"You are so brave and quiet I forget you are suffering"Ernest Hemingway
Depois da noite da tempestade, eu parei de pensar tanto sobre os dias que passei com Luke. Era meio bobo procurar significado naquilo.
Ele estava tirando suas folgas comigo e eu com ele. A gente comia, via filme, conversava. E até começamos a ver uma série juntos, o que gerava uma espécie de comprometimento dele em aparecer na minha casa para que déssemos continuidade na maratona.
A banda saiu para uma pequena turnê de divulgação naquela semana, e eu continuei a minha vida normalmente. Claro, agora eu tinha uns momentos fora da curva durante o dia: Luke e eu trocávamos mensagens.
"Tá acordada?"
Eram 8h da manhã de um sábado. Quando foi que a gente começou a se dar tão bem?
"Infelizmente. Onde você está?"
"Em algum lugar do sudeste asiático. Vamos para algum lugar na Europa amanhã. Mas não é sobre isso que eu queria falar :)"
"Ok. Sobre o que quer falar?"
"Me passa o número do seu pai"
"Que?"
Amiguinhos eles.
"Passa aí. Eu prometi mandar umas receitas da minha mãe à ele"
"Você realmente tá com falta do que fazer né?"
"Um pouco, mas a razão é que eu sempre cumpro as minhas promessas"
"Ok, cumpridor de promessas"
Enviei o contato e desci para poder tomar café da manhã.
Contei ao meu pai sobre a conversa com Luke e falamos um pouco sobre a nossa semana.
Ele contou sobre uma noite jogando boliche com os amigos e sobre ele e John indo jantar depois. Eu sempre notei a forma como meu pai falava do melhor amigo, mas nunca quis tirá-lo do armário, caso ele estivesse de fato lá.
Apenas ouvia sobre as aventuras dele e ficava me perguntando quando foi que ele descobriu que tava apaixonado pelo melhor amigo, mesmo que ele ainda não soubesse disso. Talvez ele nem tivesse confessado pra si mesmo. Aquecia meu coração saber que ele podia ter essa relação de cumplicidade com alguém, mesmo depois da minha mãe.
Ele levou tempo para superar ela, mas sempre fez questão de se mostrar forte na minha frente. Às vezes eu queria que ele tivesse mostrado alguma vulnerabilidade para que eu pudesse consolá-lo. Estava ok se sentir mal. Eu me sentia mal o tempo todo durante um período da minha vida.
Meu pai me via reagir mal às coisas ao meu redor desde o fatídico dia em que a vida da minha mãe acabou, mas ele nunca me pressionou a ser feliz. Ele apenas tentava ser o exemplo perfeito de uma pessoa com boa saúde mental.
Enquanto eu remoía as coisas durante muito tempo, incapaz de deixar a pior das dores ir embora, meu pai era a resiliência em pessoa. Mas o motivo pelo qual eu me apegava até à dor era porque sem ela eu não sentia nada.
Se meus traumas me deixassem, eu ficaria vazia. Ficaria vazia porque não havia mais nada à minha volta pra sentir.
Nada podia ser tão intenso quanto o que eu tinha passado. E como eu já tinha sentido tanto, nada em volta era suficiente. Eu sempre fui racional quanto à isso. Sabia me manter no controle.
Bem, até certo ponto.
Era a médica e a paciente.
Eu precisava da dor para me sentir humana, para sentir que havia luz além daquilo. Sem a dor, eu saberia que não existia nada. E eu não podia pensar nisso.
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Lover of Mine | Luke Hemmings
FanfictionUm acidente premeditado é uma execução? Eu deixei que ele me usasse desde o dia em que nos conhecemos. Fui um colo para descansar, um segredo pra manter... uma história pra contar. E nunca poderia ser mais. Luke Hemmings foi a minha maior adrenalin...