Capítulo 12

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Poderia ter sido uma pergunta simples para qualquer um que ouvisse, mas não pra mim.

Com o efeito da bebida já não tão forte, não seria bom para ninguém que eu pensasse nos porquês dos meus medos.

No porquê desse medo.

Eu não queria que Luke me visse assim, com meu terror no máximo, embora eu fosse a minha atual versão com ele no mínimo, mas nunca ausente.

Queria que, independente do tempo que ele passasse por aqui, fossem lembranças leves, sem qualquer sentimento extremo, agitação ou o que fosse. Não queria que Luke mexesse nessa ferida. Ele não ia gostar da vista.

Ele apoiou o copo na mesinha de centro e esperou, me olhando.

Eu não disse nada até que ele desistisse e subisse as escadas depois de me dar um sorriso compreensivo.

Fui atrás dele logo depois. Subindo as escadas, pensei em trocar de roupa e ir dormir no quarto do meu pai para dar privacidade à Luke.

Na verdade, para me dar privacidade.

Entrei no meu quarto e Luke estava deitado na minha cama.

- Desculpe. - ele disse.

- Pelo quê?

- Por te fazer perguntas que você não quer responder. - ele parecia chateado consigo mesmo.

- Você anda pedindo muitas desculpas.

Luke suspirou.

- As coisas que eu tenho feito ultimamente podem machucar pessoas com as quais eu me importo.

Senti que ele me encarava enquanto eu estava de costas pegando uma roupa no armário.

- Então por que você está fazendo essas coisas?

Silêncio.

- Eu não consigo evitar.

- Claro que consegue, a gente sempre tem escolha. - falei como quem passava uma receita de bolo.

Luke suspirou ruidosamente.

- Escolher errado está parecendo certo, escolher certo está parecendo errado.

Virei pra ele.

- Então se tire dessa posição. - praticamente ordenei.

Falei aquilo como o exemplo mais descarado de quem não consegue seguir os próprios conselhos.

Eu conhecia a força que era necessária para fazer escolhas. O quão duro era mover um músculo para entender que sequer havia saída de certas situações.

Minha hipocrisia borbulhou no meu estômago.

Luke me olhou com uma pequena expressão de surpresa. Teria passado despercebida se eu já não tivesse gravado todos os movimentos do rosto dele.

Sim, eu tinha.

Algo novo passou nos seus olhos. Meu estômago sentiu de novo.

- Eu vi você e o Sam na cozinha. - Luke disse com uma nota de perturbação na voz.

Droga. Eu sabia.

- Qual o problema?

- Nenhum.

Silêncio.

- A Sierra foi contigo na turnê. - joguei.

- Isso foi uma pergunta?

- Não.

Ele se sentou incomodado enquanto eu me segurava para não cruzar os braços intimidando ele.

- Você está com ciúme da minha namorada? - a expressão no rosto dele era confusa.

- O quê? - usei a minha melhor expressão de surpresa.

Como ele ousava?

- Está? - ele insistiu.

- Por que estaria? Você está com ciúme do Sam? - ataquei de volta.

Luke se levantou rápido e foi até a janela, onde respirou fundo e se virou de volta pra mim, colocando as mãos nos bolsos.

Foi menos de um minuto, mas pareceu quase uma eternidade até que ele dissesse alguma coisa.

- Ele quase te deixou nua em cima da mesa - ele falou com a voz muito mais calma que a minha, pausando bem as palavras.

Então ele realmente tinha me visto bastante.

- Você está com ciúme? - o provoquei.

- Não. - ele negou com as palavras e com a cabeça.

- Ótimo. Porque você não deveria mesmo. - abracei a roupa que tinha acabado de pegar.

- Não, eu não deveria.

Pensei que logo viria um pedido de desculpas. Mas não veio.

Me odiei por ter feito daquilo quase uma briguinha de casal. Lá se foi por água abaixo a passagem agradável que eu queria que ele tivesse na minha vida, e que eu tivesse na vida dele.

Estávamos estragando tudo.

Eu ia me dirigindo pra fora do quarto. Mas fiquei.

- A gente está estragando tudo, mesmo quando tudo que a gente tem é nada. - deixei no ar.

Ele fechou os olhos e jogou a cabeça pra trás.

Será que a confusão em mim também acontecia nele?

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora