dolorido pela interrupção repentina.
O meu ex amigo secreto desceu dois minutos depois, já recuperado do infortúnio, e pegou uma caneca grande de café.
Depois de conversar bastante com Luke, meu pai anunciou que iria se recolher. Eu, extremamente incomodada de estar naquele estado hormonal conversando com eles, fiquei aliviada quando papai subiu.
Eu, encostada na mesa, olhava pra tudo, menos pra Luke. Não conseguia encará-lo ainda.
Aquilo tinha mesmo acontecido? Onde é que eu tava com a cabeça?
- Filme? - ele sugeriu depois de um silêncio constrangedor em que percebi que ele me olhava.
Eu assenti e sentamos no sofá, um em cada ponta, o mais longe possível um do outro. Que nem duas crianças brigadas. Agora Luke também não ousava me encarar.
Beirava o patético, mas não sabíamos o que dizer, nem como agir. Toda a intimidade dos toques sumiu em um único segundo.
Nossa situação era tão frágil assim?
Ridículo, mil vezes ridículo. E mesmo achando infantil, eu congelava cada vez que Luke se mexia minimamente no sofá.
Ele podia tanto levantar, ir embora e não aparecer por um mês quanto vir pra cima de mim e terminar ali mesmo o que tínhamos começado.
Eu não tinha certeza para qual time eu tava torcendo.
Dei olhares imperceptíveis na direção dele algumas vezes, mas ele não olhou de volta.
Infelizmente, aquele café me manteve acordada a noite inteira. Isso e a tensão de um Luke Hemmings parecendo inquieto mas ao mesmo tempo imóvel, há pouco mais de um metro de mim. Eu iria chegar na JH feito um caco.
A luz da manhã passava pelo vidro da janela quando meu pai desceu. Eu estava na mesma posição exata há horas, Luke tinha se mexido pouco, os olhos vidrados na TV que nem um viciado.
- Bom dia! - o bom humor em pessoa.
- Bom dia, pai. - respondi.
Ele entrou direto na cozinha e gritou de lá: "café?"
Olhei pro loiro esperando a resposta dele, com a expressão mais sem emoção do mundo.
- Claro! - Luke respondeu fingindo animação na voz, mas me encarando com um novo rosto.
Havia algo diferente ali.
- Vai ser mais rápido dessa vez! Deixei já moído. - meu pai respondeu de volta.
- Sorte a minha. - Luke murmurou olhando pra TV de novo, com um tom que eu nunca tinha ouvido ele usar.
O resto da manhã na presença do meu pai foi...estranho, e mais estranho que isso era a frieza que Luke tinha assumido ao interagir comigo.
Ele não chegava a ser grosso, era mais como um tom indiferente. Aquilo me incomodou até os ossos, mas eu não o questionaria sobre isso.
No banho, tocar a minha pele era uma experiência totalmente nova. Sentia um formigamento quando lembrava dos dedos dele passeando em mim. Ele estava ali no quarto ao lado, tão perto e tão longe.
Quando entrei no quarto já vestida, o encontrei vazio. Em cima da cama, estava o caderno em que eu escrevi os trechos de música na noite anterior.
Embaixo do último trecho que eu havia escrito estava uma palavra na caligrafia de Luke.
"Desculpe".
Joguei o caderno de volta na cama e me proibi de pensar no que aquilo significava.
Fui para a Jam House e tive um bom dia. Conheci alguns compositores novos, ajudei um novo contratado a criar um planejamento de lançamento de sessões, até fiz vídeo conferência com meu chefe que estava viajando com alguma banda:
- Julie Lana Banana, que bom te ver de volta - ele estava com uma merch do estúdio e um sorriso enorme, claramente se divertindo. - Sabe o que eu tô fazendo?
- Hum...projeto novo?
- E é uma ideia pra revolucionar o mercado fonográfico! - ele deu uma risada exagerada e a chamada travou um pouco.
- O quê é? - franzi o cenho achando graça, mas curiosa.
- Novo estúdio móvel da Jam House com captação de imagens! Vai dar até pra fazer diário de gravação durante turnê! - Dan saltitava no camarim onde estava.
- Aprovado pelo Scott? - perguntei sabendo já a resposta. Scott Miller deixava Dan Summer fazer o que quisesse.
Quando ele confirmou, me uni à empolgação. Era realmente um serviço interessante pra um estúdio fazer, nenhum outro do ramo prestava esse serviço.
Depois dele me explicar os detalhes do novo negócio, eu passei pelo estúdio um pra gastar meu tempo livre.
E quem tinha que estar lá? A 5SOS, claro.
Acenei pra Ash, Mike e Cal, mas Luke não se virou pra mim, mesmo quando um dos amigos o cutucou para avisar que eu estava por ali.
Tentei não me sentir ignorada. O que estava acontecendo? Eu tinha feito algo de errado?
Os vi gravar uma música que talvez entrasse para o próximo álbum, que ainda não tinha nome, e fui embora sem me despedir, já que pareciam estar concentrados em algo importante.
Já em casa, a intervenção de Luke no meu trecho de música parecia um ponto final para aquela canção.
Então eu não ia escrever sobre ele. Eu não ia escrever sobre a forma como ele me olhava enquanto se preparava para tirar minha roupa.
Me incomodava pensar que, se ele quisesse, eu o deixaria tirar mais ainda de mim. Talvez tudo.
"Take all of me" rabisquei o trecho na folha.
Eu não permitiria que as viagens de vai e vem dele deixassem marcas no asfalto.
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Lover of Mine | Luke Hemmings
FanfictionUm acidente premeditado é uma execução? Eu deixei que ele me usasse desde o dia em que nos conhecemos. Fui um colo para descansar, um segredo pra manter... uma história pra contar. E nunca poderia ser mais. Luke Hemmings foi a minha maior adrenalin...