Capítulo 7

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Aquela conversa com Luke sobre Ashton passou pela minha cabeça algumas vezes nas semanas que se seguiram, eu deveria ter esquecido isso já, afinal, tava bêbada.

A banda voltaria pra cidade em algumas horas, segundo a mensagem de Luke.

Fazia tanto tempo que eu estava acompanhando ele somente pelas redes sociais que cheguei a pensar que a presença física dele tivesse sido um surto meu.

Presumi que ele estaria com saudade de Sierra quando voltasse, então me surpreendi quando ele tocou a minha campainha no meio da noite, quando meu pai estavas prestes a sair pro plantão.

Parecia que Luke sempre adivinhava quando o meu pai não estaria em casa. Não que a gente fizesse algo que meu pai não pudesse estar presente, mas eu sabia que Luke só se abria porque estava sozinho comigo. Não sabia ao certo como ele reagiria com outra pessoa perto o tempo todo.

- Hey!

- Hey! - Ele disse entrando na sala logo depois de dar um rápido abraço no meu pai. Era curioso como eles se davam bem.

Eu recuei até encostar a parte de trás das minhas coxas descobertas no sofá.

Vê-lo de novo era como vê-lo pela primeira vez.

Sabe quando sua mente armazena certas situações como comuns, mas esquece as reações químicas no seu corpo? Bem, era isso. Eu tinha esquecido da reação química de ter Luke Hemmings, meu amigo secreto, por perto.

Não que eu entrasse em colapso perto dele, mas havia uma inquietação que antecedia a sua chegada. Uma ansiedade quando ele me olhava silencioso, uma surpresa quando eu o via ao vivo e a cores.

E que cores. Desde as órbitas azuis de seus olhos até o dourado brilhante em sua cabeça.

Mas eu sabia que não era nada mágico. Era química.

Será que retomaríamos de onde paramos?

Aliás... onde paramos?

Luke estava me olhando da porta mordendo a parte de dentro da bochecha. Meu pai já tinha saído com o carro.

- Seu cabelo cresceu - ele me inspecionou de longe para notar se algo mais tinha mudado.

- O seu também - respondi encostada no sofá ainda sem saber como deveria recebê-lo.

Ele parecia um pouco sem jeito, assim como eu, também não sabia onde tínhamos parado.

Luke se aproximou e me abraçou pela cintura. No mesmo segundo, fiquei nas pontas dos pés para abraçá-lo na altura do pescoço.

Encostei minha cabeça entre meu braço e sua nuca. O cheiro era... muito bom. Aquele amadeirado que eu tinha sentido no estúdio, com um mix de banho recém tomado. O cheiro dele.

A gente nunca tinha se abraçado assim, além do dia da tempestade. Aquela noite eu estava tão fora do ar que não dei a devida importância ao momento.

Mas ali, em um abraço diferente, percebi que eu havia sentido saudade dele.

Luke me apertou mais um pouco e me tirou do chão. Meu corpo ficou tenso e aliviado ao mesmo tempo. Abraços longos eram território desconhecido pra mim.

Mantive meu nariz perto da orelha dele enquanto ele me carregava até o sofá e me colocava deitada no mesmo. No segundo que ele me soltou, vi nos seus olhos algo que não tinha visto antes. Foi rápido demais para eu pensar em qualquer coisa. Então, Luke apenas sentou e começou a massagear meus pés como se não tivesse notado aquele segundo quase imperceptível.

Eu olhei em volta tentando não pensar muito.

- Vai dormir aqui? - perguntei tentando cortar o ar que começava a pesar.

Ele pensou, calado, olhando uma foto minha de infância que ficava presa na parede atrás da TV.

- Se estiver tudo bem pra você.

- E... Sierra?

Ele suspirou baixo.

- Ela passou o último mês comigo. Consegue passar uma noite sem.

- Ah.

Eu não sabia. Não sabia que ela tinha ido na turnê com ele. E Luke também não tinha contado.

Todo aquele tempo.

A gente nunca falava dela, principalmente porque as vezes em que a gente estava junto eram sempre momentos pós briga dos dois, quando Luke estava, com certeza, sem cabeça pra isso.

Eu não iria pressioná-lo perguntando o que quer que fosse.

Luke puxou minha perna e apoiou meu tornozelo no seu ombro para massagear a minha panturrilha.

Nossos olhares se encontraram e se demoraram um no outro, cúmplices. Combinamos de encerrar o assunto ali.

Eu não sei se deveria deixá-lo ter tanta liberdade sobre o meu corpo. Mas era só uma panturrilha, não era?

- Quer assistir um filme? - peguei o controle que estava na altura da minha mão, no canto do sofá.

- Ok - ele respondeu num sussurro dando um pequeno sorriso cansado.

Lembrei que ele devia estar exausto da viagem de volta, ele iria dormir no meio filme.

Ele me pediu para sentar para que ele fizesse a massagem nas minhas costas, dessa vez.

Luke colocou meu cabelo para a frente do meu corpo e passou a mão por debaixo da minha blusa. Eu senti que estava mais sensível ao toque dele subindo os dedos pela minha coluna.

Resolvi passar a blusa sobre o pescoço, mesmo que estivesse sem sutiã. Segurei a blusa na parte da frente do corpo para cobrir meus seios.

Ele paralisou.

- Está tudo bem - eu o tranquilizei.

Na verdade, não estava tudo tão bem assim. Mas eu queria que as borboletas parassem de incomodar o meu estômago. Queria matar a ansiedade para que tudo ficasse completamente platônico entre nós.

Apertei o botão para ligar a TV e não fiz mais nada.

Meu corpo estava respondendo a cada pressão que as mãos dele faziam nas minhas costas.

Droga.

Fechei os olhos e deixei ele me proporcionar aquela sensação. Absorta no momento, eu quase não notei a aproximação dele na minha nuca.

Foi quando a respiração quente de Luke me arrepiou.

As suas mãos pararam. Eu senti o seu perfume e meu corpo acendeu, completamente inerte.

Ele encostou o nariz ali, sentindo o meu cheiro.

Pensei nas mil coisas que poderiam acontecer, e nas duas mil coisas que não poderiam acontecer de jeito nenhum.

O pensamento era inevitável.

Droga. Mil vezes droga.

Luke apoiou a testa no meu ombro, num movimento frustrado, mas suave.

Eu acompanhei a frustração dele.

- Me desculpe - ele disse.

- Pelo quê?

- Por tudo.

- Por ter sido um babaca naquela primeira noite? - eu praticamente sussurrava.

- Também.

- Ok. Por mais o quê?

Ele não tinha mais nada pra se desculpar, mas eu sentia que ele queria aquele momento.

- Pelo que ainda vai acontecer.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora